Eckhart Tolle
A Verdade nos leva muito além do que a mente é capaz de compreender.
A Verdade nos leva muito além do que a mente é capaz de compreender.
…Em verdade vos digo, se tiverdes fé e não duvidardes, não somente fareis o que foi feito à figueira, mas até mesmo se a este monte disserdes: ergue-te e lança-te ao mar, tal sucederá (Mateus 21:21).
Esta declaração de Jesus é, talvez, a maior declaração espiritual que ele jamais fez. Jesus conhecia a lei da fé, e provou isso muitas vezes. Moveremos montanhas quando estivermos dispostos a acreditar que podemos, e então não apenas montanhas serão movidas, mas o planeta inteiro será redimido e reformado segundo o Padrão da Montanha.
Contemple a frase “Eu e o Pai somos um” dessa maneira, discernindo que a SUA Consciência, contemplando esta UNIDADE, é a própria Substância ATIVA dessa UNIDADE, A EVIDÊNCIA EM SI DESSA VERDADE ABSOLUTA.
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Por exemplo: você está olhando para uma casa. Qual é a substância desta casa (A verdadeira substância, e não a mera substância material.)? Alguns poderiam responder “a substância da casa são os elementos com os quais ela foi construída: tijolos, pedra, cimento, areia, etc.”. Do ponto de vista material, esses elementos são a substância da casa. Mas então… qual a substância dos tijolos, da pedra, do cimento e da areia? Então outra pessoa poderia respoder: “a terra! E, no caso do cimento, também a água!”. Vamos mais a fundo, então. E qual é a substância da terra e da água? “São as moléculas invisíveis, átomos, a energia, etc.”, alguém também poderia responder assim. E qual é a substância de todas essas coisas (a molécula, o átomo, a energia indivisível…), qual é a substância de todas as coisas existentes? É a Consciência.
Tudo o que existe, emerge/surge/provém da consciência. Aquela casa que você estava olhando possui como substância a Consciência da pessoa que a está olhando (no caso, você!). Todas as coisas surgem na consciências, porque estão na consciência e são feitas de consciência.
O componente, a substância mais básica de tudo que existe fenomenicamente/materialmente é a Consciência. Não é a energia indivisível, ela. Mesmo a energia indivisível existe na Consciência.
Tudo o que você vê, todas as coisas e pessoas que existem no seu mundo – o seu próprio mundo! – existem por ausa da Consciência que você é. Se a sua Consciência não estivesse presente, eles não existiriam. Se Sua Consciência sumisse, tudo o que aparece dentro dela sumiria no mesmo instante. Portanto, o primeiro ponto importante para a compreensão deste texto é que “A CONSCIÊNCIA É SUBSTÂNCIA”.
Tudo o que a Consciência vê, ela é! A Consciência mantém uma relação de UNIDADE com tudo o que existe dentro dela. As pessoas pensam que elas existem no mundo, pensam que elas são corpos de “carne e ossos”, e esses corpos existem dentro do planeta em que vivemos. Mas essa visão é uma visão mental, e não espiritual. A Visão espiritual é consciencial. Pela visão consciencial, o homem passará a perceber que tudo aquilo que ele vê existe dentro de sua Consciência. A Consciência é como a tela da televisão, onde todas as coisas aparecem. Se a tela da TV estiver mostrando a cena do planeta Terra visto do espaço, então, o planeta terra inteiro estará dentro da pequena “tela” da televisão. Com a Consciência que somos ocorre o mesmo: o mundo inteiro existe dentro de nossa consciência, inclusive o nosso corpo material. Não somos o corpo material, somos a Consciência. Nosso corpo carnal é tão nosso como o corpo carnal do nosso próximo, porque ambos aparecem na mesma Consciência. Pelo fato de a Consciência manter uma relação de Unidade com todas as coisas que estão nela, então tudo é UM.
Se eu desejo saúde, então essa saúde já existe. Talvez não exista no mundo, mas ela existe na Consciência que sou, e, por isso, já sou UNO com a saúde que eu busco. Se eu compreender isso, logo compreenderei também que não é necessário a mim buscar essa saúde – Eu já a sou. Tudo o que é contemplado pela Consciência é encontrado – pelo fato da coisa contemplada já existir.
A Consciência só pode ver ou perceber algo em razão de um único motivo: ela é é UM com esse algo. Se você viu uma casa, a casa só pôde ser vista porque ela e sua Consciência são UM. Se as pessoas que você conhece existem, elas só existem porque todas são UNAS com a sua Consciência. E, se o seu corpo e o seu próprio ser existe, se você é capaz de percebê-lo, é porque todo o seu ser é UM com a mesma Consciência. Em razão disso, concluímos: só há uma Consciência, que é UM com todas as coisas existentes. Essa Consciência, infinita, invisível, imaterial, é DEUS. E nós somos UM com ELE.
