Adam H. Dickey
Disse Paulo: “A lei do Espírito em Cristo Jesus te livrou da lei do pecado e da morte”. Por isso, também nós sabemos que “a lei do Espírito da vida” nos livra da “lei do pecado e da morte”. Por quê? Porque todo o poder que existe está do lado da lei da Vida, e aquilo que se opõe a essa lei da Vida absolutamente não é lei; é apenas crença. Em outras palavras, toda lei de Deus tem a apoiá-la o poder infinito que a põe em vigor, enquanto a pretensa lei do pecado e da morte não tem fundamento, não tem nada em que se possa estribar.
Quando, com compreensão, declaramos que a lei de Deus está presente e em ação, invocamos ou pomos em ação toda a lei e o poder de Deus. Declaramos a verdade, a verdade que é de Deus—e essa verdade de Deus é a lei a aniquilar, apagar e eliminar tudo o que é dessemelhante dEle. Quando tivermos declarado e aplicado essa verdade, como nos ensina a Ciência Cristã, a qualquer crença discordante com que nos defrontemos, teremos feito tudo o que podemos fazer e tudo o que nos é necessário fazer, para destruir qualquer manifestação de erro que tenha pretendido existir. O erro, para o qual não há lugar na Mente divina, pretende existir no pensamento humano. Quando o tivermos expulsado da mente humana, o teremos expulsado do único lugar em que ele pretendia apoiar-se. Daí por diante ficará reduzido ao nada.
Há uma lei de Deus, aplicável a todas as fases concebíveis da existência humana, e não se pode apresentar ao pensamento mortal situação ou condição alguma que tenha possibilidade de existir fora da influência direta dessa lei infinita. O efeito da ação da lei é sempre corrigir e governar, harmonizar e ajustar. Tudo o que não esteja em ordem, ou seja, discordante, não pode ter Princípio básico próprio, mas tem de ser posto sob o governo direto de Deus, mediante aquilo que se pode chamar de lei divina de ajustamento. Não é a nós que cabe pôr essa lei em execução. Aliás, não podemos, de modo algum, fazer algo para aumentar, estimular ou intensificar a ação ou a operação da Mente divina, visto estar ela sempre presente, sempre em ação, e nunca deixar de se afirmar e de se declarar quando a ela apelarmos corretamente. Temos apenas de, cientificamente, pôr essa lei de ajustamento em contato com nosso problema por resolver. Quando tivermos feito isso, teremos cumprido todo o nosso dever. Alguém talvez diga: “Como pode a lei de Deus, agindo mentalmente, afetar meu problema, que é físico? Compreenderemos isso facilmente, quando nos compenetrarmos de que o problema não é físico, porém mental. Em primeiro lugar, precisamos saber que tudo é Mente, e que não existe algo como a matéria. Assim, excluímos do pensamento o nocivo sentido material.
A definição original da palavra “doença” é falta de conforto—desconforto, mal-estar, transtorno, inquietude, enfado, lesão. “A doença” —diz Mary Baker Eddy, a Descobridora e fundadora da Ciência “Cristã—”é uma imagem exteriorizada do pensamento. O estado mental é chamado estado material. Tudo o que se abriga na mente mortal como condição física, projeta-se no corpo.” Isso também se aplica ao calor, ao frio, à fome, à pobreza ou a quaisquer outras formas de discórdia, todas elas mentais, embora a mente mortal as considere estados materiais. Por isso, facilmente se compreende como a lei de Deus, a qual é mental, pode ser aplicada a um problema físico.
Na realidade, o problema não é físico, mas puramente mental e é o resultado direto de algum pensamento abrigado na mente mortal. Suponhamos que um homem estivesse se afogando em pleno mar, aparentemente longe de todo auxílio humano: existe uma lei de Deus que poderia salvá-lo, se corretamente apelasse por ela. Porventura o leitor duvida disso? Então tem de acreditar ser possível achar-se o homem numa situação em que Deus não o possa socorrer. Se alguém se achasse num edifício em chamas ou num acidente ferroviário, ou se estivesse numa cova de leões, existe uma lei divina que poderia imediatamente ajustar as pretensas circunstâncias materiais, de modo a proporcionar-lhe completa libertação.
