Allen White
JEJUM FINAL E DEFINITIVO
Allen White
Para nos desvencilharmos rapidamente das alegações errôneas sugeridas pela mente carnal, podemos utilizar, no autotratamento, meditações contemplativas do tipo:
“Acabei de receber informação sobre alguém com um problema. Porém, isto não se refere a alguma pessoa. Tampouco é algo relacionado com a pessoa. Todo ser que existe, é DEUS INDIVIDUALIZADO. Assim , a informação que me veio não passa de uma sugestão. Uma “tentação” no sentido de que eu venha a acreditar na existência de “alguém” separado de Deus. Não me deixarei enganar! Somente considerarei a verdadeira existência de Deus, aparecendo COMO ser individual.”
Desse modo, pelo reconhecimento interno de que apenas nos defrontamos com uma “imagem hipnótica”, sem realidade, sem substância, puro NADA, contemplamos intuitivamente com, os “olhos espirituais”, a Identidade Divina da pessoa em questão. Não vamos resolver problema algum de saúde, financeiro, moral. Antes, reconheceremos que DEUS É ONIPRESENÇA E INFINITUDE! Não há, no universo inteiro, “espaço para ser ocupado por imperfeição”, já que Deus é onipresente e infinito. Ponderamos a esse respeito durante o autotratamento.
3. CADA PROBLEMA QUE PARECE ENVOLVER ALGUMA PESSOA OU CONDIÇÃO SERÁ RESOLVIDO “DENTRO DE NÓS”.
O chamado “problema” nunca será solucionado pela “mudança da outra pessoa”. Iremos resolvê-lo DENTRO DE NÓS. Eis por que damos ao “tratamento” o nome de AUTOTRATAMENTO. Jamais devemos dizer que ” a pessoa está hipnotizada pela crença coletiva”, ou que “ela está na ilusão”. Se assim achamos, estamos endossando a ilusão. Devemos, imediatamente, dar o “autotratamento”, isolando mentalmente a pessoa por completo do problema, conforme dissemos anteriormente. No ensinamento de O Caminho Infinito, este é o princípio de “impersonalização da ilusão”.
4. MANTENDO A MENTE TOTALMENTE OCUPADA COM A VERDADE DO SER, FICAREMOS DIANTE DO QUADRO MENTAL (MUNDO VISÍVEL) COMPLETAMENTE DESCONTRAÍDOS, SEM TEMÊ-LO E SEM ODIÁ-LO. NESTE PONTO, SABEREMOS QUE O CENÁRIO VISÍVEL É “MIRAGEM”, PURO “NADA”.
Quando estamos conscientes de que o “quadro” a nós trazido pela mente humana é “miragem”, sem qualquer poder sobre nós, sua nulidade será constatada. O Caminho Infinito dá a este princípio o nome de “nadificação da ilusão”. Trata-se de uma postura neutra diante do quadro visível apresentado, em que nos colocamos convictamente apoiados na Verdade: Deus constitui o Ser individual. Deus constitui o nosso Ser individual. Deus constitui o Ser individual de todas as pessoas.
“Isto não é o que aparenta ser:
5. O AUTOTRATAMENTO NÃO TERMINA COM A MUDANÇA OCORRIDA NA “OUTRA” PESSOA, MAS QUANDO SENTIRMOS A SOLTURA DA CRENÇA FALSA DENTRO DE NÓS.
Não devemos ficar voltados a verificar se houve alterações nos demais, o que seria simplesmente voltar a buscar impressões baseadas na crença humana. O praticista da cura espiritual busca somente uma “impressão interna”, um sinal revelador de que “a obra está feita”. SOMENTE DEUS EXISTE!
