Curar-se Da Dor

Nossos pensamentos afetam nosso corpo. A felicidade produz o sorriso, a tristeza produz as lágrimas. O estresse, a raiva e o ódio produzem problemas físicos e, até mesmo, orgânicos. Esses fenômenos são geralmente bem conhecidos.

Mas, ao examinarmos esses efeitos em maior profundidade, descobriremos que não apenas o pensamento tem influência sobre o corpo, mas que o corpo é a objetivação do pensamento. As condições do corpo são a aparência exteriorizada dos pensamentos que entretemos conscientemente, bem como conceitos e temores que possamos abrigar inconscientemente.

Isso também é verdadeiro com relação à dor. Embora possa parecer como algo físico, a dor de fato objetiva pensamentos errôneos, ou seja, medos e conceitos materialistas sobre a vida e sobre aquilo que nos governa. A razão pela qual sabemos que esses pensamentos são errôneos, é que são eles que produzem os problemas. As verdadeiras ideias acerca de Deus e de Sua bondade produzem harmonia em nossa vida. As crenças irreais e falsas causam os problemas e a cura ocorre quando esses pensamentos errôneos são corrigidos.

A maioria das pessoas acredita que a matéria cria suas próprias condições e, em seguida, sofre com as condições supostamente criadas pela matéria…. Mas na realidade a matéria não tem a inteligência que parece ter

Por exemplo, certa vez, ao abrir o forno, inadvertidamente toquei na chama do aquecedor. Aparentemente, esse era um caso óbvio de causa e efeito físico, isto é, tocar uma bobina incandescente trouxe dor. Mas eu sabia, por experiência, que todo o problema estava, na verdade, enraizado em um conceito errôneo sobre a vida, e que a solução seria encontrada ao obter uma compreensão espiritual do controle sempre presente de Deus e da minha individualidade real como filho de Deus.

Ao me volver em oração, com base no que eu compreendia da Bíblia e dos escritos de Mary Baker Eddy como a verdade de meu ser, declarei silenciosa, mas vigorosamente, que eu era a imagem de Deus, ou Sua expressão (ver Gênesis 1:26, 27). Raciocinei que, uma vez que eu era a semelhança espiritual de Deus, não poderia realmente ser ferido. Como poderia a imagem do Espírito ser queimada, uma vez que não há matéria na totalidade do Espírito? Como poderia a expressão da Mente divina sentir dor, levando-se em conta que a Mente, Deus, está consciente somente de Sua própria perfeição e harmonia? Se Deus é bom e verdadeiramente supremo, como poderia um acidente interferir no cuidado terno e harmonioso que Ele tem por mim? Orei com essas ideias durante alguns minutos, até me sentir inspirado e em paz. Vislumbrei com compreensão espiritual que, em realidade, eu não poderia estar ferido, e que, portanto, não estava ferido. Embora uma marca tenha permanecido por uns dois dias, a dor desapareceu naqueles primeiros momentos.

Nessa cura, nada foi feito fisicamente. Não usei nenhuma loção, nem mesmo deixei escorrer água fria sobre a mão. A única coisa que apliquei foi a verdade espiritual sobre o ser, aquilo que eu afirmei, por meio da oração, ou seja, o tratamento pela Ciência Cristã. À medida que percebia de forma mais clara as verdades espirituais específicas, os temores contra os quais lutava eram corrigidos, até que o medo deu lugar à compreensão espiritual e a noção sobre mim como um mortal material cedeu naturalmente à compreensão de que sou um filho de Deus espiritual e harmonioso. Essa mudança de pensamento resultou na mudança do corpo, e a dor desapareceu.

Pensamentos materialistas, ou crenças, nunca fazem parte da nossa individualidade real, que expressa Deus, a única Mente verdadeira. Por não fazerem parte de nós, desaparecem à medida que despertamos para o que realmente somos

