PAZ

PAZ
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UNIDADE
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HABITO NO SANTUÁRIO INTERNO
DA PAZ ONDE NENHUMA TEMPESTADE ME PODE PERTURBAR
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A pessoa feliz é prudente; sabe ocupar a consciência de fé, compreensão, bom-senso e alegria, não reservando lugar aos hóspedes indesejáveis das impressões negativas com que é constantemente bombardeado. “Viver no mundo e não pertencer-lhe”, como fez Jesus, é uma arte de não-identificação com as coisas que não nos convêm.Viver em Deus é permanecer na Graça; é manter-se equânimemente positivo, harmonioso, lúcido, paciente, amoroso e cheio de fé. Eis o “orar sem cessar”, referido por Paulo: uma atitude constante de oração ou de sintonia com o Divino, de modo que possamos receber-Lhe as bênçãos da inspiração e da força para preencher cada ato de luz.

Logo ao início do dia me volto a Deus. Como ainda não sei manter-me em constante harmonia, varro da consciência os erros de ontem, deixo ir a ansiedade em relação aos assuntos do dia e abro-me a Deus para receber-Lhe o fluxo de suprimento. Ele sabe o de que preciso. Deste momento de quietude saio recarregado e provido para um dia útil, proveitoso e equilibrado, chegando ao fim do expediente sem os desgastes nervosos comuns. A paz não é a ausência de problemas: é a vivência em Deus!

“Pois Ele é a nossa paz”
Efésios, 2: 14

A MENTE QUE ESTÁ EM ILUSÃO PROFUNDA…

A MENTE QUE ESTÁ
EM ILUSÃO PROFUNDA…
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…dá forma à sua crença e manifesta uma imagem falsa. Porém, seja qual for o aspecto manifestado, a falsidade é eternamente falsa e jamais será Realidade. Não temais o que não é Realidade. Não trateis como Real o que é irreal.
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Enfrentai a mentira com a Verdade.
Enfrentai a imagem falsa com a Imagem Verdadeira. Enfrentai a treva com a Luz. Além do Real, nada existe que destrua o irreal. Além da Imagem Verdadeira, nada existe que destrua a imagem falsa. Além da Verdade, nada existe que prove a inexistência da treva.
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SUTRA – SEICHO-NO-IE

A PSICOLOGIA DO AMOR

A
PSICOLOGIA DO AMOR

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Masaharu Taniguchi

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Não creio que o namoro seja uma coisa tão importante. Do ponto de vista psicológico, o amor é uma espécie de doença febril predominante na adolescência. Sob o ponto de vista religioso, o amor é realmente um sentimento sagrado, se o interpretarmos como a emoção do reencontro das duas metades de uma alma, que se achavam separadas. Mas encontrar o amor puro e verdadeiro é tão raro quanto encontrar um diamante entre as areias da praia, pois o amor puro e verdadeiro do ser humano, cujo espírito é encoberto por um invólucro chamado corpo carnal, é constantemente maculado por uma febre chamada desejo dos sentidos carnais.Se você refletir sobre o amor verdadeiramente puro, perceberá que ele não desperta nenhum desejo carnal. E se tal desejo passar pela mente, por um momento que seja, você sentirá que o amor sagrado foi maculado por esse desejo, e terá a sensação semelhante à de ter sujado com barro aquilo que você tinha de mais precioso.

No entanto, o corpo carnal tem apetite pela comida, devido à necessidade de se sustentar. Da mesma forma, sente desejos sexuais, pela necessidade de impedir a extinção da espécie. Por isso, homens e mulheres que estão na plenitude sexual sentem atração uns pelos outros. Encaro esse fato como uma realidade dolorosa em face do amor verdadeiramente espiritual.

Um ato libidinoso como o de apalpar o órgão genital da mulher não é expressão de um amor verdadeiro, e sim comportamento semelhante ao de um cachorro. O verdadeiro amor é aquele que transcende a carne. É um sentimento ligado unicamente ao espírito. O amor se torna impuro quando nele se mistura o desejo carnal.

É lamentável que muitos intelectuais e jovens de hoje, ao pregarem o amor livre, estejam na verdade propalando a “livre manifestação” a “livre prática do sexo”.

Quando Cristo jejuava às margens do rio Jordão, apareceu o demônio”… e lhe mostrou todos os reinos do mundo, e a glória deles.” (Mateus 4:8). E tentou-o dizendo: “Tudo isto te darei, se prostrado me adorares.” (Mateus 4:9).

Na expressão “todas as glórias”, estão incluídos também os prazeres carnais. O diabo, o satã e a serpente, que aparecem na Bíblia Sagrada e nas literaturas budistas, são símbolos dos prazeres dos sentidos ou dos desejos carnais. Prostrar-se diante do demônio significa a derrota do Eu verdadeiro.

Na literatura budista chamada Vimalakirtinirdésa-sutra, consta uma passagem em que algumas feiticeiras recebem a ordem do príncipe das trevas para voltarem ao palácio, sob a promessa de que lá poderão desfrutar os prazeres dos sentidos, ou seja, a satisfação dos “desejos carnais”. Mas elas se recusam a voltar porque, tendo sido influenciadas por Vimalakirti, haviam se afastado dos prazeres dos sentidos, ou seja,  dos “desejos carnais”, e se encontravam já num estágio mais elevado, o de buscar a alegria verdadeira, eternamente inesgotável. Elas pedem a Vimalakirti que lhes mostre essa alegria eterna. Ele lhes diz para esperarem um momento, e logo retorna com pequeno castiçal. Pega uma vela, acende-a com o lume eternamente inextinguível, coloca-a no castiçal e diz: “Eis o lume infinito, que darei a vocês.” Trata-se de uma metáfora. Essa passagem ensina que devemos buscar a alegria espiritual perene como o lume infinito.

Numa peça teatral que escrevi, baseando-me neste sutra budista, existe a seguinte passagem:

“Este é o lume infinito, símbolo da Luz da Verdade que extingue a ilusão. Representa a Luz do despertar espiritual, que jamais se apagará. Com uma vela acesa podem-se acender milhões de outras velas. Assim também é a luz do despertar espiritual. Ela é infinita, porque, por mais que a distribuamos aos outros, não enfraquece. Pelo contrário, intensifica-se mais e mais. Se vocês, que despertaram para a Verdade, transmitirem aos outros a Luz da Verdade, até mesmo o palácio do demônio Paplyas tornar-se-á um lugar pleno de Luz. O mundo ao nosso redor é reflexo de nossa própria mente. Aonde quer que vamos, o ambiente ao nosso redor se preencherá de Luz, contanto que mantenhamos em nossa mente a Luz da Verdade. Agora voltem para o palácio de onde vieram. Chegou o momento em que até mesmo no palácio do demônio Paplyas irá brilhar a Luz da Verdade.”

A tentação pelos prazeres dos desejos carnais se desvanece diante da verdadeira alegria espiritual.

Há pessoas que sofrem de “doença da paixão”. São as que se sentem muito solitárias se não estiverem namorando e vivem buscando novos amores. Como não conseguem sentir a verdadeira alegria espiritual, tentam buscar compensação nos prazeres carnais momentâneos.

Devemos buscar a terna alegria espiritual, pois os prazeres dos sentidos são inevitavelmente limitados e em segundos se desvanecem por completo. Eles se assemelham a fogos de artifício: são difíceis de serem mantidos por mais de uma hora. A alegria que dura pouco não é o “lume infinito”. A Verdade, sim, é o lume infinito, pois, se acendermos a Luz da Verdade, poderemos iluminar o espírito de milhões de pessoas. Se acendermos a luz da alegria espiritual que se alcança pelo conhecimento da Verdade, milhares e milhares de pessoas serão iluminadas ao mesmo tempo. Mesmo que a fonte de luz seja única, podemos multiplicá-la infinitamente; por mais que partilhemos a luz, o seu brilho não diminuirá. Assim é a Luz da Verdade.

Se transmitirmos os ensinamentos de “A Verdade da Vida” para uma pessoa, ela obterá a cura de doenças, terá harmonia no lar e, mesmo que não obtenha graças materiais, conseguirá a plenitude da alegria espiritual. E, se essa pessoa transmitir a Verdade para uma outra pessoa, esta também sentirá essa alegria espiritual, e assim sucessivamente. Você nada perderá pelo fato de ter transmitido a Verdade para outras pessoas. Ao contrário, sentir-se-á feliz só de imaginar a alegria dos que conheceram a Verdade, e achará que valeu a pena ter praticado boa ação. E, então, você se sentirá mais feliz ainda.