Qual é a alucinação? O Reino divino ou o mundo humano? A Bíblia nos mostra Jesus sempre sendo contestado pelo mundo. Mas a Verdade revelada por ele, ultrapassando todos os obstáculos, está AQUI, e à espera de um simples reconhecimento de nossa parte. Os fariseus disseram a Jesus:
“Tu testificas de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro”. E tiveram por resposta: “Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou. Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo. E, se na verdade julgo, o meu juízo é verdadeiro, porque não sou eu só, mas eu e meu Pai que me enviou (…) se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai”.Se nos descuidarmos, pareceremos estar contemplando e orando com a ideia de que “se me conservar elevado, no próximo ano estarei bem mais iluminado, e as coisas serão bem melhores do que estão sendo neste ano”. Isso é mentira. Contemplar a Verdade não é se tornar espiritual nem sofrer algum tipo de progresso. Deus não progride rumo a Si mesmo. Você é outro?
A contemplação é a ação natural da Consciência considerando a Si mesma. Sim, com efeito, nós começamos com palavras (uma base dualística); porém, em certo ponto elas param de ser necessárias.
Voltemos àquelas palavras: VIVA COMO VERDADE JÁ SENDO VERDADEIRA. Amado, você já está no reino do céu como o reino do céu. Exatamente em seu quarto, é o paraíso. Você está reconhecendo este fato? Tem considerado o seu significado? Exatamente em seu quarto, a Perfeição imutável já é a única Evidência. A Vida atemporal, sem idade, sem morte, está exatamente ali como a única Vida e a totalidade daquele recinto. Antes que você role da cama, mais Amor do que o coração humano pode suportar, está presente. Se você fosse humano, isto seria um problema.
Frente ao fato, a VIDA (a inteireza dela), sendo Deus, não pode obter qualquer melhora. Compreendendo isso, nenhuma melhora será desejada ou requerida. O primeiro passo, para viver a Verdade como já sendo verdadeira, é reconhecer que ELA É VERDADEIRA AGORA. Os demais passos cuidarão deles mesmos.
Se existe algum mal humano aqui, algum pecado, ódio, inveja, ciúme ou malícia, o que é dele? Ele não é pessoa nem poder. Ele não pode ser manifesto; e, portanto, tem que morrer pela sua própria nulidade. Ele é temporal e impessoal; jamais possui uma pessoa em quem ou através de quem possa se manifestar. Ele é o “braço de carne”, ou o nada.
O amor divino, não o amor humano, é o único poder operando neste lugar em que Eu estou. A sabedoria divina, não a inteligência humana, é o único poder operando em minha vida.
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Sem acharmos ser boa ou má cada aparência, os acontecimento serão vistos como “desdobramento mental” da Essência consumada, onde nos manteremos na percepção de Jesus: “O Pai em mim faz as obras”. Esta aparente “troca de referencial” é, na verdade, uma tática para nos mantermos no referencial absoluto, uma vez que este ser da aparência, que “interage” no suposto mundo visível, é ILUSÃO. Como somos a Essência una e perfeita, se assim agirmos em nosso dia-a-dia, viveremos conscientes de que a nossa atuação visível “simplesmente É”, sem ficarmos julgando as coisas como boas e más.
Se estudamos a Verdade, o verdadeiro, para nós, é unicamente a Perfeição do Reino da Verdade; o que estou expondo é como não perder esta visão durante o dia a dia. Para isso, vou dar um exemplo. Se pretendermos fazer um passeio de carro e, logo que iniciarmos este passeio, o veículo apresentar algum defeito, a pessoa sem este estudo irá pensar: “Que azar! Dar esse defeito exatamente agora!” Entretanto, se ela entender que “tudo é um” e que a Perfeição é permanente, esse tipo de julgamento ficará mudado para outro tipo de pensamento: “Quebrou o carro! Nada acontece por acaso! Algo espiritual está se desdobrando e envolvendo pessoas que, na essência, estão sempre unas comigo!” Essa é a forma correta de entendermos os acontecimentos! Não serão bons nem maus em função do que a mente humana pensa! Todos serão instrumentos de desdobramento da Harmonia eterna!