“A CONSCIÊNCIA EM CONTEMPLAÇÃO É SUBSTÂNCIA EM AÇÃO” – Tudo o que for contemplado pela Consciência, aparecerá, porque já existe e porque é UM com ela. Assim, quando a Consciência contempla um objeto, ela está na verdade contemplando a Si mesma, exercendo uma ação sobre Si mesma. Ela é a própria Substância do objeto contemplado e, ao contemplá-lo, põe-se em atividade\ação de “reconhecer a existência” do próprio objeto que está sendo contemplado (ou seja, de Si mesma).
A Consciência é a Substância de toda existência, de todas as pessoas, coisas e fatos. Tudo é um. E tudo o que, por meio da “Subatância em ação”, surgir na sua percepção será a EVIDÊNCIA da “própria Consciência que contempla”. Porque tudo é UM, porque, “não há outro além de MIM”.
É surpreendente como muitas pessoas inteligentes gastam os melhores dias de sua vida pondo ovos de dinossauro que nunca chocam. Ou por falta de energia, ou por falta de planejamento inteligente, ou por não fazer de Deus um sócio, ou, mais frequentemente, por pura confusão mental, elas põem um ovo excelente e depois se esquecem dele. Não inicie um plano, a não ser que você pense que ele realmente vale a pena; se você está convencido disso, não descanse até poder colher os frutos dele.
Se essa perfeição do Mundo da Realidade não aparece no mundo fenomênico é simplesmente porque vemos o mundo através da “mente em ilusão”. O mundo parece torto como se fosse visto através de vidro distorcido, mas, na verdade, não está torto.
Em seguida, identifique-se com Deus. Proclame sua inseparável união com Deus. Declare que, consequentemente, V. é também infinita justiça; a justiça de Deus é a sua própria ação em todos os sentidos.
Ao estudar essa declaração, V. há de capacitar-se de que, em verdade, uma das qualidades de Deus como divina lei é infinita justiça,sempre atuante por todo o universo.
Então V. chegará a compreender que, por ser filho de Deus, com liberdade de decisão e comando do poder, das faculdades e das qualidades do Ser, poderá determinar precisamente o que há de advir à sua vida. Poderá determinar o que a infinita justiça lhe proporcionará. Poderá determinar o que suas atitudes e atos para com os outros lhe trarão como resultado das impressões que tiverem sobre o que V. manifestar.
Porquanto Deus é infinita justiça, poderá V. sempre alternar as causas que puser em operação e assim alterar os resultados. É-lhe ela apropriada segundo V. mesmo a determine por suas atitudes e atos.
Outro respondeu: “Comprei cinco juntas de bois, e preciso experimentá-los; rogo-te me tenhas por escusado”.
Um terceiro replicou: “Casei-me, e por isto não posso ir”. Este nem sequer pediu desculpas.
Os mensageiros relataram tudo isto a seu senhor. Ao que este lhes ordenou: “Ide pelos povoados e aldeias e convidai a todos os que encontrardes, cegos, coxos, aleijados, para que se encha a minha casa. E assim se fez.
Mas nenhum daqueles que haviam sido convidados em primeiro lugar provou o banquete.
Aí está um retrato fiel da humanidade de todos os tempos!
Todos são convidados para a grande solenidade, mas nem todos atendem ao convite.
O banquete é o reino de Deus – o reino de Deus, porém, está dentro do homem. É o “tesouro oculto”, é a “pérola preciosa”.
Muitos homens acham que têm coisa mais importante a fazer do que encontrar a “parte boa” que Maria encontrara; andam por demais atarefados com a parte de Marta. Conhecem muitos objetos, mas ignoram o seu próprio sujeito. Realizam tudo – menos a si mesmos…
Longo e árduo é o caminho para esse misterioso. Além de dentro…Sem conta são os percalços que o homem-ego criou no caminho para o homem-Eu…
Todos os homens são convidados pelo Cristo interno – e, não raro, pelos arautos do Cristo externo – para tomarem parte na festa nupcial de sua alma, no consórcio místico entre sua alma e o divino Esposo. Todos, seja qual for a sua profissão ou condição social – lavradores, criadores de gado, homens e mulheres, solteiros e casados, sábios e ignorantes –porquanto “a luz ilumina a todo homem que vem a este mundo”.