O Prof. Glenn Clark, num de seus livros, diz como deve se comportar um missionário, no caso de uma adepta apaixonar-se por ele e lhe declarar amor. Em casos como esse, o missionário, em vez de repelir categoricamente esse amor, deve aconselhar a adepta: “Estou junto com Deus. Se me ama, ame a Deus. Procure buscar a realização do amor que tem por mim, dedicando-se à pregação do Caminho de Deus.” E, dessa forma, para não deixá-la à mercê do desejo carnal, deve orientá-la para que se esforce no sentido de sublimar esse amor e elevar-se em direção ao amor a Deus. É um conselho realmente sábio.

Provavelmente, Maria Madalena também se aproximou de Jesus com intenções amorosas. Mas ele não a rejeitou. Para impedi-la de cair na tentação carnal, orientou-a para que sublimasse esse amor e o transformasse em alegria espiritual pura e eterna.

No sentimento que comumente é chamado “amor”, estão mesclados vários elementos impuros sensuais. Devemos eliminar esses elementos impuros e sublimar o nosso amor. Por mais que momentaneamente pareça agradável, o prazer dos sentidos acaba se transformando em sofrimento, se durar por muito tempo. Devemos conscientizar que os prazeres dos sentidos são efêmeros; que eles não são existência verdadeira; e, a partir dessa conscientização, empenharmo-nos na sublimação do amor até atingir a alegria espiritual eterna indestrutível.

Em resumo, os prazeres dos sentidos carnais esgotam-se e desaparecem, ao passo que a alegria proveniente do conhecimento da Verdade é como luz inextinguível.

O primeiro amor, puro e ingênuo, transcende a carne e faz a pessoa temer que esse belo sentimento seja mesclado com o desejo carnal. Porém, os jovens que já tiveram experiência sexual, ou as pessoas adultas, frequentemente confundem o amor com o desejo carnal. Por isso, alguns homens dizem: “Quero que ela seja minha, custe o que custar, pois eu a amo”. Nesse caso, o amor foi vencido pelo desejo carnal.

Não podemos cair na tentação de satanás, ou seja, na tentação dos sentidos materiais. Jesus disse: “Vai-te, satanás.” (Mateus 4: 10). Devemos expulsar o demônio chamado “desejo carnal”, que se oculta sob o belo disfarce de amor, enfrentando-o com a Luz da Verdade. O demônio fugirá quando levantarmos alto o lume da Verdade.

No sutra budista, já citado neste artigo, há uma passagem em que o príncipe das trevas diz: “Reduza um pouco essa luz, por favor! Diante da Luz da Verdade tão intensa, as forças me fogem e não posso voltar ao meu palácio. Reduza a luz, por caridade!”

O demônio não é existência verdadeira. Por isso não consegue permanecer no lugar onde resplandece a Luz da Verdade, e acaba desaparecendo.

Fim

PENSE DA MANEIRA CERTA

PENSE
DA MANEIRA CERTA
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Emmet Fox
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Existem diversas frases usadas mais ou menos habitualmente em metafísica, às vezes sem que se perceba integralmente sua verdadeira significação. Uma dessas frases é “pense de maneira certa”.

Ora, esta expressão será útil ao lidarmos com uma dificuldade, se compreendermos o que significa realmente. Não quer dizer que, depois de dizermos “Pensarei de maneira certa”, o assunto estará encerrado e não precisaremos fazer mais nada. Isso seria confundir um desejo com a realidade.

Na verdade, pensamos da maneira certa com relação a uma determinada coisa, quando podemos dizer: “Seja feita a Vossa vontade”, sabendo que a Vontade de Deus é sempre algo bom e glorioso. Pensamos da maneira certa com relação a uma coisa, quando lançamos o fardo sobre o Cristo interior. Pensamos da maneira certa com relação a uma coisa, quando oramos por ela, crendo que Deus ouve e atende à prece. Pensamos da maneira certa com relação a uma coisa, quando mantemos uma atitude positiva e afirmativa.

Quando agimos assim, estamos confiando em Deus e não em nós mesmos.
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Assim como um homem pensa no seu coração, assim ele é.
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NÃO HÁ OUTRO, SENÃO DEUS

NÃO HÁ OUTRO,
SENÃO DEUS
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UNIDADE
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Não há outro, senão Deus, seja em mim, seja em meu mundo. Portanto, existe somente o bem, somente a luz, somente a sabedoria e inteligência, somente a segurança, a alegria, a paz e a beleza, em mim e em meu mundo.

Não há outro, senão Deus em meu lar. Portanto, aqui em casa há somente beleza e paz e calor e fartura e amor.

Não há outro, senão Deus, em meus entes queridos. Por consequência, neles há somente beleza, saúde e fortaleza. Neles há somente inteligência e sabedoria; somente alegria e paz. Há somente proteção para eles.

“Pois assim como o homem pensa (acredita) em seu coração, assim ele é. logo, se acreditamos que não há outro, senão Deus, então vivemos plena e livremente, cheios de alegria e livres de temores!

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“Certamente Deus está em ti, e não há outro deus”.
ISAÍAS 45:14

SER ATENCIOSO

SER ATENCIOSO
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Seicho-no-Ie
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Imaginemos que haja um doente deitado na rua e que um religioso passe por ele. Esse religioso está ciente do fato de que a Imagem Verdadeira desse doente é de perfeição e harmonia, como também que o mal fenomênico não existe originalmente. Então, ele nem olha para o doente e passa dizendo “A doença inexiste originalmente, você é perfeito e harmonioso”. Será essa a atitude de quem alcançou a iluminação?  Sem dúvida, ele é uma pessoa esclarecida até certo ponto, mas não se pode dizer que é uma pessoa amorosa. Ele sabe que o doente está criando temporariamente a doença com a sua mente em ilusão, assim consumando o carma, mas não possui a consciência de que o homem é filho de Deus, e todos são um perante Deus.
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Esse religioso esqueceu-se do fato de que é ele próprio quem está vendo o outro e pensando “A doença dele é sombra da mente dele, e ele só se curará dela quando mudar sua mentalidade”. Por que alguém que é originalmente um filho de Deus se manifestou no ambiente do religioso como um doente? Porque a mente dele (religioso) está doente. Estar doente significa que a Vida não está atuando com perfeição, ou seja, a Vida dele não está tratando o próximo com a devida atenção. Ser atencioso com o próximo é amar. Amar é sentir que “eu e o outro somos um”. Os outros adoecem porque falta amor em nós e não somos atenciosos com todos.
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Um olhar de profundo amor faz desaparecer tudo que é imperfeito, porque esse não é um olhar superficial e sentimental. Quando se olha o próximo com sentimento de amor verdadeiro, não existe nisso uma imagem má, porque “eu e o outro somos um”. Starr Daily regenerou-se quando sentiu o olhar de profundo amor de Cristo. Um grande criminoso na visão das pessoas comuns pode não sê-lo na visão de Cristo. Um médico vê à sua frente um leproso, mas Sakyamuni vê a mesma pessoa como um Buda, um iluminado. Enquanto A vê desordem na sociedade, o santo B nela vê cenas em que as pessoas vivem felizes e alegres. Assim, um olhar de profundo amor contém o grandioso poder sanador de Deus.

O QUE O HOMEM REALMENTE É

O QUE
O HOMEM REALMENTE É
Gustavo Rocha
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“Eu vim para que tenham Vida, e que a tenham em abundância” (DEUS)
(João 10:10)

Hoje estive contemplando algumas coisas, algumas situações que acontecem muito neste mundo. Me pediram pra fazer uma caridade. Concordei. Era apenas fazer uma doação para poder ajudar uma creche abrigadora de crianças carentes. Me disseram que lá estava faltando comida, alimentos básicos como arroz, óleo de cozinha e leite. E não apenas isso: faltava também outras coisas importantes, como sabonetes, para que eles pudessem fazer sua higiene. Isso também é importante. Só que as pessoas, em geral, não se apercebem disso, e sempre que fazem alguma doação ou caridade, doam coisas consideradas “comuns”, ou seja, na maioria das vezes, alimentos e roupas. Ajudei com alguma quantia que tinha comigo naquela hora. Mas depois fiquei pensando e contemplando sobre essas situações existentes não só ao meu redor, na cidade onde moro, mas também em toda e qualquer localidade deste mundo.

“Até quando as coisas serão assim”? – Foi essa a pergunta que deu início à uma série de pensamentos meus à respeito desse tipo de situação.

É legal ajudar o próximo, fazendo algo em prol de suas necessidades. Sem dúvida alguma é um feito nobre, virtuoso, bonito de se fazer, mas “será que as coisas terão sempre de ser assim”? Ajudar alguém é uma virtude, mas é uma coisa bonita para aquele que está ajudando. Se eu ajudo o meu próximo, referencialmente a mim isso foi algo virtuoso; significa que eu fui “alguém bom”, que se compadeceu do meu próximo, e portanto, os créditos são meus. Por isso, ser caridoso é uma virtude em relação a mim. Mas e o mundo? Essas coisas deveriam acontecer/existir neste mundo? Quando alguém está passando necessidade, de forma a depender totalmente da vontade de alguém que ele nem conhece — quando tem sua vida nas mãos da sorte –, não podendo fazer nada por si mesmo… isso é algo bonito/virtuoso para o mundo? Isso deveria existir no mundo? Para o mundo isso é um fenômeno feio.