Devemos sempre ter conosco alguns artigos sobre a Verdade, e também o endereço do site já pronto em papéis, para passarmos àqueles que, por algum motivo, se envolvem conosco em nosso cotidiano. Os encontros, como foi dito, não são por acaso. E as situações não são nem boas nem más – elas simplesmente são! Desse modo, estaremos entendendo espiritualmente os fatos, e nessa compreensão, a Verdade vai sendo transmitida através de nós. Além disso, nesta visão elevada, deixaremos de acreditar que aborrecimentos são realidades, evitando, assim, que a frequência mental se torne negativa.
Nosso mundo é a exteriorização de nosso estado de consciência; o que semearmos, colheremos. Se semearmos na carne, colheremos corrupção: pecado, doença, morte, falta e limitação. Se semearmos no Espírito, colheremos a vida eterna. A palavra “semear” pode ser interpretada como “ser consciente de”. Se estivermos conscientes de que o reino espiritual é o real, enquanto aquele testemunhado pelos cinco sentidos é sem poder, temporal, o “braço de carne”, estaremos semeando no Espírito e colheremos harmonia no corpo, na mente, no bolso e nos relacionamentos humanos. Se continuarmos a temer o ”homem em cujas narinas há um sopro”, se continuarmos a temer infecção, contágio e epidemias, estamos semeando na carne; por sua vez, se percebermos que todo o poder está no invisível, estaremos semeando no Espírito, e colheremos a harmonia divina.
O Meu reino, o Cristo-reino, é o real, e ele é poder. Tudo que nós vemos, ouvimos, provamos, tocamos e cheiramos, o reino temporal, é a ilusão, e não é poder.
O caminho espiritual é o solo de treinamento onde nós adquirimos a convicção de que o mundo temporal está apresentando meramente um quadro de poder temporal, e poder temporal não é poder. O Invisível, somente, é poder; o Invisível que constitui o Eu que realmente somos.
Vamos considerar aquela ideia em relação ao nosso corpo. Porque nosso corpo é visível, não existe poder nele; ele não pode ser saudável ou doente; o poder está no Eu que nós somos. Se acreditarmos que este corpo tem poder, estaremos dando poder ao universo temporal. Olhando para o mundo finito e para o corpo finito, poderemos mudar inteiramente a nossa experiência pela conscientização:
PERDEMOS O ALTO SIGNIFICADO DE ONIPOTÊNCIA, QUANDO, DEPOIS DE ADMITIRMOS QUE DEUS, OU O BEM, É ONIPRESENTE E TEM TODO O PODER, AINDA CREMOS QUE HAJA OUTRO PODER, CHAMADO O MAL.
Mary Baker Eddy
(Ciência & Saúde – p. 469)
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E ao sentarmo-nos ao lado de uma pessoa doente, conscientizando: “Eu não dou poder a essa doença, a esse pecado ou falso desejo. Isto é poder temporal, ou seja, não é poder, e eu não acreditarei nele”, iremos notar a sua melhora, e saberemos ter comprovado, mesmo em pequena escala, que o poder temporal não é poder sob qualquer forma.
A vida espiritual não nos leva a vencer o mal, mas ao reconhecimento da natureza do mal: o mal não tem nenhuma direção de Deus; o mal não tem nenhuma lei de Deus para mantê-lo; o mal não tem nenhuma Deus-existência, Deus-objetivo, Deus-vida, Deus-substância ou Deus-lei: ele é temporal, o “braço se carne”, ou o nada.
Enquanto orarmos para que um poder divino vença o mal, estaremos resistindo a ele, mas se estivermos ancorados na verdade, repousamos na realização de que essa coisa que nos encara é uma miragem, não um poder, e que não precisamos temer o que o homem mortal nos possa fazer ou o que ele possa pensar ou ser. Todo o temor do poder mortal é dissolvido – poder temporal, poder material, leis de infecção ou contágio, calendários ou idade – porque sabemos que nada do reino dos efeitos é poder. Todo poder é invisível, e o que está aparecendo a nós como poder é uma imagem mental no pensamento, um quadro, um conceito errado de poder.
