A CIÊNCIA CRISTÃ:
Sua Revelação Divina e Aplicação Humana
JULES CERN
Parte 04
A verdadeira salvação
Com efeito, a Ciência Cristã crê na salvação e no-la proporciona: a salvação como realmente é, e não como em geral se acredita que ela seja. Seu trabalho não se funda na esperança de uma futura melhoria do que é humano, mas na realidade da perfeição espiritual sempre presente. Sem dúvida, seu efeito natural é o que se chama de melhoria do que é humano. Mas o seu Princípio é a eterna perfeição de Deus e do homem. Quando estamos cônscios do fato de que a identidade do homem é espiritual, já não somos manejados pela aparência ilusória de que a identidade do homem é física. Por consequência, a verdadeira salvação não consiste em salvar um mortal de alguma coisa contrária à natureza de Deus. Mas consiste, isto sim, em libertar o pensamento da crença de que a identidade do homem seja mortal, ou de que existe de fato alguma coisa dessemelhante da natureza de Deus.
Quando abandonamos mentalmente o conceito mental de identidade, não abandonamos a identidade, mas abandonamos tão-somente uma concepção falsa, limitada, acerca da identidade do homem. Isso não nos priva a nós, nem a ninguém, de vida, de amor ou de existência. Isso liberta o pensamento de um conceito finito, variável, limitado, a respeito da vida, do amor e da existência.
Não há vácuos na infinidade da Vida divina e em sua eterna presença. Ninguém pode estar cônscio da presença eterna e ilimitada do Amor e, ao mesmo tempo, sentir carência de Amor. Ninguém pode estar cônscio da presença eterna e ilimitada do bem e, ao mesmo tempo, sentir-se privado do bem. A Sra. Eddy o afirma claramente nesta passagem de seu livro Ciência e Saúde (p. 336): “O tudo é a medida do infinito, e nada menos pode expressar Deus.” Não pode haver estreiteza no infinito.
A aplicação humana da revelação divina
A alegria que o estudo da Ciência Cristã proporciona não provém somente de sua revelação divina, mas também de sua aplicação prática, humana. Vejamos como se pode aplicá-la nos afazeres de cada dia.
Numa tarde de outono, um estudante da Ciência Cristã levou uma moça a um jogo de futebol, no Texas. Sentado atrás deles achava-se um grupo de homens e mulheres tomando bebidas alcoólicas em excesso. O homem que estava sentado logo atrás da moça derramou-lhe um pouco de bebida no casaco. O Cientista Cristão lançou um olhar frio sobre o beberrão, e este, por sua vez, o olhou da mesma forma. Dentro de poucos minutos o beberrão derramou mais um pouco de bebida no casaco da jovem. Desta vez, o Cientista Cristão voltou-se para ele e verberou-lhe energicamente o procedimento. E passaram a trocar algumas palavras ásperas quando, de súbito, o Cientista conseguiu controlar o seu próprio pensamento e perceber que estava fortalecendo a crença de que o homem é um mortal, em vez de rejeitá-la; que estava a combatê-la, em vez de reconhecer-lhe a irrealidade. Desde o começo ele se irritava ao ver os outros homens beberem. Segundo sua maneira de pensar, tal coisa era grosseira e repulsiva e, por isso, agora, ela lhe apareceu, grosseira e repulsiva, em sua experiência. Seu modo errôneo de pensar sobre tal coisa o pôs em contato direto com ela, e então só o pensar correto poderia tirá-la de seu caminho. Ele abriu seu espírito à verdade acerca da identidade real do homem e, assim, de imediato, lhe veio a iluminação. Fez o seguinte raciocínio: A Mente divina é a única Mente que existe, aqui mesmo. E a ideia espiritual perfeita da Mente divina é o único homem que existe, aqui mesmo, agora mesmo. O homem não é um mortal, bêbado ou sóbrio. O homem é imortal e absolutamente espiritual. É livre, e isento de qualquer influência que não seja a do Amor divino. Está sujeito somente ao bem, está exposto somente ao bem, é atraído somente pelo bem. A individualidade real do homem não pode decair de sua perfeição e harmonia.
Mal acabou de compenetrar-se desses pensamentos, viu o homem que estivera bebendo levantar-se e sair. Uma hora depois este voltou completamente sóbrio. Seus amigos lhe perguntaram onde estivera, e ele lhes respondeu: “Estive lá em cima, onde pude ficar longe de toda essa bebedeira a que vocês se entregam.” Com profunda gratidão, o Cientista voltou-se para ele e foi saudado com um sorriso amável, um cordial aperto de mão e esta pergunta extremamente texana: “Está tudo bem, companheiro?” E lhe foi assegurado que tudo estava muito bem.
Diz-nos a Bíblia que, “Sendo o caminho dos homens agradável ao Senhor, este reconcilia com eles os seus inimigos” (Pv 16:7). Este é o penhor bíblico de que quando o pensamento é iluminado com a compreensão de que a Mente divina é tudo, já não é mais obrigado pelo medo a crer que exista uma mente mortal, ou muitas mentes, boas ou más, favoráveis ou contrárias a alguém. Isto se aplica à crença de que existem muitas mentes, tanto no campo internacional, quanto no local.
A verdadeira oração
A esta altura talvez se tenha tornado evidente que a oração, na Ciência Cristã, é algo mui diferente do conceito popular de oração. A verdadeira oração não é uma tentativa de lembrar a Deus que cuide de nós. É um lembrete a nós mesmos de que Deus, a Mente única, que a tudo ama, jamais cessa de manter e sustentar a perfeição de Sua ideia amada: o homem espiritual e o universo espiritual. Talvez pareça que a oração nos leva para mais perto do Amor divino, mas na realidade, ela nos desperta a consciência de nossa unidade com o Amor divino. A oração não é uma lamuriosa súplica de melhores coisas materiais ou condições físicas sadias. Quando realmente em oração, o homem sente-se alegre e livre da crença de que exista alguma espécie de matéria ou corpo físico, doente ou sadio. A verdadeira oração é reconhecimento espiritual, e não uma súplica humana. É a humilde, discreta e sincera aceitação da verdade relativa ao ser, isto é, do fato de Deus ser tudo e de o homem ser feito à semelhança de Deus.
Haverá melhores exemplos de oração do que os que Cristo Jesus nos deu? Ele nunca se desviava da Verdade absoluta, em sua prática da verdadeira oração. Ele disse à mulher que havia suportado uma enfermidade durante dezoito anos: “Mulher, estás livre da tua enfermidade” (Lc 13:12). Não disse que ela seria libertada, ou que ele oraria pela libertação dela. Jesus estava sempre em oração, sempre em atitude de reconhecimento espiritual. Seu reconhecimento da verdadeira individualidade daquela mulher, como ideia espiritual perfeita de Deus, permitiu-lhe afirmar, com autoridade divina, que ela já estava livre, sempre isenta de doença. E ele o disse antes que parecesse ter ocorrido a cura. Ele sabia que ela estava sempre livre de enfermidade mortal, pois a viu como inteiramente espiritual, sempre livre da personalidade perecível. Jesus não suplicou a Deus que a transformasse de mortal enferma em mortal sadia. Sua oração consistia em perceber que o lugar onde parecia haver um mortal, enfermo ou sadio, já estava, e sempre estará, como todos os lugares, preenchido com a perfeita onipresença da Vida.
Continua…>