Não há nada de errado em ajudar o próximo com leite, comida e sabonete. Essas coisas precisam serem feitas enquanto perdurar esse tipo de situação. É uma pena que a comida, o sabonete e o leite sejam coisas que acabam tão rápido. Você pode doar R$100,00 para comprar leite, pão, objetos higiênicos, mas em pouco tempo todas essas coisas terão deixado de existir. Em alguns dias, elas desaparecerão e a situação de necessidade ou fome surgirá novamente. Então será preciso mais outros R$100,00, ou aquelas pessoas irão definhar nas mãos da realidade. Quando chegará o dia em que as pessoas poderão ter condições de fazerem algo por si mesmas, sem precisar ficar dependendo de ninguém? Eu acredito que esse dia pode chegar. Mas a solução, definitavamente, não é somente ficar fazendo doações de dinheiro, roupas, alimentos, utensílios íntimos. Todos esses esforços são materiais. E é a natureza da matéria surgir, passar, e desaparecer.

Surgir, passar e desaparecer – isso acontece com tudo neste mundo: com alimento, bebida, todas as coisas importantes para suprir a necessidade do homem, e, até mesmo, com o próprio homem. O nosso próprio corpo é uma existência efêmera e passageira. Assim como todas aquelas coisas – comida, leite, sabonetes -, em questão de anos o corpo deixa de existir. A nossa Vida existe em meio a todo este contexto material. Nossa Vida está cercada pela materialidade, que surge, acontece, e acaba. O que significa isso? O que a Vida, Deus, está tentando nos “dizer” com todas essas coisas? A Vida não é matéria. Ela está em meio à matéria, mas a Vida em si não é substância material. Só há uma Vida. E a Vida é espiritual. “Estar rodeada de coisas materiais”, de “coisas efêmeras”, é uma pista, um sinal, uma mensagem; nada mais é que um “meio” muito significativo que a Vida tem e se utiliza para nos transmitir algo. Quantos são os que entendem a mensagem? O que a Vida está dizendo é: “Viu? Aquilo passou, mas você ainda está aqui, e, note, você É sem necessitar realmente daquilo, pois aquilo já não existe mais”; a mensagem é essa. A Vida não está na dependência da matéria, não está sequer presa “dentro” da matéria. Ela está fora. A Vida é absolutamente livre de toda e qualquer espécie de coisa que não seja ela própria, é uma existência absolutamente transcendente, imaculável, incontaminável, irremendável e pura. Quando desaparece, a matéria vai-se para sempre. Mas a Vida fica. Fica sempre, exatamente, no único lugar onde ela existe: onde quer que ela exista, é “aqui”. Todas as coisas que surgem e desaparecem passam pelo “aqui”. Não existe outro lugar para elas “passarem por”. A Vida é espiritual. Todas as coisas que são fenomênicas, são matéria. Afinal, o que somos? Nascemos algum dia? Entramos “neste mundo” alguma vez na Vida? Um dia, quando tudo acabar para a matéria, morreremos?

O erro que perpetua e prolifera cada vez mais a dependência de um ser humano em relação a outro, está em dedicar a ele somente esforços no sentido material. Apenas pão, leite, comida e sabonete não são o suficente para resolver a situação. São remédios paliativos: você ministra uma dose hoje, o suficiente para que amanhã o paciente volte com a necessidade de lhe pedir por mais. A doença nunca se cura – apenas é remediada (em doses homeopáticas). Esse tipo de coisa, apenas, não irá mudar ou resolver o quadro ridículo que existe no mundo. Se o mundo continuar agindo assim, nada nunca mudará. O que os homens têm feito é “pescarem” eles mesmos e oferecerem o peixe ao próximo, na esperança de ajudá-los. É necessário que eles ensinem as pessoas a “pescarem” elas mesmas. Não devemos ficar esperando que um dia as coisas resolvam-se sozinhas, ou que sejam resolvidas por Deus. Deus não resolverá as coisas por nós. E Deus não irá um dia voltar numa núvem, cercado de anjos tocando trombetas, como acreditam muitos cristãos, para aniquilar o mal e levar os bons para o paraíso. Os textos revelados no Apocalipse são profecias que realmente irão (ou podem) acontecer, mas tudo o que é dito lá está colocado de forma simbólica. Por isso, mesmo que alguns arguam: “não é necessário resolver a situação de modo definitivo, ensinando-os a pescarem. Apenas continuemos dando-lhes o peixe, porque um dia, Deus virá e porá um fim definitivo em toda esta cruel realidade”, isso é alienação. Não esperem que Deus venha e resolva as coisas por nós. Não devemos deixar com Deus, nem colocar nEle a responsabilidade, porque Ele não é o responsável por tudo o que está acontecendo. O retorno de Deus, a segunda vinda de Cristo, está acontecendo exatamente agora, da mesma forma que o Gênesis também está acontecendo exatamente agora.

O que o homem precisa receber, principalmente, é alimento espiritual. Precisa aprender a saber/identificar quem ele realmente é. O homem é a Vida, que passa pela matéria, mas que nunca se prende ou se torna um escravo dela. O tempo todo ele é livre – livre de todos os acontecimentos bons e maus que existem neste mundo -, não importa o que esteja sendo mostrado pelos acontecimento/aparências deste mundo. Quando o homem toma consciência disto, quando a mente do homem entra em contato com esta percepção, ela se desprende de todos os acontecimentos fenomênicos — principalmente dos acontecimentos malévolos. Ao desprender-se do mal e recuperar sua liberdade inata, seu estado originário — quando o homem recupera o estado mental exatamente na forma em que ele o recebeu de Deus –, o mal começa a se extinguir sozinho. Por que? Porque o mal só existe na mente do homem. Mais do que alimento material, o homem precisa aprender a se alimentar de alimento espiritual. Mas as pessoas que mais precisam de aprender/saber receber alimento espiritual, só recebem benefícios materiais. A Verdade precisa ser expandida ao máximo, até alcançar o entendimento da mente do mundo todo. Assim, as pessoas começarão a perceber que elas são Vida, e que não são dependentes de situações, que não precisam ficar esperando receber alimentos, que a Vida, por si só, sabe como providenciar alimentos, assim como qualquer outra coisa que a pessoa realmente esteja necessitando.

Pediram a Jesus que se alimentasse de comida, mas a eles Jesus respondeu: “Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis”. Quando ele disse: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”, referia-se àquele pão/alimento espiritual, e não a alimentos ou circunstâncias exteriores. Também há um registro onde uma mulher, ao conversar com Jesus, pensou que ele falava à respeito da água que havia dentro de um poço localizado perto deles, mas Jesus disse a ela: “Qualquer que beber desta água (do poço) tornará a ter sede; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.”. Na Revelação do Apocalipse foi dito: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido.”(Apocalipse 2:17). Esse “maná escondido” é alimento espiritual. A Vida não necessita nada, não depende de coisa alguma neste mundo. Essa Vida é Aquele a quem Jesus, por conhecer tão bem e saber tão intimamente, chamou de “Pai”, de “meu Deus e vosso Deus”. Era só isso o que ele queria: que nós conhecêssemos e soubéssemos quem realmente é Deus. E também que, em virtude dessa Unidade nossa, em Deus, nos amássemos uns aos outros. E, nisso, o ensinamento de Cristo está completo. Mas o mundo não conheceu a Deus da forma que Jesus veio nos ensinar. O mundo muitas vezes amou ao próximo, tentou amar ao próximo, mas o fez fora dessa Unidade. Por não compreender a unidade mística e transcendental dos ensinamentos de Jesus, mesmo amando ao próximo, amou-os com a consciência/compreensão de uma vida material, ao invés de espiritual, e nada se resolveu, o mundo tem ficado cada vez pior. Somente amar ao próximo não é o bastante. Pelo menos, não o bastante para resolver de vez as circunstâncias deste mundo. Primeiro é preciso compreender Deus, e a partir daí, a partir Dele, tudo será feito. Deus não é uma entidade que vive exterior a nós. Deus é tudo. Deus é simplesmente a Vida. Onde a Vida estiver, Deus está. Mas quem não conhecer/souber disto, sofrerá as consequências de acordo com sua própria mente.

“Por que te afliges, se o Pai conhece todas as tuas necessidades antes mesmo de as pedirdes”?