O conhecimento dessa verdade nos torna livres; mas, enquanto a estivermos conhecendo, nossos pensamentos e ações devem estar de acordo com a verdade que estamos conhecendo. Não podemos negar o poder do efeito e logo no minuto seguinte cedermos a ele, ou falando claramente, não podemos negar o poder do efeito e depois odiar ou temer alguém, já que ele é parte daquele efeito.
Se formos incapazes de fazer isso em cem por cento, ou se ocasionalmente falharmos, não devemos ficar desencorajados. É quase impossível alguém mudar da noite para o dia de um estado de consciência material para um estado de consciência espiritual, ou tornar-se integralmente ou totalmente espiritual após somente um ou dois anos de meditação.
Sejamos agradecidos ao fato de que, após termos posto os pés no caminho espiritual, passamos a viver dessa maneira, atingindo em alguma medida aquela “mente que estava também em Cristo Jesus”, e, nessa mesma medida, embora pequena, demonstrando externamente seus frutos. Não estamos na expectativa de atingir a Cristicidade de um único salto, mas de ir atingindo aquela Mente Crística pela dedicação diária a esse tipo de prece e meditação. Ao visualizarmos o universo temporal, deveremos conscientizar:
Meu reino é a realidade. Isto que meus olhos veem
e meus ouvidos ouvem é uma contrafação superposta, não existente como um mundo, mas como um conceito,
um conceito de poder temporal.
O Meu reino está intacto;
o Meu reino é o reino de Deus;
o Meu reino é o reino dos filhos de Deus;
e o Meu reino está
aqui e agora.
Tudo que existe
como um universo temporal é sem poder.
Não preciso odiá-lo, temê-lo ou
condená-lo; preciso somente
compreendê-lo.
Quem souber se isolar das “aparências”, assim como um caminhante se move livre, sem se envolver com as mudanças em sua sombra projetada no chão, estará praticando a Verdade. Com a mente voltada a SI MESMO, e não mais às crenças no tempo e em mudanças, estará sendo a Mente que é Deus, e reconhecendo unicamente o que é realidade aos olhos de Deus.
O esforço físico e mental, e finalmente a intenção de usar Deus para dominar os males deste mundo, deve falhar, porque eles não são poder e não precisam ser vencidos. Unicamente a nossa aceitação da crença universal de que o mal é poder é que pode provocar nossa permanência prolongada nas condições malignas. No instante em que aceitamos a Deus como Onipotência, nosso problema começa a desaparecer.
Quando percebermos que o Cristo-reino não é deste mundo e ainda que aquele Reino é o único poder no mundo, então, quando formos apresentados a uma aparência do mal, não importando o que ou quem possa ser ela, nós pararemos e nos perguntaremos: “Isto é poder espiritual? Esse mal é poder de Deus? Pode haver um poder do mal vindo de Deus? Tal pretensão de poder não é, portanto, apenas poder temporal?”
O ensinamento integral do Mestre foi a revelação do não-poder do que aparecia como poder. Ao homem cego, ele disse: “Abre teus olhos”; sabia que não havia poder para mantê-los fechados. Ao homem de mão mirrada, ele foi capaz de dizer: “Estende tua mão”; sabia que não existia um poder que tolhesse a mão dele. O ministério inteiro de Jesus foi a revelação de que o chamado “este mundo”, enquanto existir, – e lhe foi dada a missão de dissolvê-lo – não existe como poder, existindo tão somente como uma aparência. Esta realização nos possibilita ficarmos sentados em quietude e em secreto, discernindo:
O mesmo se dá na suposta vida humana, quando a pessoa contempla a Verdade. A sua vida humana de até então, que aparentava ter sua afinação, ou certa estabilidade, se vê tumultuada transitoriamente. O padrão de harmonia, até então vigente, começa a se desmoronar para dar lugar à harmonia mais condizente com a Realidade divina estudada e contemplada. Se a pessoa entender este processo, não irá pensar que “as coisas pioraram, em vez de melhorarem”, após ela ter iniciado sua dedicação à prática dos princípios espirituais. Como foi dito, a atuação da Verdade em suas crenças anteriormente aceitas fará “desafinar” temporariamente sua vida na aparência, para que a afinação desejada apareça em seguida, em forma de um padrão de vida mais elevado, se comparado com o de até então.