A maioria das pessoas acredita que a matéria cria suas próprias condições e, em seguida, sofre com elas. Mesmo aqueles que aprenderam de forma diferente, por meio dos ensinamentos da Ciência Cristã, podem, às vezes, ainda acreditar nisso e temer que possam estar à mercê das condições materiais, porque essa é uma convicção universalmente aceita. Mas a matéria, em realidade, não tem a inteligência que parece ter. A matéria que está em um dedo, por exemplo, não tem mais sensação do que a matéria em um pedaço de madeira. A matéria parece causar, comunicar e sentir a dor. Mas sustentando essas aparentes sensações físicas está a ação do que Mary Baker Eddy denomina mente mortal. Em Ciência e Saúde, ela escreveu sobre essa questão: “Os nervos não são a fonte da dor ou do prazer. Sofremos ou gozamos em nossos sonhos, mas essa dor ou esse prazer não nos é comunicado por meio de um nervo. Um dente extraído volta às vezes a doer, segundo a crença, e a dor parece estar no seu antigo lugar. Um membro que havia sido amputado continuou, segundo a crença, a causar dor a seu dono. … Quando já não existe o nervo, o qual, segundo dizemos, era a causa da dor, e a dor ainda persiste, isso prova que a sensação está na mente mortal, não na matéria” (pp. 211–212).

A mente mortal é que sofre, mas ela não tem recursos para curar a si mesma. A mente humana ou mente mortal, com seus conceitos materialistas de vida, seus defeitos e temores, é a origem de nossos problemas, não a solução. As soluções para as discórdias inerentes à mente mortal são encontradas em Deus, na Mente divina, de onde emanam as ideias corretas, as verdades espirituais do ser, as quais curam. Encontramos a cura na medida em que nos tornamos mais conscientes dessas ideias. É como estar sentado em uma sala com as persianas da janela fechadas. Lá fora o sol está brilhando, provendo luz ilimitada, mas não aproveitamos a luz. Precisamos abrir as persianas e, então, a luz pode entrar e transformar a sala, iluminando-a.

Nem a dor nem os pensamentos que a produzem podem existir em Deus, no Espírito infinito, na única Mente ilimitada e que é inteiramente boa. Portanto, da mesma maneira, a dor, ou qualquer outra discórdia, não existe na imagem de Deus

A escuridão mental é o alicerce para toda sensação de dor, quer seja o medo generalizado de que somos mortais vulneráveis a infortúnios e doenças, a sentimentos de irritação e raiva ou a qualquer outra agitação mental que possa se objetivar como dor no corpo. A erradicação desses pensamentos perturbados por meio da luz transformadora da Verdade restaura a harmonia do corpo. A escuridão não é algo. É meramente uma ausência, um vácuo, o nada. Pensamentos materialistas, ou crenças, nunca são algo, nunca fazem parte da nossa individualidade real, que expressa Deus, a única Mente verdadeira. Então, por não fazerem parte de nós, desaparecem à medida que despertamos para o que realmente somos.

Volvermo-nos à verdade do ser em oração leva-nos a compreender que, como filhos de Deus, fomos concebidos pelo Amor divino e caracterizados pelo bem infinito. Portanto, nossa identidade espiritual inclui somente o bem, ou seja, bons pensamentos, a boa substância. Ao invés de ficarem com raiva e negativos, os filhos de Deus se regozijam na consciência do governo sempre presente do Amor divino sobre tudo e todos. Em vez de ficarmos irritados, refletimos a Mente que é serena e todo amorosa. Até mesmo o medo, em realidade, nem faz parte de nós, porque os filhos de Deus estão eternamente conscientes de sua individualidade espiritual real, que é sempre harmoniosa, indestrutível e governada pelo Amor. Nem a dor nem os pensamentos que a produzem podem existir em Deus, no Espírito infinito, na única Mente infinita, que é inteiramente boa. Portanto, da mesma maneira, a dor, ou qualquer outra discórdia, não existe na imagem de Deus.

Essas verdades afluem em nossa consciência, à medida que somos receptivos a elas. Elas vêm a nós por meio do Cristo, a terna luz da Verdade que Jesus tão magnificamente corporificou. Devido ao que ele compreendia e expressava da Verdade, Jesus foi capaz de exercer um efeito profundo, até mesmo surpreendente, sobre a vida e o corpo das pessoas. Essa Verdade sanadora e transformadora está ainda aqui, e fala constantemente conosco. Ser receptivos a ela nos possibilita expressar cada vez mais “[a mente] que houve também em Cristo Jesus” (Filipenses 2:5). Essa harmonia divinamente mental, preenchendo toda nossa consciência, desaloja e destrói as lancinantes discórdias da mente mortal e isso se objetiva no corpo como cura.

 

(Extraído de O Arauto da Ciência Cristã)

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