Muitos homens, porém, não querem escutar a voz silenciosa da sua própria alma. Não conhecem o tesouro oculto e a pérola preciosa de seu próprio Eu espiritual; só conhecem a ganga de seu ego físico-mental. A luz do Logos, é verdade, ilumina a todos, mas somente aos que recebem em si esta luz divina, é-lhes dado o poder de se tornarem filhos de Deus. Não basta que a luz divina esteja presente ao homem, é necessário que também o homem se torne presente a essa luz.
É tão difícil, no princípio, o homem atender a essa voz silenciosa de dentro, porque os ruídos de fora abafam tudo com as suas brutalidades profanas. O homem obsessionado pela violenta sedução dos objetos materiais – dinheiro, possessões, prazeres, vanglórias, ambições – dificilmente encontra tempo para atender ao discreto murmúrio de sua alma. As quantidades de fora são tão conhecidas, e a qualidade de dentro é tão desconhecida.
E é fácil encontrar escusas para não comparecer ao banquete espiritual. Nunca temos tempo para aquilo de que não gostamos – mas para aquilo de que gostamos nunca falta tempo; e, se faltasse, íamos fabricá-lo. O tempo, a bem dizer, não é algo que exista objetivamente; somos nós mesmos que o fazemos, segundo as nossas predileções. O lúcifer da nossa inteligência é duma incrível sagacidade; justifica habilmente todas as suas complacências; prova com facilidade que o preto é branco, que o círculo é quadrado, que o não é idêntico ao sim. Para tudo quanto a vontade quer, encontra a inteligência um sistema científico ou filosófico que justifique as predileções da vontade
O homem profano se impressiona muito mais com o que tem do que com o que é, os seus teres – campos, animais, mulheres – lhe são visíveis; o seu ser lhe é invisível.
Agradece à Pátria.
Agradece a teu pai e a tua mãe.
Agradece a teu marido ou a tua mulher.
Agradece a teus filhos.
Agradece a teus criados.
Agradece a todas as pessoas.
Agradece a todas as coisas do céu e da terra.
Somente dentro desse sentimento de gratidão é que poderás ver-Me e receber a Minha salvação. Como sou o Todo de tudo, estarei somente dentro daquele que estiver reconciliado com todas as coisas do céu e da terra. Não sou presença que possa ser vista aqui ou acolá. Por isso não me incorporo em médiuns. Não penses que, chamando por Deus através de um médium, Deus possa Se revelar. Se queres chamar-Me, reconcilia-te com todas as coisas dó céu e da terra e chama por Mim. Porque sou Amor, ao te reconciliar com todas as coisas do céu e da terra, aí, então, Me revelarei.”
(Revelação Divina da noite de 27 de setembro de 1931)
SEICHO-NO-IEEsse é o estado de que o poema da Seicho-no-Ie está falando. Quando ele diz: “Reconcilia-te com todas as coisas do céu e da terra”, está na verdade dizendo: “torna-te UM com todas as coisas do céu e da terra”.
Não há como alcançar um relacionamento com Deus, se não for através da UNIDADE. A UNIDADE é o lugar onde Deus reside, é seu endereço, seu CEP… Ninguém pode vir a conhecer verdadeiramente a Deus tentando isso através da dualidade.
O sentido da palavra “reconciliar”, contida no poema, traz o significado de que devemos perceber que nós não somos seres separados/isolados de pessoas e coisas que existem além de nós. O nosso Ser abarca toda a existência, toda a vida: e isso abrange todas as pessoas coisas e fatos. O Ser que somos é Consciência – é como se fosse a tela de uma televisão, onde todas as cenas nela aparecem. Tudo com que nos deparamos são “cenas” aparecendo diante de nossa Consciência. Nela, vemos a cena de que “somos um corpo material”, uma cena de que “eu estou separado do outro, porquanto tenho o meu próprio corpo físico e ele tem o dele, e os nossos corpos não são o mesmo”… tudo isso é uma ilusão que nos faz acreditar que somos os personagens que aparecem na tela da Consciência, ao invés da própria Consciência, onde tudo aparece. Você já parou para pensar ou tentar perceber: Você existe no mundo, ou o mundo existe em você? Você está dentro do mundo, ou é o mundo que está dentro de você? Se o mundo estiver contido dentro de você, então quem você é?