Acredita-se que a matéria é real! E, acredita-se que o homem é um ser material sujeito às sugestões do bem e do mal com que é bombardeado o tempo todo pelas crenças coletivas dualistas, e que contam com o seu endosso interno.
“A matéria não existe!” Aqui está revelado o axioma-básico de demonstração da Ciência Cristã. Não é uma revelação para ser somente lida! Estamos ainda acreditando em matéria? Nesse caso, se quisermos pôr em prática estes estudos, teremos de reavaliar esta aceitação, expulsando em definitivo esta ideia errônea.
“O Espírito é infinito; logo, o Espírito é tudo!” Esta asserção nos obriga a aceitar que “não existe matéria”. Ocupemo-nos em reconhecer e perceber estas Verdades! Estaremos, desse modo, “trabalhando pela comida que não perece”, “ajuntando tesouros” que estarão protegidos de “traças e de ladrões”, e estaremos, de fato, “estudando a Verdade”.
Façamo-nos perguntas do seguinte tipo: Estou acreditando que “matéria existe”? Estou reconhecendo que, sendo o Espírito infinito, e, portanto Tudo, inexistem “problemas físicos” a serem sanados? Estas indagações, em períodos de silêncio e quietude, nos conduzem naturalmente à percepção do que é Verdade e do que é ilusão!
Gravemos bem: “a inexistência da matéria”, reconhecida, é o axioma-base da Ciência Cristã demonstrada.
Ao nos dedicarmos à busca desse reino espiritual, descobriremos nosso mundo exterior se ajustando em seu lugar por si mesmo; as coisas começam a acontecer; e, de repente, despertamos para a descoberta de que a graça de Deus nos tem trazido algo de natureza incomum na forma de cura, suprimento, companhia, ou de um instrutor para abrir os nossos olhos. Mas estes não vêm enquanto estivermos orando por eles. Surgem, não devido aos nossos pensamentos ou orações, mas pela retirada deles de nossos pensamentos, deixando Deus cuidar de nossas necessidades à Sua maneira, enquanto centralizamos nossa atenção naquilo que o reino realizado de Deus é. Todas as coisas duradouras do reino material nos são acrescentadas quando não oramos por elas, quando buscamos somente o Reino, quando nosso pensamento não está mais nas coisas “deste mundo”, mas está centralizado no reino espiritual.
Quando tivermos progredido o suficiente neste Caminho, seremos também tentados, como foi o Mestre, a usar o poder espiritual, e é quando precisaremos resistir à tentação de realizar milagres e sermos guiados pela sabedoria espiritual do Mestre, de não glorificar ou nutrir o ego. Se pudéssemos transformar pedra em pão, não precisaríamos de Deus, e nós, que trilhamos este caminho espiritual, preferimos ficar famintos a procurar nossos próprios recursos sem recorrermos a Deus. Seria trágico chegar ao ponto de acreditar termos atingido uma elevação tal em que Deus deixasse de ter mais lugar em nossa vida. Então, melhor que tentar realizar um milagre, que seria uma mostra de nosso poder, será deixarmos a tentação de orar mentalmente por pessoas, condições ou circunstâncias, e fazer de nossa vida uma prece de busca espiritual e graça espiritual e uma prece para compreensão da natureza das riquezas espirituais e preenchimento espiritual.
Que significa este preenchimento? Que significa “em tua presença está a alegria plena”? Como pode aquela plenitude ser interpretada e expressa? Que é a totalidade de Deus? Quando buscamos a compreensão desta sabedoria espiritual, todas as coisas nos são acrescentadas, aparecendo em seu devido tempo, sem os nossos pensamentos; precisamos apenas realizar tudo o que nos é dado fazer a cada hora de cada dia, e realizá-lo dando o máximo de nossa habilidade, mantendo a nossa mente centralizada em Deus, nas coisas de Deus e no reino de Deus.