Se a humanidade não souber que ela própria é Vida, todo mal que vemos existir neste mundo continuará acontecendo. O mal não é existência real. Ele existe ou parece existir, mas originariamente o mal não existe. Quando Deus criou o mundo, Ele o fez, e viu que tudo era “muito bom”. Deus jamais cria coisas imperfeitas. Mas, após algum tempo, o mal “infiltrou-se” na criação, não porque Deus o tenha criado, mas porque o homem o concebeu em sua mente. Quando estava no Éden, o homem encontrava-se em sua “condição original”, como Deus o tinha feito. E só quando, por meio de sua própria mente, teve pensamentos que o afastaram de sua condição original, é que ele se viu num mundo completamente diferente da criação originária e perfeita. Com a mente, o homem velou a própria consciência. A mente tem o poder de manifestar tudo o que ela reconhece, tornando a criação originária de Deus encoberta/velada – esse é o livre arbítrio do homem. Sabendo disso, tudo o que o ser humano precisa é retirar o véu que foi colocado com a mente. Aquilo que foi velado pela mente deve ser revelado pela Consciência. E durante a história deste mundo, muitos homens vieram aqui, através dos tempos, para nos revelar a Verdade que estava oculta/escondida. Jesus não foi o único, Buda também veio. E não só ele, também Krishna, Abraão, Moisés, Lao-Tsé, Shankara, e todos os místicos em torno dos quais foram reunidos ensinamentos espirituais, vieram para transmitir àqueles que não compreendiam a Verdade de que “o homem é Vida”, a verdade de que o homem é “filho de Deus”.

Todos os ensinamentos espirituais são válidos. Prefiro citar mais Jesus porque é nEle que quase todo mundo do ocidente acredita. Se Jesus não for mencionado, ninguém vai querer aceitar, ninguém irá sequer cogitar a possibilidade de considerar a Verdade “homem filho de Deus”. Mesmo citando Cristo, e colocando-o no foco de todos os ensinamentos, ainda assim será difícil a aceitação por parte dos cristãos. Porque todos estão tão profundamente condicionados/enraizados nas crenças que foram construídas… Os ensinamentos de Cristo não são falsos. As crenças que foram construídas e admitidas sobre os ensinamento de Cristo é que, em parte, são falsas e superficiais. Colocaram Deus lá longe, num lugar inalcançável, e disseram que tínhamos que rezar para Ele. Se fôssemos bons, seríamos recompensados. Aqueles que fossem ruins seriam condenados e iriam pro inferno pelas mãos do próprio Deus. Quem não acreditasse em Deus do modo como era ensinado, era um traidor, um pecador. Instituíram uma firme crença no pecado e até criaram teorias, argumentações e sistemas lógicos para justificar sua existência (fruto do conhecimento!). O pecador até poderia ser salvo (afinal, Deus era infinito Amor, infinita bondade, infinito perdão), se voltasse a se comportar e crer dentro dos moldes nos quais o ensinamento de Cristo era propagado. Para ser salvo, precisaria atender a algumas condições. “Deus impõe condições para salvar o homem”. – Isso é o que está alojado dentro da mente de muitos cristãos. Mesmo mostrando a Verdade através do Cristianismo, muitos resistirão, pois suas mentes estão carregadas de culpa. “Se deixarmos de crer da forma como o fazemos, acabaremos no inferno”, isso é o que está plantado no fundo da mente consciente e inconsciente, individual e coletiva, da maioria dos cristãos. Se eles não entenderem a Verdade, terão de experienciar suas vidas conforme a natureza da crença que existe em suas mentes. Se a crença for boa, o que se seguirá será bom. Mas se a crença for voltada mais para o lado negativo — do medo, do pecado, da doença, do sofrimento, da violência, da morte, da escassez (o que tende a acontecer, pois essa é e será a tendência da mente coletiva até o dia em que a maioria da humanidade mudar de pensamento e reverter esse quadro) –, o que se seguirá será condizente com a natureza de suas crenças. De qualquer forma, seja a crença boa ou má, ela é uma “ilusão”, é um “conhecimento” obtido quando o homem escolheu comer do “fruto da árvore do conhecimento”. A Verdade está além de qualquer crença; ela não necessita da força de “crenças” para existir – só aquilo que é ilusão necessita de crença. A Verdade existe por si só. É ela que Jesus ensina o homem a viver — não uma crença, mas a Verdade.

Jesus disse de si mesmo: “Eu e o Pai somos Um”. E nos ensinou: “Pai nosso…”. Ele não disse “Pai meu, que cuida do resto da humanidade”, mas ensinou-nos a orar chamando a Deus por “Pai”. Jesus também disse a nós: “Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”. E em sua última oração junto com os discípulos, no Evangelho de João, cap.17, Jesus ora no sentido de que todos nós sejamos um.

“Para que TODOS sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que TAMBÉM eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.”

Essa Unidade vem sendo pregada em todos os tempos, em todos os lugares, e ninguém compreende ela. A maioria sequer dá “atenção” a ela. Se o mundo não conhecer a unidade existente entre “Deus e o homem” e entre “o homem e o seu próximo”, tudo o que vimos acontecendo até agora continuará a acontecer. Aliás, a tendência delas será piorar conforme a mente humana for sendo concentrada e fixada cada vez mais no mal, acreditando ser ele uma existência real. E Deus nunca irá “voltar” para pôr fim a este mundo injusto. A volta de Deus significa apenas a compreensão da Unidade pelo homem. Quando o homem compreende a Unidade, ele compreende Deus e realiza Deus. E essa é a segunda vinda do Cristo. Assim, Deus pode estar voltando para mim, hoje, mas não para você. Você verá a segunda vinda de Jesus quando compreender que tudo é Um. Se só existe Um, só existe Deus. E se só existe Deus, você finalmente entrou no lugar secreto que Jesus chamou “Reino de Deus”.

“O Reino de Deus não é deste mundo.”

A maior obra de caridade que pode ser feita em favor do nosso próximo é trabalhar no sentido de que ele “veja” a segunda vinda de Cristo. Eu realmente acredito no potencial do resultado que o conhecimento espiritual pode provocar. Sei que a verdadeira transformação do mundo não irá decorrer de guerras, revoluções sociais, mudança de sistema econômico, caridade de bens materiais… nada disso irá resolver o problema. Não me importo de fazer doações e de ajudar ao próximo, mas eu sentiria culpa dentro de mim se minha atividade consistisse somente em fazer “ofertas materiais” aos outros. Sem dúvida, esses atos seriam atos de amor, expressariam amor, mas é a Verdade que precisa ser conhecida. O homem precisa conhecer com a mente a Verdade, e a partir deste conhecimento mudar a própria mente. Se não houver uma mudança mental, pode existir o sistema econômico que for — a mente irá projetar neste mundo uma situação condizente com aquilo que ela concebe. Se o homem abriga “medo”, “violência”, “pobreza” no fundo de sua mente, podem ser tirados do poder todos aqueles que exploram os “mais fracos” e colocarem outras pessoas em seus lugares. Podem substituir o sistema capitalista econômico por um outro que seja melhor planejado e mais justo. Mas a mente encontrará uma forma de continuar fazendo aparecer tudo o que existe lá dentro dela. Se a mente da humanidade for mudada, não será preciso sequer trocar de sistema econômico, as coisas darão um jeito de se ajustar dentro do próprio sistema capitalista. O que importa não é o exterior, mas o que existe “dentro”. Brincar com o exterior é ilusão, pois o exterior é “sombra”. O que libertará a humanidade é somente o conhecimento da Verdade de que “o homem é Vida”, “o homem é filho de Deus”, um ser originariamente livre, absolutamente liberto. Em seu estado original, o homem encontra-se em sua natureza búdica, ele é o Cristo, a Verdade. “A Verdade liberta” – outra frase célebre de Jesus. Somente a Verdade é livre. Sendo o homem a Verdade, ele é livre, e já vive no Reino de Deus.

