“QUEM É MINHA MÃE E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS?”-2 (Final)

“QUEM É
MINHA MÃE E QUEM SÃO MEUS IRMÃOS?”
Robert L. Drafahl
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PARTE II – FINAL

Essa perspectiva mais ampla de família ficou ilustrada, em certo grau, numa experiência que tive há alguns anos. Eu era membro das Forças Armadas, escalado para um país distante de casa aproximadamente cinco mil quilômetros, e não fiquei surpreso ao sentir saudade de casa. A minha era uma família muito unida.

Desde a chegada à nova base havíamos trabalhado por longas horas e, embora eu orasse sinceramente para sentir a bondosa presença divina, ainda assim tinha muita saudade de casa, Uma noite, antes de me deitar, orei novamente a Deus para  obter algum sinal tangível de seu amor. Abri meu livro Ciência e Saúde na página 57. Li estas linhas: “As rajadas gélidas da terra podem desarraigar as flores dos afetos e espalhá-las aos quatro ventos; mas essa ruptura dos laços carnais serve para unir o pensamento mais estreitamente a Deus, pois o Amor sustenta o coração em luta, até que este cesse de suspirar por causa do mundo e comece a estender as asas rumo ao céu”.

Não captei logo todo o significado desse trecho, mas pude imediatamente identificar-me com a “ruptura dos laços carnais”. Então entendi mais claramente que esta “ruptura” só podia servir a um propósito: “Unir o pensamento mais estreitamente a Deus.” A família é uma ideia divina, não limitada pela matéria, raciocinei. Eu não podia deixar minha família. Como meu Pai-Mãe sempre está presente, uma expressão tangível de família tem de estar presente, exatamente aqui. Certamente meu pensamento estava sendo elevado de um sentido limitado de família para outro mais espiritual. A promessa da Sra. Eddy, de que “o Amor sustenta o coração em luta”, era verdadeira. Senti o Amor encher minha consciência de paz e inspiração.

Algumas semanas mais tarde, descobri que havia uma Sociedade de Ciência Cristã numa cidade próxima. No meu primeiro domingo livre fui lá, de bicicleta, e assisti ao culto. Os membros foram afetuosos e amigos. Nos dois anos e meio seguintes, passei a maior parte dos meus fins de semana na casa de um casal e tornei-me ativo na Sociedade. Vi que havia adquirido uma família inteiramente nova, e foi o nosso profundo amor pela Palavra de Deus o que nos uniu.

Um sentido humano de família, não importa quão cálido e solícito possa ser, somente aponta para um conceito mais amplo e mais elevado de fraternidade universal apoiada no fundamento supremo de que há um único Pai e Seu universo de ideias. Na medida em que começarmos a compreender que a nossa origem está em Deus, o único Pai-Mãe, e não na matéria, apreenderemos mais claramente que toda a humanidade é nosso “irmão, irmã e mãe”.

Essa não é uma verdade espiritual que precisa esperar até uma vida futura “após esta vida”, para manifestar-se. Podemos perceber evidências dela agora. Todo aquele que vislumbrou em Deus o único Pai-Mãe, nunca poderia sentir-se durante muito tempo solitário, sem família ou sem amigos, nem realmente aceitar a crença de que a nacionalidade ou a raça o exclui da família humana e das bênçãos ilimitadas que este relacionamento lhe traz.

Quer tenhamos uma unidade familiar feliz ou infeliz, nosso conceito dela ainda necessita ser espiritualizado. A necessidade sempre é a de ver o que Jesus via, quando disse estas palavras: “Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe”.

Quando nossa percepção da fraternidade universal se desenvolve, não significa isso que o amor por nossa família imediata diminui. Tal desdobramento deveria fortalecer os laços familiares, e estes adquirem novas dimensões, imbuídos do Amor divino.

(Transcrito de O Arauto da Ciência Cristã – Fevereiro 1986)

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