O texto que segue, de Allen White, fala exatamente sobre isso. Muito oportuno, portanto, inserí-lo neste post:
“Muitos, quando pensam em si mesmos, ou quando pensam sobre a própria identidade, confinam-se à forma corporal. Se pedirmos que se apontem, apontarão o próprio corpo. Com tal conceito finito de si mesmos, não é de se estranhar que a vida e a experiência destes aparentem ser tão limitadas! O antídoto ao que se mostra como limitado viver, está na REALIZAÇÃO DA IDENTIDADE INFINITA.
Quando você diz com compreensão (como fez Jesus), ‘Eu e o Pai somos um’, elimina todo o conceito de um eu finito. Você entende que sua Identidade Infinita não está confinada dentro de uma forma chamada Corpo; antes, você se compenetra de que seu Corpo está incluso em sua Identidade Infinita.
O seu ‘Eu’ é sem fronteiras. O seu ‘Eu’ é ilimitado e inconfinado. O seu ‘Eu’ é Onipresente. Há somente o UM. Este Um é Infinitude em Si. Este Um é o “Eu” que você é.
Não creia nisso só porque eu escrevi. Leve o assunto à sua própria Consciência (Deus). Indague se é verdadeiro. Ouça a resposta. Não se deixe desapontar esperando pela resposta a ponto de criá-la de você mesmo.
Uma vez descoberto seu Eu infinito (ou mesmo antes), contemple-o assiduamente e verá sua vida “se expandir”, sem nenhum esforço, em surpreendentes maneiras de evidenciar o seu Eu infinito.”
Você é o EU ÚNICO! O EU ÚNICO que manifesta tanto a sua forma física, quanto a forma física do outro, que parece ser isolado e separado de você. Quando você é o EU ÚNICO, o outro também é você! Você está na Unidade! Perceba essa Unidade existente entre todas as coisas! E mantenha sua Consciência nesse âmbito, longe das ilusões de separatividade, de dualidade. Habituando-se a manter sua atenção elevada ao plano da Unidade, virá o dia, quando você menos esperar, em que se dará o seu despertar espiritual: o mesmo despertar espiritual que aconteceu a tantos mestres iluminados, e que eles vêm tentando nos transmitir ao longo dos tempos.
Dois posts atrás, na história que narra o encontro de Papaji com Ramana Maharshi, podemos observar que, assim que ele despertou, quando aconteceu a ele a tão esperada transformação espiritual, houve um súbito reconhecimento/compreensão de que aquele homem (Ramana Maharshi) com quem ele falava era, na realidade, aquilo que ele já era, e sempre havia sido! Ele reconheceu finalmente a Presença Única. Naquele momento, Papaji reconciliou-se “com todas as coisas do céu e da terra”. Todas as coisas do céu e da terra não eram outras senão ele próprio. “Reconciliar-se” significa perceber que eu e o outro somos UM – não somente “eu” e o “outro”, mas que tudo é UM.
Esse estado de UNIDADE traz junto consigo um sentimento de gratidão. Você existe sozinho! E você possui todo o Reino para celebrar, cantar, dançar, para desfrutar dele! Ele é todo seu, e você tem tudo! O Amor de Deus não lhe dá menos que isso. Tudo o que o Pai tem, você tem! Tudo o que o Pai é, você é. Você é filho de Deus! O sentimento, a compreensão que devemos buscar atingir é: “Porque Deus É, Eu Sou”. Isso traduz tudo. Não retendo nada de Si, Deus se faz totalmente presente em sua criação, o que permitiu a Jesus dizer de si mesmo: “Eu e o Pai somos Um”. Isso revela a a relação de Deus com o homem: a filiação divina, na UNIDADE, do homem com Deus.
Quando o poema diz para buscarmos nos “reconciliar com todas as coisas do céu e da terra” e “agradecer a todas as coisas do céu e da terra”, é para que saiamos de nosso estado mental de discórdia, de desarmonia, de insatisfação – estados mentais que nos fazem acreditar num sentido de dualidade da existência. Todo sentimento que traduz um ‘senso pessoal de eu’ (ego), como ódio, rancor, desarmonia, etc., existe baseado na falsa percepção de que “há alguém lá fora separado de mim, contra quem devo lutar”, e isso faz o homem aterrar-se ainda mais na ilusão de dualidade. Jogue fora a dualidade, fique com a Unidade. Reconheça o UM, a Vida de Deus, em cada ser existente. Você é tudo aquilo que vê. Então você estará reconciliado com todas as coisas do céu e da terra. Quando há só UM, não existe a presença de algo que possa lhe atingir ou ser contra você. A UNIDADE é um Todo harmonioso. Ela não pode ser contra ela mesma, não pode ferir, prejudicar ou causar dano a si mesma. Toda UNIDADE é harmoniosa. Onde quer que haja UNIDADE, você não será capaz de, nela, encontrar algo que a ela possa se opor. Nada jamais se opõe contra si mesmo. “A casa que se divide contra si mesma, não subsiste”, disse Jesus. Por isso a dualidade é ilusória, transitória, efêmera. Ela não subsiste, porque é uma “casa dividida”. Estando reconciliado com todas as coisas do céu e da terra, na UNIDADE, você será capaz de manter-se dentro de um sentimento de plenitude, que lhe trará somente um estado de gratidão. Aí você finalmente poderá ver a Deus, receber a Salvação de Deus, conforme anuncia o poema.