” Também vós, deste mundo, não sois”

Por isso, este é o meu trabalho principal, e será até o fim dos meus dias neste mundo – viver pela Verdade. Não importa se eu A tenha realizado ou não dentro de mim, a minha vida será dedicada à Ela. Além da Verdade, nada mais realmente me importa. Amarei a Deus e a meu próximo, principalmente, através da Verdade. E espero que este texto um dia frutifique, incentivando as pessoas ao mesmo feito — sem nunca deixar de ajudar aos outros usando os meios materiais, pois isso ainda é algo bastante necessário no mundo como ele se encontra –, mas esforçando-se para transmitir ao próximo o conhecimento da Verdade. Se isso acontecer, a minha vida neste mundo terá valido muito a pena.
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IMPORTÂNCIA

  • IMPORTÂNCIA
Eckhart Tolle
  • Muitas coisas podem ser importantes na sua vida, mas apenas uma tem importância absoluta.
É importante vencer ou fracassar aos olhos dos outros. É importante ter ou não ter saúde, estudar ou não estudar. É importante ser rico ou pobre – certamente isso faz diferença na sua vida. Sim, tudo isso tem uma importância relativa, mas não absoluta.
Existe algo mais importante do que todas essas coisas: é encontrar a essência do que você é para além dessa entidade de curta duração, que é a noção personalizada do “eu”.
Você não encontra a paz reorganizando os fatos da sua vida, mas descobrindo quem você é no nível mais profundo.
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O DESPERTAR ESPIRITUAL E A PRÁTICA

O
DESPERTAR ESPIRITUAL
E A PRÁTICA
Masaharu Taniguchi

Sempre surge, na vida de um homem, uma ou outra ocasião em que ele percebe subitamente que o seu corpo material não é o seu “eu verdadeiro”, e que existe algo muito superior à matéria, que vivifica o corpo carnal.Esse “despertar” ocorre, por exemplo, quando o homem é salvo por uma força misteriosa, no exato momento em que se vê perdido diante de um grande e iminente perigo; ou quando, de repente, dá-se conta da Vida que palpita dentro dele, no momento em que estava prestes a se entregar ao desespero por estar gravemente enfermo e ter sido desenganado pelo médico e pelos familiares. Em ocasiões como estas, o homem compreende que ele está vivo não pelo seu próprio poder, mas porque é vivificado por uma força superior, muito mais poderosa que a força humana.

Certas pessoas, embora tenham passado por semelhante experiência, não dão muita importância a ela e acabam esquecendo-a por completo. Mas existem outras que, impressionadas fortemente por tal experiência, mudam completamente o modo de encarar o “homem”.

Deixar de ver a si próprio como um pequeno “ser individual” e conscientizar-se do seu “Eu Universal” – eis o renascimento do homem. O verdadeiro “renascer” não consiste apenas em renovação do calendário civil em cada Ano Novo.

O “renascimento” do homem consiste na descoberta do “Eu grandioso” oculto no seu interior. Dito em termos budistas, é o Satori (despertar espiritual ou compreensão da Verdade). Mas muitas são as pessoas que não “vivificam” na sua vida cotidiana os resultados do seu “despertar espiritual”. Eis a razão por que, para elas, esse “despertar” é apenas um lampejo da alma que desaparece logo em seguida. O grande mestre budista Hakuin disse que ele teve dezoito vezes o “grande despertar espiritual”. Acredito que com isso ele quis expressar que não ficou estagnado quando atingiu um determinado nível espiritual; foi progredindo dia a dia, elevando o nível e ampliando o ângulo de seu “despertar”. Em outras palavras, foi um “despertar dinâmico”, vivenciado no dia-a-dia, e não um despertar estático, alheio à vida cotidiana.Toda força que não é utilizada, adormece. A nossa “grandiosa força interior”, da qual nos conscientizamos através do “despertar espiritual”, também não constitui exceção: se não a aplicarmos em nossa vida prática, ela acabará adormecendo novamente. Todos os que conseguiram vencer na vida são aqueles que, após conscientizarem-se da sua “grandiosa força interior” através do despertar espiritual, souberam utilizar-se dela livremente sem a deixar adormecer de novo.

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A RELAÇÃO ENTRE O PENSAMENTO E …

A RELAÇÃO ENTRE
O PENSAMENTO E A REALIDADE MATERIAL
Masaharu Taniguchi
Cristo disse: “Toda árvore boa dá bons frutos, porém a árvore má produz maus frutos. Pelo fruto se conhece a árvore”. Podemos afirmar que o fato de uma pessoa ter um destino infeliz é a prova de que os seus pensamentos não são corretos. Isto porque os pensamentos são a causa e a realidade material é a consequência.
Pensamentos “incorretos” são os que não vêm da Essência verdadeira da pessoa. São os pensamentos apegados aos fenômenos e que imaginam sempre as “imperfeições”, que não existem no Reino de Deus. Quando a pessoa aproximar mais o seu pensamento à claridade da Essência divina, eliminando o ódio e a agressividade, reconciliando-se com todas as coisas e tornando o seu pensamento tão harmonioso quanto a harmonia perfeita do Reino de Deus, apagar-se-ão todas as imperfeições do mundo do fenômeno e aparecerá uma situação perfeita e harmoniosa que reflete exatamente a Realidade divina.

PRINCÍPIOS BÁSICOS

PRINCÍPIOS BÁSICOS

Emmet Fox

Pela verdadeira compreensão da Metafísica, aprendemos que Deus como Causa é perfeito, que Ele Se individualiza como homem e que o homem, pelo exercício de seu livre-arbítrio, pode criar ou pensar o bem e o mal.

Se um homem tiver bons pensamentos, estará trabalhando em harmonia com a Lei Divina e o bem virá em seguida. Se tiver pensamentos errados, limita em sua própria experiência a expressão integral de Deus e experimentará o mal – e continuará a experimentá-lo enquanto continuar a ter pensamentos limitantes.

Aprendemos ainda mais: que o bem, que é a expressão de Deus, é imutável e eterno, enquanto os pensamentos errados, embora possam causar dor e sofrimento momentaneamente, não têm substância real (ou, para usar um termo técnico, não têm “realidade”) e assim podem ser destruídos, ou tornados sem existência.

Observe especialmente que a ciência metafísica correta não nega a existência do mundo físico, mas ensina que nossa compreensão dele é limitada, cheia de falhas e mutável. Daí decorre que nosso dever, assim como nosso interesse pessoal, exige que trabalhemos na nossa consciência até produzirmos uma compreensão correta que significará, para nós, o fim do pecado, da doença e a morte.

“Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça”.

João 7:24

JEJUANDO

JEJUANDO

Emmet Fox

“Esta espécie só se expulsa pela oração e pelo jejum.”

Mateus 17:21

Havia um homem que tinha um filho epiléptico e os discípulos de Jesus não tinham conseguido curá-lo. O pai desesperado apelou para Jesus, que prontamente curou o filho. Os discípulos, vendo isso, perguntaram por que não tinham sido capazes de fazer o mesmo. Jesus replicou: “Por causa de sua descrença… Esta espécie só se expulsa pela oração e pelo jejum”.

Ora, jejuar de alimentos é uma boa coisa, ocasionalmente, em especial para aqueles que se entregaram a maus hábitos alimentares. Mas Jesus não podia ter-se referido ao jejum físico, pois, noutra ocasião, falou: “não é o que entra na boca que contamina o homem, mas sim o que sai da boca”.Em outras palavras, não é o que comemos, mas o que pensamos intimamente e expressamos que tem importância.

É sua dieta mental que determina o tipo de vida que você leva. Deve jejuar de pensamentos de medo, de raiva, ressentimento, condenação, e assim por diante. São estas coisas que anulam suas preces. Depois de ter limpado sua mente com esse tipo de jejum, você começou a dar todo o poder a Deus—e, naturalmente, suas preces passarão também a ser poderosas.

Enquanto você entretiver pensamentos de carência e limitação, o seu poder na oração não será grande, mas quando jejuar dessas coisas negativas, então suas preces serão atendidas para si próprio e para aqueles por quem ora.

CORPO NÃO MATERIAL

CORPO

NÃO MATERIAL

Vivian May Williams

Jesus nunca teria reproduzido Seu corpo se o tivesse considerado como “material”. Ele disse que ele era o templo do Deus-Vivo. Como poderia alguém perceber Sua presença, se Ele não surgisse numa forma?

O corpo do homem representa a totalidade dos poderes e capacidades de Deus individualizado; ele realmente representa o Universo. Jesus percebeu isto e exercitou o poder espiritual que Ele tinha sobre Seu Universo. ELE SABIA QUE ONDE QUER QUE ESTEJA Sua Mente, ou Consciência, Sua identidade (forma) deveria estar presente. Isto explica como ele aparecia no meio de Seus discípulos sem precisar dar passos de chegada, ou mesmo sem abrir portas. O corpo não é sólido e concreto como muitos presumem. Ele é tão etéreo quanto a Mente em si. Não é mais difícil para a mente passar através das paredes do que o é para a onda de rádio.

Talvez você pergunte: “Por que a minha forma não aparece na outra sala, quando eu visualizo minha presença dentro dela?” Ela apareceria, se você não acreditasse que seu corpo fosse sólido, concreto, “matéria”. Quando você perceber que seu corpo é tão espiritual quanto a Mente, então sua forma ou identidade aparecerá tão espontânea e tão automaticamente quanto o algarismo 2 acompanha a idéia de um 2.