Em absoluto não devemos querer ver em cada caso particular o que essa lei de Deus vem a ser, nem de que maneira irá agir, e uma tentativa de investigar o por quê talvez só serviria para interferir na ação da lei e impedir-lhe a demonstração. Qualquer temor, de nossa parte, ocasionado pelo fato de que a Mente divina nada sabe a respeito de nossa situação precária, ou por pensarmos que a sabedoria infinita não tem a inteligência necessária para efetuar a salvação, deveria ser imediatamente expulso do nosso pensamento. Na página 62 de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, a Sra. Eddy escreve: “A Mente divina, que forma o botão e a flor, cuidará do corpo humano, assim como veste os lírios; não interfira, porém, nenhum mortal no governo de Deus, intervindo com as leis dos falíveis conceitos humanos”. O erro em que habitualmente incorremos é desejarmos, primeiro, saber exatamente como Deus vai nos ajudar e quando os bons resultados se produzirão, para depois fazermos o nosso julgamento e decidirmos se estamos ou não dispostos a confiar nosso caso às Suas mãos.
Vejamos, pois, onde a lei divina de ajustamento produz seus efeitos. Deus não tem necessidade de ser ajustado O único lugar que requer ajustamento é a consciência humana. A menos que a consciência humana faça um apelo à lei divina, a menos que esteja disposta e pronta a renunciar à sua própria noção de vontade pessoal e a deixar de traçar planos humanos, a pôr de lado o orgulho, a ambição e a vaidade humana, não haverá lugar para a lei de ajustamento agir.
Quando, em nossa fraqueza, chegamos a ponto de reconhecer que não podemos fazer nada por nós mesmos, e pedimos a Deus que nos ajude; quando estamos prontos a mostrar nossa disposição de abandonar nossos próprios planos, nossas próprias opiniões, nossa própria noção do que se deveria fazer em tais circunstâncias, e não tememos consequências—então a lei de Deus tomará posse de toda a situação e a governará inteiramente. Não podemos, porém, esperar que esta lei atue em nosso proveito, se abrigarmos quaisquer ideias preconcebidas sobre como deverá operar. Devemos abandonar completamente nossas opiniões pessoais e dizer: “Não se faça a minha vontade, e, sim a Tua”.Se dermos esse passo com firmeza e plenamente confiantes de que Deus é capaz de cuidar de toda circunstância, nenhum poder sobre a terra poderia impedir o natural, justo e legítimo ajustamento de todas as condições discordantes.
Um sentimento muito reconfortador de paz e de alegria sempre decorre de nossa disposição para deixar Deus regular, através de Sua lei de ajustamento, todas as situações em que nos achemos. Quando compreendemos que a Mente infinita é quem governa o universo, que toda ideia de Deus está para sempre no seu próprio lugar, que não pode surgir condição alguma ou circunstância que permita ao erro instalar-se no plano de Deus—então temos a certeza absoluta de Deus ser capaz de ajustar tudo como deve ser. O fato é que todas as coisas já estão no seu próprio lugar e, na realidade, nenhuma interferência ou falta de ajustamento pode ocorrer. Somente para o sentido humano não esclarecido pode haver algo como a discórdia. O universo de Deus está sempre perfeitamente ajustado, e todas as Suas ideias agem conjuntamente em perfeita harmonia.
Quando estivermos dispostos a abandonar nossa noção amedrontada e incerta das coisas e a deixar a Mente divina governar, então, e apenas então, veremos que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus”. A desarmonia aparente é somente aquilo que a mente mortal crê, quer se trate de doença, indisposição, contrariedade ou problemas de qualquer espécie. Quando estivermos dispostos a abandonar nossos pontos de vista atuais, mesmo que nos julguemos certos e julguemos os outros errados, não sofreremos por renunciar às nossas opiniões humanas. Pelo contrário, verificaremos que a lei de Deus está pronta e em ação, ajustando devidamente tudo o que estiver desajustado. Pode, às vezes, parecer-nos difícil deixar de resistir quando nos sentimos oprimidos ou sob alguma forma de imposição. Se, porém, tivermos fé suficiente no poder da Verdade para ajustar todas as coisas, devemos regozijar-nos com a oportunidade de abandonar nossas reivindicações, e devemos pôr nossa confiança na sabedoria infinita, que ajustará todas as coisas segundo a sua própria lei infalível. Na Mente divina não existe, em absoluto, o fracasso. Deus nunca é derrotado, e quem está ao Seu lado sempre receberá os benefícios da vitória sobre o erro.