UNIDADE
A graça convida-me a despertar, a olhar para frente e estar sempre pronto para abraçar maiores bens, que certamente virão. Sou um bem-amado filho de Deus. Ele sempre está uno comigo e estimula-me a escrever novo e admirável capítulo na história de minha vida. Percebo a graça à medida que amo a mim mesmo e aos outros incondicionalmente. Procuro ver, além da aparência, alegria, promessas divinas, realizações em minha própria vida e na dos meus semelhantes.
Graça é descobrir, através do silêncio, que revelação não é conhecimento apenas, mas é poder, poder misterioso que traz as transformações. Pai-Amor, ensina-me a arte da contemplação. Quero perceber, com Sua ajuda, o transcendente em minha vida e poder dizer como o apóstolo Paulo disse:
“A Tua Graça me basta!”.Emmet Fox
Naturalmente, isso não significa que não seja bom ter um dia de descanso uma vez por semana, pois sem dúvida o é. Apesar disso, porém, devemos tentar fazer de todos os dias da semana o Dia do Senhor.
Muitas pessoas se referem ao domingo como o Sabá, mas não é assim. O domingo é justamente chamado o Dia do Senhor, porque sempre foi dedicado à glória de Jesus Cristo. O Sabá é o sábado, que significa o sétimo dia. Apesar disso, sábado, o Sabá, é um dia tão santo e sagrado quanto qualquer dos outros seis.
Dediquemos todos os dias ao serviço de Deus e busquemos viver na Sua Presença, e teremos sete Dias do Senhor todas as semanas. É isso o que Jesus teria desejado.
Ao passar pelos portais da prece, faço, por um momento, uma pausa, embalando-me pela irradiação do puro amor e sustentação incondicional do meu Cristo. Sinto a presença amorosa de Deus envolver-me tão prontamente que, reconhecidamente, dou graças, entregando-me de todo o meu coração.
Nestes momentos, uma nova luz e compreensão despontam em meu ser. Sinto que Deus é a minha alegria.
No meu reino interno, somente Deus me aguarda. Nada se requer de mim a não ser que eu me silencie e me entregue a Ele. Sou um com Deus. E esse reconhecimento me preenche de um amor e uma alegria que transcendem qualquer necessidade verbal, pois meras palavras não podem exprimir a grandiosidade dessa comunhão.
“Entrai pelas portas Dele, com gratidão, e em Seus átrios com louvor, louvai-O e bendizei o Seu nome.”Essas pessoas criam fantasmas com sua imaginação. Embora não existam realmente fantasmas, há uma infalível lei da mente, que determina: “Tudo que se pensa, concretiza-se”. Então, mesmo fantasmas que não existem, ocorrem de fato na vida da pessoa, reforçando a ideia de que o mundo é, efetivamente, cheio de maldade.
Mas o mundo é obra de Deus. E Deus jamais criou o mal ou algo negativo e maléfico. É a perfeição criada por Deus que por vezes é encoberta pela maldade ilusória. Não devemos nos fixar nessas ilusões, porque elas são apenas reflexos de pensamentos negativos.
A partir de agora, deixe de acreditar definitivamente que objetos ou pessoas possam feri-lo de alguma maneira! Creia que neste mundo criado por Deus só existem amor e bondade! Eles estão repletos, em toda parte. Nesse momento, conscientize que a aparência que se manifesta no mundo visual não passa de reflexo de algum pensamento seu no passado!
Tudo que existe de verdade, que é imutável, foi criado por Deus. Sendo Ele perfeito e harmonioso, jamais criou algo que possa prejudicá-lo. Se algo o fere ou o incomoda, pode ter certeza de que no passado, remoto ou recente, você abrigou e continua a abrigar pensamentos desarmoniosos, atribuindo a outrem comportamentos hostis. O mal que você percebe fisicamente é concretização do seu próprio pensamento negativo.