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O AMOR ABRE AS PORTAS DO PARAÍSO

O AMOR ABRE AS PORTAS

DO PARAÍSO

Masaharu Taniguchi

Deus é Amor, e quando se emprega a chave denominada amor, abrem-se as portas do Paraíso em todas as partes. Quando se vive amando, abençoando e agradecendo, os terrenos íngremes se tornam planos, os caminhos fechados se abrem e surge o Paraíso. É preciso amar a Deus acima de tudo. “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento”, este é o primeiro mandamento de Cristo. E também, semelhante a este, o segundo mandamento: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Sobre como amar a Deus, Jesus ensinou: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos”. Quais são estes mandamentos? Eles estão bem explicados no Sermão da Montanha. Resumindo, a sua essência seria: “Tudo quanto quereis que os homens vos façam, assim fazeis vós também a eles”. Onde as pessoas guardam esse mandamento, é certo que os negócios progredirão e surgirá o Paraíso tanto no lar como nas relações internacionais.

Ore silenciosamente pelas bênçãos de Deus sobre todas as pessoas relacionadas com você. Ore da seguinte forma: Ó Deus, tornai-as felizes”. A oração dirigida ao outro vem beneficiar a própria pessoa que orou.

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A PÁSCOA EM NOSSOS CORAÇÕES

A PÁSCOA EM NOSSOS

CORAÇÕES

William Suddaby

Após a noite escura vem o amanhecer dourado e silencioso. Após o inverno frio, irrompe a primavera, nunca deixando de causar admiração quando as flores esbeltas do croco abrem caminho através da neve congelada, e quando soam miríades de vozes alegres que do verde se levantam. Depois do fogo na floresta, folhas novas começam a brotar. Depois das bombas as cidades são reconstruídas. Depois que o coração sofreu profunda perda, um renovado amor começa. E após a crucificação, a hora mais negra do mundo, Cristo Jesus, não vencido pelo ódio e pela morte, foi caminhar no jardim da ressurreição.

A Páscoa dá prova consumada e gloriosa da renovação, e sua mensagem ecoa em um milhão de maneiras. A Ciência Cristã explica que aquilo que humanamente parece ser renovação é apenas um vislumbre da ordem divina –a criação do bem, sempre a se desdobrar, a brilhar através do cenário humano. A carreira de Jesus mostrou que sua vida era a consciência espiritual do bem interminável de Deus. Essa duradoura consciência divina de Jesus se evidenciou na cura de outras pessoas e na indestrutibilidade de sua própria vida. Sua consciência da pura bondade de Deus partilhou assim da eternidade. Ele orou por seus seguidores, dizendo: “A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (João 17:3)

A decisão de procurar Deus de todo o nosso coração torna-se a resposta natural à mensagem da Páscoa, pois vemos em sua promessa de vida eterna o bem subjacente que aguarda nossa rendição completa ao Amor divino. E, de fato, compreendemos que não estaríamos procurando Deus se o Seu amor já não nos tivesse alcançado.

Mas,  que é que parece se levantar entre nós e a eternidade do bem, o conhecimento de Deus? Que é a noite escura de nossa ignorância? No mundo, a evidência do bem parece crescer e minguar, desabrochar e nos ludibriar e então desabrochar outra vez. Por ignorância tomamos pela realidade a charada contínua do mundo em mutação. Olhamos à nossa volta e vemos objetos aprazíveis e a eles nos rendemos e nos afeiçoamos. E à proporção que nos afeiçoamos ao bem material, fugidio, do mundo, adiamos ficar afeiçoados ao bem eterno de Deus. A palavra grega traduzida na Bíblia como “pecado” também significa “errar” ou “sair do caminho que conduz à justiça”. O caminho que Jesus apontou revela a existência espiritual inteiramente separada de começos e fins, posta no bem eterno de Deus.

Os pecados da vida mortal procuram nos desviar de nossa meta suprema: conhecer a Deus. Mas, se aquilo que fazemos é puro, contribuindo para uma compreensão espiritual de Deus e para amá-Lo, nisso não há pecado. Lembremo-nos de que o cristianismo, com sua interpretação científica, inclui grande amor pelos pecadores, ao passo que condena no pecado o beco sem saída que nos despojaria da herança de alegria eterna no amor do Pai.

Quanto mais perto de Deus chegamos, tanto mais longe do pecado ficamos. “A missão da Ciência Cristã não é unicamente a de curar o enfermo”, escreve a Sra. Eddy, “mas sim a de destruir o pecado no pensamento mortal.” Logo, existe um caminho que nos leva para fora do pecado e do egoísmo, um caminho para fora do ódio, da falsidade, da indiferença. A ressurreição de Jesus, de que os homens tomaram conhecimento naquela sagrada manhã de Páscoa, abre diante de nós uma vereda de ofuscante significação. Podemos tomar essa vereda e unir nosso coração a Deus. Cedemos àquilo que Deus requer  de nós por toda a eternidade: sermos o reflexo de Seu próprio bem impecável.

A rendição ao que Deus requer eternamente de nós poderá desenvolver-se em nossos corações. Por vezes, a luz da Páscoa está quase imperceptível, e, de repente, irrompe em revivado esplendor. Como nos virá inexoravelmente a todos, que aqui quer no além, torna-nos humildes, remove o desespero, e nos enaltece infinitamente mais que o orgulho e, contudo, o faz sem arrogância. A luz da ressurreição revela o homem envolto no puro amor de Deus. E, em parte, a Páscoa significa o magnífico transformar do coração desde o que é terreno para o que é celestial, onde abundam paz e esperança indescritíveis.

Entregar tudo a Deus não significa que nos tornemos eremitas, ou que nos descuidemos da família e dos amigos, ou que abandonemos o que é bom: mas temos de nos apegar à fonte divina do bem em vez de àquilo que é humano. E essa fonte é muito mais maravilhosa, muito mais cheia de amor, do que     qualquer coisa na terra que tenhamos conhecido. A Páscoa em nossos corações leva-nos para além dos conceitos de que a saúde e o amor e a justiça estão circunscritos humanamente. Capacita-nos a esperar e sentir a abundância espiritual, e a estarmos bem, não embaraçados pelas crenças mortais em hereditariedade, contágio e idade. Capacita-nos a abandonar o beco sem saída do pecado que nega Deus, e a sermos livres.;

A Páscoa faz ecoar em nossos corações a esperança e a felicidade invulneráveis porque Cristo Jesus provou que a vida do homem é indestrutível. Seus símbolos de renovação nos levam a conhecer o próprio Amor infinito. A Páscoa abençoa nossa vida terrena e faz-nos sentir os ventos da eternidade. Em Ciência e Saúde a Sra Eddy diz: “Um momento de consciência divina, ou compreensão espiritual da Vida e do Amor. é um antegozo da eternidade. Essa visão sublime, que se obtém e retém quando a Ciência do ser é compreendida, preencheria com a vida discernida espiritualmente o intervalo da morte, e o homem estaria na plena onisciência de sua imortalidade e harmonia eternas, onde o pecado, a doença e a morte são desconhecidos.” Essa pode ser a conseqüência gloriosa da Páscoa em nossos corações.

(O Arauto da Ciência Cristã – abril 1983)

"VESTINDO A CAMISA DA VERDADE"

“VESTINDO A CAMISA DA VERDADE”

DArcio

A primeira coisa que alguém que estuda a Verdade deve saber é que estas revelações são verdadeiras. Não são teorias a serem testadas! Quem “veste a camisa da Verdade” vive em seus princípios e neles se conserva destemidamente, de modo radical e inabalável. Se notar algum problema físico, saberá que este “corpo físico” não é ele! Saberá que este corpo físico é uma ilusão na forma de imagem de corpo! Saberá que esta imagem é falsa, uma imagem hipnótica de corpo, mais nada! Imagem hipnótica não pensa! Se há “algo pensante”, no sentido de admitir: “Há uma imperfeição aqui”, podemos sabemos que esta ideia não é de Deus, não é nossa, e é a ILUSÃO! Sim, pois uma ideia que não vem de Deus é ilusória! Precisa ser desconsiderada como tal!

O Corpo que temos é espiritual, “feito” com a única matéria-prima real e substancial que existe: O VERBO DIVINO! Separar conscientemente o CORPO da ILUSÃO (em meditação) é o que deve ser feito! Jamais o CORPO tem qualquer problema! Jamais o CORPO nasce, muda ou morre! É preciso “vestir a camisa da Verdade”, ou seja, fazer uma identificação plena com este eterno Corpo-Templo que somos, sem mais nos identificarmos com suas sombras projetadas no “chão da ilusão”. “Glorificai a Deus no vosso corpo”, disse Paulo.

Se notar algum problema financeiro, o que fará? Já postei um artigo sobre isso, dias atrás, intitulado “OLHOS AO CÉU”! A pessoa vive em Deus, mergulhada na Essência Autossuprida! E“formando” esta Essência de infinita abundância! Ela já é herdeira do Infinito inteiro! Irá cair no “trote” da carência? Assim não dá! É preciso “vestir a camisa da Verdade”, isto é, parar de olhar “miragens” de carência humana para se ver como Jesus, que dizia: “TUDO QUE É MEU É TEU, e TODAS AS TUAS COISAS SÃO MINHAS! Não é possível que um estudante da Verdade ainda perca tempo olhando se há suprimento em bolsos da matéria! Somos a expressão da Riqueza Infinita! Formamos o Autossuprimento absoluto! É preciso fazer a identificação plena com esta Verdade!