Nós sabemos do que são constituídos o suprimento e a saúde materiais, mas que são as riquezas celestiais? Quais são as riquezas celestiais de que somos herdeiros e ainda não estamos compartilhando no cenário humano? Elas nada podem ter a ver com coisas tais como dinheiro, investimentos ou propriedades, porque “o Meu reino não é deste mundo”.
No caminho espiritual, portanto, não há sentido irmos ao “Meu reino” para obter algo para este mundo. Devemos, primeiramente, buscar o reino de Deus; devemos aprender a orar de forma que orando a Deus do Espírito, estaremos orando apenas por riquezas celestiais, saúde espiritual e companhia espiritual.
Enquanto estivermos tentando obter riquezas materiais, saúde física ou companhia humana, estas coisas poderão ser conquistadas, e serão às vezes bem e às vezes mal, pois, toda materialidade é feita da crença em dois poderes – o bem e o mal. Porém, se mantivermos nossa consciência afinada com a Realidade espiritual e conservarmos nossos desejos no plano do ser e da forma espirituais, iremos experienciar a alegria e a paz da unidade espiritual.
Procurar conhecer a natureza das riquezas celestiais, da saúde espiritual e da companhia espiritual, não significa buscar algo de natureza humana ou material; antes, significa repousar na Graça do Reino espiritual. A palavra “Graça” não pode ser traduzida por coisas como dinheiro, lar ou família. Precisamos manter o sentido da palavra “Graça” em seu devido lugar, e se este significado não estiver sendo entendido por nós, podemos sempre orar para que Deus revele Sua Graça para nós.
A libertação de problemas antes que tenhamos atingido a sabedoria espiritual meramente abre caminho para outro problema, ou sete problemas, até que sejamos compelidos a orar corretamente. Por exemplo, se uma dor de cabeça ou outro mal qualquer puder ser removido, sem nos exigir um avanço em compreensão espiritual, o que teremos ganho, senão apenas um período sem uma dor de cabeça? Mais cedo ou mais tarde, uma outra surgirá, e eventualmente, seremos forçados a parar e perceber que este problema permanecerá conosco sempre, a menos que seja encarado com a sabedoria necessária. Da mesma forma como Jacó discutiu a noite toda com o anjo, rogando que não o deixasse sem que ele antes recebesse sua iluminação ou a verdade espiritual necessária para vencer, assim também nós devemos permanecer em oração.
Somente os nossos problemas nos compelem a buscar o bem espiritual. Em sua maioria, os seres humanos estão satisfeitos com boa saúde, uma provisão suficiente e uma moderada felicidade na vida familiar, e quando tais necessidades são atendidas, muitos sentem que resta muito pouca coisa a ser desejada na vida. Mas, aqueles a quem foram confiados problemas , não por Deus, mas pela ignorância de Deus, e se veem forçados a passar por várias experiências, sabem que sem elas nunca teriam se erguido acima do nível de bons seres humanos.
Viver a vida espiritual e orar de modo correto significa pormos de lado o problema e começarmos com a realização de que o reino de Deus não é deste mundo, e assim se tornará inútil orar por algo que seja deste mundo. Vamos, portanto, aprender a orar por aquelas coisas que são do Meu reino, e buscar unicamente a graça daquele reino.
Nossa função, no caminho espiritual, é aprender em que consiste o reino de Deus. Isaías disse: “Cessai, pois, de confiar no homem, em cujas narinas há um sopro, porque somente Deus é que é o Excelso”. O ser humano é aquele homem “em cujas narinas há um sopro”. Por que deveríamos, então, pensar em formas de tornar aquele homem melhor, mais saudável ou mais rico? Por que pensar sobre ele, quando podemos pensar sobre o filho de Deus? Mas antes, precisamos saber o que é o filho de Deus.