Eleve cada vez mais sua conscientização, atingindo o paraíso, o reino de Deus. Você descobrirá, com certeza, a presença de Deus dentro de si mesmo.
Você pode estar sofrendo de doença ou pobreza, mas em sua natureza verdadeira continua perfeito, completo e harmonioso e nunca esteve doente nem pobre. Os males exteriores não passam de nuvens passageiras encobrindo a lua cheia.
Deus está dentro de você. Conscientize que há dentro de si infinitas e riquíssimas matérias-primas aguardando que você as extraia.
Conscientize a presença universal de Deus. Se Deus é universal, Ele está também em seu íntimo. Deus é luz e o orienta de dentro e de fora. De dentro, Ele Se manifesta sob forma de intuição; de fora, Ele surge sob forma de toda espécie de providência divina. Todas essas orientações de Deus têm o objetivo de elevá-lo. Mesmo que quisesse, você não poderia fugir de Deus. Quando você fica doente, Deus continua presente em seu interior como fonte de saúde. Se encontra-se pobre, Deus está no seu íntimo como fonte de todas as riquezas. Basta você se voltar a Deus para, imediatamente, obter saúde perfeita e acesso a todas as riquezas.
Tais pessoas me fazem lembrar de um certo homem que costumava vangloriar-se de que tinha uma moléstia que ninguém podia curar. Parece que tinha desafiado como êxito todo o tipo de tratamento conhecido, e sempre saíra triunfantemente vencedor, ainda que de posse do seu mal. Sua esposa acabou por curá-lo exclusivamente pela prece, mas era uma mulher paciente e perseverante.
É claro que, se você fica dizendo ou pensando que não pode fazer com que a doutrina funcione (o que, em geral, significa que não espera que funcione), está fazendo uma lei para si próprio nesse sentido, e jamais deve cansar-se de recordar que, quando faz uma lei para si próprio, tem que viver segundo essa lei. Você pode já conhecer essa lei há 40 ou 50 anos, porém, sendo humano, tende a esquecê-la, ao menos ocasionalmente.
A mulher do tal homem provavelmente indica o caminho para a superação desse erro, A chave para o sucesso com tais problemas reside exatamente nas qualidades que ela obviamente possuía: paciência combinada a uma expectativa suave e descansada do êxito.
O paciente a quem curou não é um espécime raro, nem é desconhecido de pessoa alguma. É provável que deparemos com a cara dele no espelho a qualquer momento!
O que vemos com a mente não-iluminada é uma percepção equivocada da Realidade divina. Há uma diferença enorme entre acreditar que algo seja real e aquilo ser real de fato. Somos UM com Deus, e, nessa Unidade, reconhecemos somente um Eu, uma Vida. Transcendendo o hipnotismo, contemplamos a glória do Universo de Deus.
Jesus diz: “Vinde a Mim, os que estão cansados e sedentos, e EU vos aliviarei”, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida…”, “Aquele que crer em MIM, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva… e ainda que ele morra, viverá”, “Se pedirdes ao Pai em meu nome, sereis atendidos”. Buda diz: “Aquele que crer em MIM e chamar pelo meu nome, será salvo e eu lhe mostrarei a Terra Pura”. Krishna diz: “Mas, quem de coração puro se voltar a MIM e fizer em meu espírito tudo quanto faz – quem renunciar a si mesmo e, dia e noite, firmado em MIM, me servir -, esse será salvo por MIM do tempestuoso mar da existência desse inconstante mundo do nascer e do morrer, porque buscou refúgio em MIM.” Deus é misericordioso demais! Só existe um EU. Este EU apareceu neste mundo como Jesus, como Buda, como Krishna e, por Revelação, está aparecendo também como cada vida existente, como cada um de nós. Possuímos o mesmo Espírito, a mesma Essência, porquanto no universo inteiro há um único EU, uma única Presença, uma única Vida. Esta é a Revelação. Os iluminados compreenderam esta Unicidade. Este EU único é o que tem aparecido através dos tempos para mostrar a humanidade o Caminho da Vida.