Se notar algum problema de relacionamento, solidão, depressão, tristeza, ou qualquer outro “tipo de nada”, a pessoa irá endossar esta farsa? Nem teria cabimento! Deverá “vestir a camisa da Verdade”,isto é, saber que “EU E O PAI SOMOS UM”, e sair confiante, ALEGRE e plena, consciente de que no VERBO que ELA É, não há mudanças e muito menos mudanças para pior!

Em suma, DEUS É TUDO! TUDO É DEUS! DEUS VIVE! DEUS É A NOSSA VIDA! Esta Verdade não será discernida por alguém que perca tempo dando atenção á mente humana e suas mentiras! “Vista a camisa da Verdade!” VOCÊ É A VERDADE!

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QUE É DEUS – III (Final)

QUE É DEUS?

(A VIDA E O ENSINAMENTO DOS

MESTRES DO ORIENTE)

Baird Spalding

(III Final)

“Por mais de cinquenta anos, depois daquele dia na cruz, ensinei e vivi com meus discípulos, muitos dos quais eu amava muitíssimo. Naqueles dias, nós nos reuníamos num lugar tranquilo fora da Judéia. Ali estávamos livres dos olhares indiscretos da superstição. Muitos adquiriram ali os grandes dotes e levaram a cabo um grande trabalho. Vendo, então, que, se eu me ausentasse por algum tempo, eu seria capaz de ensinar e ajudar a todos, ausentei-me. Além disso, eles estavam dependendo de mim em lugar de depender de si mesmos; e, no intuito de tomá-los autoconfiantes, era mister que eu me afastasse. Se eles tinham vivido em íntima associação comigo, não teriam podido encontrar-me de novo se o quisessem?

“A cruz foi, no princípio, o símbolo da maior alegria que o mundo jamais conheceu. O fundamento da cruz é o lugar em que o homem pisou na terra pela primeira vez e, portanto, a marca que simboliza a aurora de um dia celestial aqui na terra. Se vocês quiserem rastreá-la constatarão que a cruz desaparece de todo e que ela é o homem em atitude de devoção, de pé no espaço com os braços erguidos num gesto de bênção, mandando seus dotes a humanidade, derramando suas dádivas livremente em todas as direções.

“Quando vocês souberem que o Cristo é a vida apropriada dentro da forma, a energia crescente que o cientista vislumbra, mas não sabe de onde vem; quando sentirem com o Cristo que a vida é vivida de modo que pode ser dada livremente; quando aprenderem que o homem é obrigado a viver ao lado da constante dissolução das formas, e que o Cristo viveu para desistir do que o corpo dos sentidos ambicionava, pelo bem que ele não podia gozar naquele momento — vocês serão o Cristo. Quando se virem como parte da vida maior, mas dispostos a sacrificar-se pelo bem do todo; quando aprenderem a agir direito sem ser afetados pelo resultado da ajuda; quando aprenderem livremente a renunciar à vida física e a tudo o que o mundo tem para dar (isto não é nenhum sacrifício de si mesmo, pois quanto mais derem de Deus verificarão que têm mais para dar, embora, às vezes, o dever pareça exigir tudo o que a vida tem para dar. Vocês conhecerão também que aquele que quer salvar sua vida a perde) verão que o ouro puro está na parte mais profunda da fornalha, onde o fogo o purificou completamente. Vocês encontrarão grande alegria em saber que a vida que deram a outros é a vida que conquistaram. Saberão que receber é dar livremente; que, se abdicaram da forma mortal, uma vida mais elevada prevalecerá. Terão a alegre certeza de que uma vida assim conquistada é conquistada para todos.

“Vocês precisam saber que a Grande Alma de Cristo pode descer ao rio e que o andar sobre as águas só tipifica a simpatia que vocês sentem pela grande necessidade do mundo. Então vocês serão capazes de ajudar seus semelhantes sem se jactarem de virtuosos; podem passar o pão da vida às almas famintas que vieram procurá-los, mas esse pão nunca diminuirá pelo fato de ser dado; precisam continuar com energia e saber plenamente que são capazes de curar todos os que vieram procurá-los, doentes ou cansados ou pesadamente carregados, com a Palavra que deixa inteira a alma; vocês são capazes de abrir os olhos dos cegos por ignorância ou por opção. (Não importa quão baixo esteja a alma do cego, pois ele precisa sentir que a alma de Cristo está ao seu lado, e precisa descobrir que vocês pisam com pés humanos o próprio solo que ele pisa. Então conhecerão que a verdadeira Unidade do Pai e do Filho está dentro e não fora. Saberão que precisam permanecer serenos quando o Deus exterior é posto para fora e somente o Deus interior permanece. Precisam ser capazes de conter o grito de dor e de medo ao soarem as palavras ‘Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’ Mesmo assim, nessa hora, não precisam sentir-se sozinhos, pois devem saber que estão com Deus; que estão mais próximos do coração do Pai amante do que nunca. Precisam saber que, na hora em que tocam a tristeza mais profunda, é a hora em que começa o seu maior triunfo. Com tudo isso, vocês precisam saber que a dor não pode tocá-los.

“A partir dessa hora, sua voz soará com um grande canto livre, pois saberão que vocês são o Cristo, a luz que brilhará entre os homens e para os homens. Conhecerão a treva que existe em toda a alma que não encontra uma mão auxiliadora para apertar enquanto caminha pela estrada acidentada antes de descobrir o Cristo no seu interior.

“Vocês precisam saber que são realmente divinos e, sendo divinos, precisarão ver que todos os homens são como vocês. Saberão que há lugares escuros que terão de trans­por com a luz que levarão para o mais alto, e a alma de vocês ressoará em louvor do fato de poderem prestar serviço a todos os homens. E então, com um grito alegre e livre, subirão ao seu ponto mais alto na união com Deus.

“Agora sabem que não há substituição de sua vida por outras vidas, nem de sua pureza pelos pecados dos outros; mas que todos são espíritos alegres e livres em si mesmos e em Deus. Sabem que poderão alcançá-los, ao passo que eles não podem alcançar-se uns aos outros; que não podem deixar de dar sua vida pela vida de cada alma, para que ela não pereça. Entretanto, precisam ser tão reverentes para com essa alma que não derramarão sobre ela uma torrente de vida, a menos que a vida dessa alma se abra para recebê-la. Mas derramarão livremente sobre ela uma torrente de amor, de vida e de luz, de modo que, quando ela abrir as janelas, a luz de Deus entrará por elas e a iluminará. Saberão que em cada Cristo que nasce, a humanidade sobe mais um degrau. E saberão muito bem que vocês têm tudo o que tem o Pai; e, tendo-o todos, é para todos usarem. Precisam saber que à medida que se elevam e são fiéis, elevam consigo o mundo inteiro; pois à medida que palmilham o caminho, este se torna mais plano para os seus semelhantes. Precisam ter fé em si mesmos, sabendo perfeitamente que essa fé é Deus dentro de vocês. Finalmente, precisam saber que são um templo de Deus, uma casa que não foi feita com as mãos, imortal assim na terra como no céu.

“E eles cantarão de vocês, ‘Salve todos, Salve todos, Aí vem o Rei. E, vejam, Ele está sempre com vocês. Vocês estão em Deus, e Ele está em vocês’.”

Jesus levantou-se, dizendo-se obrigado a deixar-nos, porque devia estar em casa de outro Irmão, na mesma aldeia, naquela noite. Todos os presentes se levantaram. Jesus abençoou a todos e, em companhia de dois participantes da reunião, saiu da sala.

QUE É DEUS – (II)

QUE É DEUS?

(A VIDA E O ENSINAMENTO DOS

MESTRES DO ORIENTE)

Baird Spalding

( II )

“Quando eu disse, ‘Eu sou o Cristo, o único gerado por Deus’, não o declarei por mim mesmo apenas, pois, se o tivesse feito, não poderia tornar-me o Cristo. Digo claramente que, para produzir o Cristo, eu, assim como todos os outros, precisamos declará-lo; pois precisa­mos viver a vida, e o Cristo precisa aparecer. Vocês podem manifestar o Cristo quanto quiserem mas, se não viverem a Vida, o Cristo nunca aparecerá. Pensem muito, queridos amigos: se todos manifestassem o Cristo e depois vivessem a Vida durante um ou cinco anos, que despertar haveria? Não se podem imaginar as possibilidades. Esta foi a visão que eu vi. Queridos, vocês não podem, porventura, colocar-se onde eu estava e ver o que eu vi? Por que me cercam com as trevas e com o lodo da superstição? Por que não erguem a vista, a mente e os pensamentos para o alto e não veem com uma visão clara? Veriam, então, que não existem milagres, nem mistérios, nem dor, nem imperfeição, nem desarmonia, nem morte, exceto os que o homem fez. Quando eu disse, ‘Venci a morte’, eu sabia de que estava falando; mas foi preciso a crucificação para mostrá-lo a esses queridos.