Não force para ser “um com Deus”, o que seria desejar “aquecer o fogo”. A natureza do fogo é arder, a natureza de nosso ser é resplandecer! A Luz que somos é o Infinito Iluminado Se expressando aqui e agora! Contemple o fato consumado! Identifique-se diretamente com ele, sem rodeios e sem análises humanas! Jamais, por um instante sequer, você esteve sendo “outro”, senão Deus! Inexistem “outros” ao lado do Uno. DEUS É TUDO! Por isso, UM COM DEUS É DEUS!
Jesus diz: “Vinde a Mim, os que estão cansados e sedentos, e EU vos aliviarei”, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida…”, “Aquele que crer em MIM, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva… e ainda que ele morra, viverá”, “Se pedirdes ao Pai em meu nome, sereis atendidos”. Buda diz: “Aquele que crer em MIM e chamar pelo meu nome, será salvo e eu lhe mostrarei a Terra Pura”. Krishna diz: “Mas, quem de coração puro se voltar a MIM e fizer em meu espírito tudo quanto faz – quem renunciar a si mesmo e, dia e noite, firmado em MIM, me servir -, esse será salvo por MIM do tempestuoso mar da existência desse inconstante mundo do nascer e do morrer, porque buscou refúgio em MIM.” Deus é misericordioso demais! Só existe um EU. Este EU apareceu neste mundo como Jesus, como Buda, como Krishna e, por Revelação, está aparecendo também como cada vida existente, como cada um de nós. Possuímos o mesmo Espírito, a mesma Essência, porquanto no universo inteiro há um único EU, uma única Presença, uma única Vida. Esta é a Revelação. Os iluminados compreenderam esta Unicidade. Este EU único é o que tem aparecido através dos tempos para mostrar a humanidade o Caminho da Vida.
No livro “A Verdade da Vida, vol. 01”, o Professor Masaharu Taniguchi relata uma experiência mística/espiritual que de fato foi vivida por um homem que ele havia conhecido. Segue a transcrição do texto:
“O sr. Giichi Ano era um respeitável seguidor do Budismo. Mensalmente convidava um mestre budista e realizava uma reunião para que jovens e fiéis de sua vila pudessem ouvir boas palavras. Desde quando era jovem de uns 20 anos, pensava seriamente sobre o assunto “vida”. Quanto mais pensava, mais foi-se embaraçando nos indecifráveis sofrimentos humanos e chegou a um ponto tal de confusão, que pensou até em se matar, tamanha era sua seriedade. Ele era herdeiro de uma fábrica de molho de soja, por isso, do ponto de vista econômico , não havia propriamente que sofrer. E também não sofreu porque tivesse uma saúde débil. Sofreu psiquicamente a ponto de querer morrer, por pensar em assuntos como o que vem a ser a “vida”, o que vem a ser o “homem”, o que vem a ser o “desejo”. Ainda jovem, com cerca de 20 anos apenas, chegou a sofrer tanto com tais problema; só por isso podemos imaginar o quanto era séria, por natureza, a personalidade do sr. Ano. Quando ouvi esta história do Sr. Ano senti admiração pela seriedade de sua personalidade. Nessa ocasião, o sr. Ano, para resolver o sofrimento da vida, estava fazendo a invocação de Amitabha, sentado em posição de prece, confinado num quarto. Então, certo dia, teve uma visão, na qual contemplou nitidamente uma situação que parecia um paraíso búdico, cheio de luz. Quando viu claramente com seus olhos o aspecto daquele mundo exclusivamente de luz, apagou-se completamente, sem deixar sinal, o seu sofrimento pela vida de treva que levava e, depois disso, o que preenchia seu coração era pura alegria e regozijante bem-estar. Esta visão, na qual lhe foi mostrado o mundo exclusivamente de luz, persistiu por cerca de um mês. ra demais a alegria, demais o regozijo, e nasceu um desejo de experimentar mais uma vez, como antes, o sofrimento em relação à “vida”. Ele orou assim: “Permita-me sofrer mais uma vez em relação à vida”. Então, de fato, repentinamente, se interrompeu a sua clarividência e apagou-se do campo visual o mundo exclusivamente de luz. Desde então, ele continuou a sofrer a respeito da “vida”, exatamente na forma como pediu na oração e, somente agora, conseguiu dominar o sofrimento da vida que ele próprio procurara. (…)” (A Verdade da Vida, vol.01; pg. 184-186)