No livro “A Verdade da Vida, vol. 01”, o Professor Masaharu Taniguchi relata uma experiência mística/espiritual que de fato foi vivida por um homem que ele havia conhecido. Segue a transcrição do texto:
“O sr. Giichi Ano era um respeitável seguidor do Budismo. Mensalmente convidava um mestre budista e realizava uma reunião para que jovens e fiéis de sua vila pudessem ouvir boas palavras. Desde quando era jovem de uns 20 anos, pensava seriamente sobre o assunto “vida”. Quanto mais pensava, mais foi-se embaraçando nos indecifráveis sofrimentos humanos e chegou a um ponto tal de confusão, que pensou até em se matar, tamanha era sua seriedade. Ele era herdeiro de uma fábrica de molho de soja, por isso, do ponto de vista econômico , não havia propriamente que sofrer. E também não sofreu porque tivesse uma saúde débil. Sofreu psiquicamente a ponto de querer morrer, por pensar em assuntos como o que vem a ser a “vida”, o que vem a ser o “homem”, o que vem a ser o “desejo”. Ainda jovem, com cerca de 20 anos apenas, chegou a sofrer tanto com tais problema; só por isso podemos imaginar o quanto era séria, por natureza, a personalidade do sr. Ano. Quando ouvi esta história do Sr. Ano senti admiração pela seriedade de sua personalidade. Nessa ocasião, o sr. Ano, para resolver o sofrimento da vida, estava fazendo a invocação de Amitabha, sentado em posição de prece, confinado num quarto. Então, certo dia, teve uma visão, na qual contemplou nitidamente uma situação que parecia um paraíso búdico, cheio de luz. Quando viu claramente com seus olhos o aspecto daquele mundo exclusivamente de luz, apagou-se completamente, sem deixar sinal, o seu sofrimento pela vida de treva que levava e, depois disso, o que preenchia seu coração era pura alegria e regozijante bem-estar. Esta visão, na qual lhe foi mostrado o mundo exclusivamente de luz, persistiu por cerca de um mês. ra demais a alegria, demais o regozijo, e nasceu um desejo de experimentar mais uma vez, como antes, o sofrimento em relação à “vida”. Ele orou assim: “Permita-me sofrer mais uma vez em relação à vida”. Então, de fato, repentinamente, se interrompeu a sua clarividência e apagou-se do campo visual o mundo exclusivamente de luz. Desde então, ele continuou a sofrer a respeito da “vida”, exatamente na forma como pediu na oração e, somente agora, conseguiu dominar o sofrimento da vida que ele próprio procurara. (…)” (A Verdade da Vida, vol.01; pg. 184-186)
Essa foi a experiência vivida pelo sr. Giichi Ano, e deu-se através da clarividência. O Jisso verdadeiro não é algo que possa ser “visto”, “ouvido”, ou “tocado”, mesmo que seja por meio dos sentidos espirituais mais sutis. Portanto, o mundo que o sr. Giichi Ano viu não era o verdadeiro Jisso, embora tal mundo o representasse. O Jisso verdadeiro está além de todas as formas. Por isso, “entrar” no Jisso, ou perceber o Jisso, não significa que a pessoa necessariamente terá visões paradisíacas ou celestiais. O Jisso absoluto simplesmente não pode ser captado por nenhuma espécie de sentido (material ou espiritual). Mas isso não constitui empecilho para conseguirmos ver o Jisso. Nós o vemos, mas o fazemos com outra espécie de “olhos” – são os “olhos do Jisso”, ou, conforme ensina a Bíblia, a Mente de Cristo. Somente o Jisso vê o Jisso. Somente a Mente Divina vê a existência divina. Somente Deus vê Deus. Tentar ver Deus com outro instrumento que não seja a própria “Mente de Deus” é mera tentativa fútil. Por isso é que Cristo tomou sobre si as dores e os pecados de toda a humanidade. Por isso é que Jesus e o Buda Amitabha tomaram sobre si os sofrimentos de toda a humanidade: para que, no momento em que pedíssemos a eles, tivéssemos acesso incondicional ao Mundo de Deus, à Terra Pura. O segredo para entrar no mundo do Jisso consiste no fato de que nós podemos entrar nele exatamente assim como estamos agora. Não faz diferença se estamos melhores ou piores do que já somos – a dificuldade (assim como a facilidade) de entrar permanece a mesma. Não precisamos melhorar ou sequer mudar nenhum pouco. Somos aceitos como somos.
São poucas as pessoas que conhecem a história de Amitabha – ele foi outro grande Buda histórico. Sidharta Gautama, o Sakyamuni, não foi o único homem a tornar-se Buda. Amitabha foi anterior a ele e, inclusive, várias vezes, Sakyamuni faz referência ao Buda Amitabha para seus discípulos durante a pregação de suas verdades. O Buda Amitabha possui a mesma história de Jesus Cristo – em épocas diferentes, cenários diferentes, culturas/costumes diferentes… mas a trama é a mesma. Isso mostra que Deus tem se manifestado através dos tempos para conduzir a humanidade a salvação. E a salvação é incondicional! Não depende de condições, esforços, não-esforços, buscas, não-buscas… é incondicional! Porque provém de um lugar que “não é deste mundo”. Então, nada que seja deste mundo possui qualificação suficiente para levar-nos à Salvação, que nos é concedida por Deus. A salvação de Deus só pode ser pela Graça – porque não é deste mundo.