“Existem muitos de nós reunidos para ajudar o mundo inteiro e esse é o trabalho da nossa vida. Houve momentos em que foram necessárias as nossas energias combinadas para repelir as ondas dos maus pensamentos, da dúvida, da descrença e da superstição, que quase engoliram a humanidade toda. Vocês podem chamar-lhes forças do mal, se quiserem. Sabemos que elas são más apenas na medida em que o homem as faz assim. Mas agora vemos a luz ficar cada vez mais brilhante, à medida que nossos amados se desfazem de seus grilhões. Pode ser que, ao desprender-se dessas cadeias, a humanidade se afunde por algum tempo, na materialidade; mesmo assim, porém, é um passo mais vizinho da meta, pois a materialidade não prende ninguém como prendem a superstição, o mito e o mistério. Quando andei sobre a água naquele dia, acham vocês que eu dirigi meus olhos para grandes profundezas, a substância material? Não, fitei meus olhos firmemente no Poder de Deus, que transcende todo poder do abismo. No momento em que fiz isso, a água tornou-se tão firme quanto uma rocha e pude caminhar sobre ela com perfeita segurança.”

Jesus parou de falar por um momento, e um membro do nosso grupo perguntou: ‘O fato de estarmos aqui conversando não o impede de prosseguir no seu trabalho?” Jesus respondeu: “Não se pode obstar a um dos nossos amigos que aqui estão, nem por um momento, e eu acredito estar incluído entre vocês.”Alguém sobreveio: “Você é nosso Irmão.” O rosto de Jesus iluminou-se com um sorriso ao dizer: “Obrigado. Eu sempre lhes chamei Irmãos.”

Nesse momento, um do grupo voltou-se e perguntou a Jesus: “Podem todos revelar o Cristo?” Ele respondeu: “Sim, toda realização só tem um fim. O homem veio de Deus e precisa voltar para Deus. Aquele que desceu dos céus precisa subir de novo para o céu. A história do Cristo não começou com o meu nascimento, nem terminou com a crucificação. O Cristo passou a existir quando Deus criou o primeiro homem à Sua própria imagem e semelhança. O Cristo e aquele homem eram um só; todos os homens e aquele homem são um só. Assim como Deus era o seu Pai, assim também Ele é o pai de todos os homens e todos são filhos de Deus. Assim como o filho tem a qualidade dos pais, assim o Cristo está em cada criança. Por muitos anos, a criança viveu e compreendeu sua Messianidade, sua identidade com Deus, através do Cristo em si mesma. Começou, então, a história do Cristo e vocês podem fazê-la remontar ao princípio do homem. Que o Cristo significa mais do que o homem Jesus, não há dúvida. Se eu não o tivesse percebido, não teria produzido o Cristo. Para mim, esta é a pérola sem preço, o vinho velho em odres novos, a verdade que muitos outros já apresentaram e, desse modo, realizaram os ideais que eu realizei e provei.

Continua…>

QUE É DEUS (I)


QUE É DEUS?

(A VIDA E O ENSINAMENTO DOS

MESTRES DO ORIENTE)

Baird Spalding

( I )

Mais tarde a conversa derivou para Deus, e alguém do grupo confessou: “Eu gostaria de saber quem ou o que realmente é Deus.” Jesus tomou da palavra e respondeu: “Eu creio que compreendo o motivo da pergunta que vocês gostariam de ver esclarecida na sua própria mente. São os muitos pensamentos e idéias conflitantes que aturdem ou perturbam o mundo de hoje sem referência à origem da palavra. Deus é o princípio que está por trás de tudo o que existe hoje. O princípio por trás de uma coisa é Espírito; e Espírito é Onipotente, Onipresente, Onisciente. Deus é a Mente, causa direta e diretora de todo o bem que vemos ao nosso redor. Deus é a fonte de todo o Amor verdadeiro que mantém juntas umas às outras todas as formas. Deus é um princípio impessoal. Deus nunca é pessoal, a não ser quando se converte, para cada indivíduo, em amoroso Pai-Mãe pessoal. Para o indivíduo, Ele pode ser um Pai-Mãe pessoal e amoroso, que tudo dá. Deus nunca se transforma num grande ser localizado nos céus, num lugar chamado paraíso, onde tem um trono no qual se senta e julga as pessoas depois que elas morrem; pois Deus é a própria Vida e essa vida nunca morre. Isto é apenas um equívoco produzido pelo pensamento ignorante do homem, assim como inúmeras malformações produzidas que vocês veem no mundo à sua volta. Deus não é um juiz nem um rei que pode impor-lhes Sua presença ou arrastá-los à barra dos tribunais. Deus é um Pai-Mãe amante e pródigo, que, quando você se aproxima, estende os braços e o envolve. Não importa quem ou o que é você, nem o que você possa ter sido. Você é filho d’Ele, exatamente como quando O procura com o coração e para uma finalidade digna. Se você fosse o Filho Pródigo que virou as costas para a casa do Pai e está cansado das palhas secas da vida, que dá como forragem aos porcos, pode voltar novamente o rosto para a casa paterna e ter a certeza de uma acolhida carinhosa. Ali, o banquete está sempre à sua espera. A mesa está sempre posta e, quando você regressar, não ouvirá nenhuma censura do irmão que regressou antes de você.

“O amor de Deus é como uma fonte pura que jorra de uma montanha. Em sua origem, ela é pura, mas à proporção que flui em seu curso, torna-se turva e poluída até jogar-se no oceano tão impura que nem sequer se parece com a que emergiu do manancial. A medida que entra no oceano, vai se desfazendo da lama e da vasa e deixando-as cair ao fundo, de onde volta a subir à superfície como parte do oceano álacre e livre, do qual pode ser tirada de novo para retemperar a fonte.

“Vocês podem ver Deus e falar com Ele a qualquer momento, justamente como podem ver seu pai, sua mãe, seu irmão ou seu amigo, e conversar com eles. Com efeito, Ele está muito mais próximo do que qualquer mortal pode estar. Deus é muito mais querido e muito mais sincero do que qualquer amigo. Deus nunca está cansado, nem zangado, nem abatido. Nunca destrói, nem fere, nem estorva nenhum dos filhos, criaturas ou criações. Se Deus fizesse essas coisas, não seria Deus. O deus que julga ou destrói seus filhos, suas criaturas ou suas criações, ou que lhes nega alguma coisa boa, é apenas um deus invocado somente pelo pensamento irrefletido do homem; e vocês não precisam temer esse deus, a não ser que queiram fazê-lo. Pois o verdadeiro Deus estende a sua mão e diz: ‘Tudo o que tenho é teu.’ Quando um dos seus poetas disse que Deus está mais próximo do que a respiração e mais perto do que as mãos e os pés, ele foi inspirado por Deus. Todos são inspirados por Deus quando a inspiração é para o bem ou para o certo, e todos podem ser inspirados por Deus a qualquer momento; basta que o queiram.

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HOMEM-ESSÊNCIA E HOMEM CARNAL

HOMEM-ESSÊNCIA

E HOMEM CARNAL

Masaharu Taniguchi

Sakyamuni disse: “A mente ressentida jamais poderá desfazer o ressentimento”. Da mesma forma, a mente iludida do homem carnal jamais poderá desfazer a ilusão. O homem carnal não existe verdadeiramente. Não sendo existência verdadeira, desintegra-se com o tempo. É natural que o que “não existe” seja imperfeito; existe somente o que é perfeito. É natural que “o que não existe” não possa compreender “o que existe”. Pergunta-se: “Por que o homem, filho de Deus, que deve ser perfeito, não consegue intuir a sua Essência?”; mas, o Homem-Essência, que é “filho de Deus” e que é perfeito, não precisa intuir a sua Essência, pois ele é a própria Essência.

Não adianta querer entender intelectualmente esse assunto, pois a inteligência do homem carnal é incapaz de entendê-lo. Entretanto, tornando-se menos densa a “inteligência do homem carnal” (ilusão), começa a se manifestar a luz da sabedoria da Essência (Deus), da mesma forma que o sol aparece quando a neblina cede. Ao fato de a luz da sabedoria da Essência começar a brilhar rompendo a treva da ilusão, dizemos “conhecer a perfeição do Homem-Essência através da intuição”.

A inteligência do homem carnal é como a treva, e o Homem-Essência é como a luz.

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