A maioria de nós provavelmente se recorda de ocasiões, no cenário mundial ou em nossa comunidade, em que a firmeza de um indivíduo em defender o que era correto, foi de grande valia para superar uma dura oposição.
Ter uma posição firme a favor da realidade espiritual de Deus e do homem, também, é importante para o tratamento na Ciência Cristã. A Bíblia contém muitos exemplos de como a aparente predominância do mal, ou sua ameaça de predominar, se dissolve diante de uma força espiritual inabalável.
O livro de Tiago diz: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”. A razão pela qual o diabo, ou mal, foge é a de que ele não tem substância verdadeira. A essência do mal é uma mentira, uma mentira sobre Deus e sobre como Ele fez o homem; é uma mentira sobre a natureza do poder, da vida e da substância verdadeiros. A mentira “foge”, quando a enfrentamos com o reconhecimento de que somente Deus é poderoso, de que Ele é a única Vida e substância do homem porque o homem é feito à Sua imagem e O reflete. De acordo com essa perspectiva espiritual, visualizamos com mais exatidão o mal como ilusão, como algo que não tem lugar em Deus e que é, na realidade, um conceito falso sobre Deus e Sua criação.
Esse ponto de vista espiritual não ignora o erro, ele o vence. A doença, por exemplo, nunca poderia ter sido criada por Deus, que é o Amor divino. Portanto não tem nem autoridade divina, nem lugar algum em Deus ou em Sua semelhança, o homem. É claro que a doença não parece uma ilusão para quem está sofrendo! Contudo, essa aparência de realidade se dissipa à medida que vislumbramos o fato de que a vida do homem não é material, não está separada de Deus, mas, na realidade, está em Deus e é de Deus, o Espírito. Portanto nosso ser real, espiritual, é harmonioso e reflete a perfeição de Deus.
Propiciar essa espiritualização do pensamento é o propósito do tratamento na Ciência Cristã. Um método usual no tratamento é o argumento mental que exige a afirmação de verdades espirituais aplicáveis especificamente ao problema. Além disso, inclui negar a realidade de tudo quanto queira existir fora da harmonia que estas verdades espirituais revelam. Tal tipo de argumentação não é um exercício intelectual. Exige que nos esforcemos com afinco para substituir conceitos materiais cheios de medo, que negam a supremacia de Deus, por uma convicção espiritual, por confiança e por um amor mais forte pelos fatos espirituais, que estão sempre presentes e são sempre a realidade vigente em qualquer situação.
O tratamento metafísico é uma forma de oração. Baseia-se em nosso amor a Deus e em nossa fé nEle como o Um infinito e onipotente, o único a nos governar. Tal oração, sempre profunda e sincera, às vezes requer um grau mais elevado de força espiritual, de coragem e de persistência do que aquele já alcançado. Mas nunca requer algo de que não sejamos capazes de realizar.
Em Ciência e Saúde, no glossário, explicando o termo Crer, Mary Baker Eddy inclui o seguinte: “Firmeza e constância; não uma fé vacilante ou cega, mas a percepção da Verdade espiritual”.
A crença em Deus, nesse sentido mais amplo, é o que proporciona a base para o tratamento espiritual da doença. Requer o exercício prático de nossa fé, confiança e compreensão espiritual. Quer o “paciente” seja a própria pessoa, que seja alguém que tenha pedido ajuda, o tratamento repreende firmemente os medos específicos e teorias materiais (ou o pecado, em alguns casos) subjacentes à doença. Nega-lhes realidade e rejeita suas pretensões fraudulentas sobre o paciente. Utilizando os fatos espirituais especificamente aplicáveis à necessidade do paciente, afirmamos de forma enérgica a harmonia presente de seu ser verdadeiro.
A Sra Eddy fala a respeito das orações de Jesus como “profundos e conscienciosos protestos da Verdade”. Não é essa uma descrição exata da essência do tratamento? Ela escreve em Ciência e Saúde: “Não é nem a Ciência, nem a Verdade que age pela crença cega, como também não é a compreensão humana do Princípio curativo, tal como se manifestou em Jesus, cujas orações humildes eram profundos e conscienciosos protestos da Verdade—da semelhança do homem com Deus e da unidade do homem com a Verdade e o Amor”.
Indiscutivelmente, não poderia ter havido dúvida nas orações de Jesus. O representante humano do Cristo, a Verdade, não tinha nenhuma incerteza quanto à realidade da Verdade. As repreensões dele, tanto para o pecado quanto para a doença, eram firmes.
Como seguidores do Cristo, nós também somos chamados a tratar do caso, reconhecendo com firmeza a onipotência de Deus e a espiritualidade do homem à Sua semelhança. Isso significa argumentar, com sinceridade e convicção, a favor da harmonia que Deus já estabeleceu no homem. E isso significa manter nossa posição mental na expectativa do bem, até que a cura se manifeste.
Vários anos atrás, vi-me diante de um problema que muito me assustou. Eu orei durante um ano, tratando do caso específico. Apesar de ter havido progresso importante naquele período, o problema se prolongava.
Um dia, tive uma crise que ameaçou me prostrar completamente. Com o estímulo e a ajuda de um praticista da Ciência Cristã, fui capaz de revigorar minha posição a favor da verdade, mas, desta vez com uma firmeza e insistência que nunca tinha exercido antes. Firmei-me completamente, e com veemência, na totalidade de Deus, recusando-me a abandonar aquela firmeza mental, insistindo no que eu sabia ser espiritualmente verdadeiro.
A crise foi prontamente dominada, mas eu estava decidido a manter minha atitude metafísica vigorosa até que se desse a cura completa. Minha confiança foi restabelecida pelo fato de que, embora os sintomas parecessem estar ainda presentes, Deus estava me apoiando e protegendo constantemente. Podia confiar que a verdade que eu vinha discernindo estava realmente tendo um efeito regenerador e curativo.
Dentro de pouco tempo, o problema foi curado. Vi que em todas as ocasiões o Cristo, a mensagem divina e curativa da verdade, é o que transforma o pensamento, dissipando o medo. Assim, ficou claro para mim que, na realidade, não foi o argumento mental em si o que tinha curado a dificuldade. Mas, ao mesmo tempo, adquiri maior respeito pela profunda importância do tratamento e da atitude de permanecer firme em nossas afirmações mentais da verdade.
Ser resoluto na oração ajuda a desviar o pensamento mais rapidamente de uma contemplação mesmérica da doença, ou de outras dificuldades, para a percepção da realidade espiritual que traz cura. Por outro lado, ficar em dúvida significa abrigar mentalmente as contestações do materialismo, que negam as próprias verdades que estamos nos esforçando em afirmar. Isso nos deixa atolados na duplicidade mental. Argumentamos contra nós mesmos, reconhecendo como reais tanto a discórdia quanto a harmonia. Somente pela argumentação sem restrições a favor da totalidade de Deus e da harmonia do homem, feito à Sua imagem, é que começamos a compreender a verdade que cura.
Ainda que a compreensão que temos de Deus possa parecer, às vezes, desproporcional, como se fosse um grama de verdade entre quilos de problemas, ela excede em alto grau a discórdia por ter sua fonte na onipotência de Deus. Cristo Jesus prometeu: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível”.
O amoroso Cristo, a Verdade, está sempre presente nos apoiando e curando. Permanecendo firmes na Verdade e compreendendo, mesmo em pequena escala, a harmonia do ser que Deus nos deu, fortalecemo-nos espiritualmente. À medida que mantemos fielmente nossa posição, a luz espiritual aumenta, trazendo a cura completa e inevitável.