“(…) Vede, eis o mundo da Imagem Verdadeira!
O Mundo da Imagem Verdadeira é o Reino do Pai,
é o Reino dos Céus,
é o Paraíso.
No Reino do Pai há muitas moradas.
Todas as moradas do mundo da Imagem Verdadeira são Seicho-no-Ie.
Logo, para seus moradores,
não há fome,
não há tristeza,
não há discórdia,
não há doença;
tudo o que é necessário aparece segundo a vontade de cada um
e, cumprida a finalidade, desaparece por si mesmo.
Mundo de harmonia, de fartura,
de pureza, de beleza sublime,
eis o mundo da Imagem Verdadeira!
Eis o vosso mundo!
Não é sonho! É a Imagem Verdadeira!
Não existe outro mundo além deste!”
(Sutra Sagrada: Chuva de Néctar da Verdade; Seicho-no-Ie)
“Neste momento, todos os doentes já estão curados e podem se levantar de seus leitos.”
(Seicho-no-Ie)
Não é o homem que compreende Deus e seu Reino – Deus é quem mostra. E é por isso que não são necessários esforços humanos. O que o homem necessita fazer é se aquietar e acalmar todos os seus esforços: os esforços no sentido de “se esforçar” e também os esforços no sentido de “não se esforçar”. Quando o homem, na tentativa de ver o Jisso, aprende a parar com essas tentativas de esforços, de repente ei-lo ali! O homem não necessita realmente fazer nada; a ele basta perceber que “a visão já está sendo vista”, “a percepção já está sendo percebida”, tudo já é! A porta por onde ele entrará e que o fará “ver” já existe, já está lá, pronta, sempre lá. É assim que se “entra” no mundo de Deus.
O problema básico e principal é o homem achar que, para conseguir perceber, ele deverá primeiro aprimorar-se em algum sentido. As pessoas pensam que para chegar “lá” será necessário a elas fazer um exame de consciência, orar mais, meditar mais, compreender as coisas um pouco mais, expandir a consciência um pouco mais, purificar um pouco mais a sua mente… Tudo isso (e muito mais) na verdade é desnecessário. Uma pessoa possuidora de pouco entendimento espiritual possui as mesmas chances de captar o Jisso que possuem os homens abarrotados de conhecimentos espirituais. Conhecimento mundano e conhecimento espiritual – tudo isso pertence a o mundo fenomênico e transitório. Uma pessoa pode possuir muito ou pouco conhecimento espiritual – qualquer um deles existe/pertence ao mundo que não é o Real. Por isso, no que diz respeito ao Jisso, nenhum deles influenciará “para mais” ou “para menos”, em qualquer sentido. Porque Deus concede a todos a mesma possibilidade, as mesmas oportunidades. É um Deus justo! O homem que busca conhecer Deus tentando meditar, orar e adquirir cada vez mais conhecimentos está movendo-se no mundo, está partindo do mundo e rumando para o seu destino final e inevitável: o próprio mundo. E o homem que também não está nem aí para Deus, move-se no mundo da mesma forma. A diferença de um de outro é que o primeiro possui a vontade de conhecer, enquanto o segundo não a tem. Mas ambos movem-se no mundo.
Para conhecer a Deus, é necessário o buscador deixar de mover-se no mundo. Para que isso aconteça, é preciso haver uma entrega total, um estado de completo abandono, uma mente (um estado mental) de absoluto desapego. Essa postura mental de desapego surge quando o homem cessa com seus esforços “no sentido de esforçar-se para alcançar”, bem como com seus esforços para “fazer cessar seus esforços”. Então ele deixa o mundo e subitamente se vê na dimensão onde não é ele quem faz. Não foi preciso a ele fazer esforço pessoal algum, ele viu pela Graça! “Filho, é do agrado do Pai dar-te o Reino”, disse Jesus. E o mundo não pára; coisas continuam a acontecer, mas é o Pai quem as estará fazendo. “As minhas obras, eu de mim mesmo não as realizo. Mas o Pai quem está em mim, este realiza as obras”.
O que importa não são as ações realizadas no mundo pelo homem. E mesmo a busca, mesmo a tentativa de tentar alcançar, são a barreira que impedem o homem de “conseguir”.