Que devemos então fazer, quando nos achamos envolvidos numa controvérsia, numa disputa, ou numa situação desagradável de qualquer espécie? Que devemos fazer, quando atacados ou difamados, quando apresentados em falsa luz ou quando abusam de nós? Devemos procurar retribuir da mesma forma o que nos tiver sido feito? Isso não seria apelar para a lei divina de ajustamento. Enquanto nós mesmos procuramos dominar a dificuldade, estaremos interferindo na ação da lei de Deus. Em qualquer dessas circunstâncias, de nada nos valerá reagir. Tomando o caso em nossas mãos e tentando castigar nossos inimigos ou tentando desvencilhar-nos por nós mesmos, apenas mostramos nossa fraqueza humana.
Quando parece haver duas maneiras de solucionar um problema de negócios, ou de qualquer outro de vários campos de atividade humana, e decidimo-nos por aquela que se nos afigure melhor, como poderemos saber, caso haja muitos argumentos contrários, se tal decisão se baseia na Verdade ou no erro? Eis uma questão que só se pode resolver mediante a demonstração da lei divina de ajustamento. Há ocasiões em que a sabedoria humana é incompetente para dizer-nos exatamente o que devemos fazer. Nessas circunstâncias, deveríamos humildemente orar, pedindo orientação divina, e então escolher aquilo que pareça estar de acordo com a nossa mais alta noção de justiça, sabendo que a lei divina de ajustamento regula e governa tudo. Mesmo que escolhamos a maneira errada, como Cientistas Cristãos temos o direito de saber que Deus não permitirá que continuemos no erro, mas nos mostrará o caminho certo e nos compelirá a segui-lo.
Quando tivermos chegado a ponto de estar dispostos a fazer o que nos pareça melhor e depois entregar o problema a Deus, sabendo que Ele ajustará todas as coisas de acordo com Sua lei imutável, poderemos retirar-nos inteiramente da questão, abandonar todo sentido de responsabilidade e sentir-nos em segurança, sabendo que Deus corrige e governa todas as coisas com justiça. Tudo o que sempre nos cabe fazer é aquilo que é agradável à vista de Deus, aquilo que concorda com as exigências divinas. Falarem mal do bem que fazemos não afeta a situação, pois Deus não nos torna responsáveis pelos atos de outrem. Nossa responsabilidade cessa quando cumprimos as exigências do bem, e então podemos deixar o caso em paz. Não importa quanto esteja em jogo ou o quanto nele esteja envolvido. Se conseguirmos não bloquear o caminho com nosso eu pessoal, poderemos nos satisfazer com as palavras do profeta:
“A peleja não é vossa, mas de Deus. . . Tomai posição, ficai parados, e vede o salvamento que o Senhor vos dará.”Não podemos pretender resolver, sem cometer erros, esse conceito humano de existência. Talvez cometamos muitos, mas de todos tiraremos proveito. Temos liberdade de mudar nossa crença das coisas, quantas vezes adquirirmos novas luzes. Não devemos permitir que a vaidade nos faça aderir a uma proposição simplesmente por nos termos firmado nessa atitude. Devemos estar dispostos a abandonar nossos pontos de vista anteriores e a mudar nosso modo de pensar sobre qualquer assunto, tantas vezes quantas a sabedoria nos proporcione esclarecimento.
Às vezes acusam os Cientistas Cristãos de serem inconstantes. Que importa, se é sempre Deus quem os faz mudar? Será que um Cientista Cristão é menos Cientista porque muda de ideia? Acaso um general é menos competente para conduzir seu exército porque, no calor da batalha, muda de tática, sob a orientação da sabedoria? Uma determinação inflexível de levar a cabo um plano preconcebido mais se pareceria com a entronização da vontade humana, que erra.
Os Cientistas Cristãos são cidadãos que se mantém preparados para pegar em armas contra o erro a todo minuto e atender a qualquer chamado da sabedoria, sempre prontos e dispostos a abandonar opiniões ou pontos de vista pessoais, e a permitir que esteja neles aquela mente “que houve também em Cristo Jesus”.
Hebreus 13:8; João 1:3; Romanos 8:2; Ciência e Saúde, p. 411; Lucas 22:42; Ciência e Saúde, p. 192; Romanos 8:28; 2 Crônicas 20:15, 17; Filipenses 2:5.