Essa foi a experiência vivida pelo sr. Giichi Ano, e deu-se através da clarividência. O Jisso verdadeiro não é algo que possa ser “visto”, “ouvido”, ou “tocado”, mesmo que seja por meio dos sentidos espirituais mais sutis. Portanto, o mundo que o sr. Giichi Ano viu não era o verdadeiro Jisso, embora tal mundo o representasse. O Jisso verdadeiro está além de todas as formas. Por isso, “entrar” no Jisso, ou perceber o Jisso, não significa que a pessoa necessariamente terá visões paradisíacas ou celestiais. O Jisso absoluto simplesmente não pode ser captado por nenhuma espécie de sentido (material ou espiritual). Mas isso não constitui empecilho para conseguirmos ver o Jisso. Nós o vemos, mas o fazemos com outra espécie de “olhos” – são os “olhos do Jisso”, ou, conforme ensina a Bíblia, a Mente de Cristo. Somente o Jisso vê o Jisso. Somente a Mente Divina vê a existência divina. Somente Deus vê Deus. Tentar ver Deus com outro instrumento que não seja a própria “Mente de Deus” é mera tentativa fútil. Por isso é que Cristo tomou sobre si as dores e os pecados de toda a humanidade. Por isso é que Jesus e o Buda Amitabha tomaram sobre si os sofrimentos de toda a humanidade: para que, no momento em que pedíssemos a eles, tivéssemos acesso incondicional ao Mundo de Deus, à Terra Pura. O segredo para entrar no mundo do Jisso consiste no fato de que nós podemos entrar nele exatamente assim como estamos agora. Não faz diferença se estamos melhores ou piores do que já somos – a dificuldade (assim como a facilidade) de entrar permanece a mesma. Não precisamos melhorar ou sequer mudar nenhum pouco. Somos aceitos como somos.
São poucas as pessoas que conhecem a história de Amitabha – ele foi outro grande Buda histórico. Sidharta Gautama, o Sakyamuni, não foi o único homem a tornar-se Buda. Amitabha foi anterior a ele e, inclusive, várias vezes, Sakyamuni faz referência ao Buda Amitabha para seus discípulos durante a pregação de suas verdades. O Buda Amitabha possui a mesma história de Jesus Cristo – em épocas diferentes, cenários diferentes, culturas/costumes diferentes… mas a trama é a mesma. Isso mostra que Deus tem se manifestado através dos tempos para conduzir a humanidade a salvação. E a salvação é incondicional! Não depende de condições, esforços, não-esforços, buscas, não-buscas… é incondicional! Porque provém de um lugar que “não é deste mundo”. Então, nada que seja deste mundo possui qualificação suficiente para levar-nos à Salvação, que nos é concedida por Deus. A salvação de Deus só pode ser pela Graça – porque não é deste mundo.
“(…) Vede, eis o mundo da Imagem Verdadeira!
O Mundo da Imagem Verdadeira é o Reino do Pai,
é o Reino dos Céus,
é o Paraíso.
No Reino do Pai há muitas moradas.
Todas as moradas do mundo da Imagem Verdadeira são Seicho-no-Ie.
Logo, para seus moradores,
não há fome,
não há tristeza,
não há discórdia,
não há doença;
tudo o que é necessário aparece segundo a vontade de cada um
e, cumprida a finalidade, desaparece por si mesmo.
Mundo de harmonia, de fartura,
de pureza, de beleza sublime,
eis o mundo da Imagem Verdadeira!
Eis o vosso mundo!
Não é sonho! É a Imagem Verdadeira!
Não existe outro mundo além deste!”
(Sutra Sagrada: Chuva de Néctar da Verdade; Seicho-no-Ie)
“Neste momento, todos os doentes já estão curados e podem se levantar de seus leitos.”
(Seicho-no-Ie)