Para se libertar inteiramente das correntes do amor humano, antes você mesmo terá que desfazer as amarras passadas à sua volta por você próprio. Como poderia estar livre o bastante para ajudar alguém a se libertar, estando você escravizado por esse conceito de amor? Impossível! Jamais vá ao encontro de alguém com o objetivo de conquistar a sua liberdade. A plena liberdade é algo que o próprio indivíduo terá de obter. Realmente, ninguém é capaz de libertar o outro. Pelo mesmo motivo, ninguém é realmente capaz de prender o outro. Liberdade é uma questão pessoal; cada qual é o responsável único pela sua. Ninguém pode dar liberdade a outro. A cada um, cabe-lhe criar a própria liberdade.
O chamado amor humano traz em seu âmago as sementes do medo, ódio, ciúme, dominação e apego. O amor humano gera o medo, justamente por consistir de uma realização íntima de natureza transitória. O suposto ser humano acredita realmente ser capaz de dar ou de receber amor. Pensa que o amor pode ser-lhe dado ou negado. Vive sempre receoso diante da possibilidade de perder seu ente querido, ou o amor que julga provir dele. Nos dois casos, o medo estará presente. Indifere qual possa ser o grau de felicidade que alguém demonstre possuir graças ao “amor” recebido de outro: sempre um receio oculto estará presente. Eis por que o amor humano jamais satisfaz de forma plena. Na maioria das vezes, o amor humano tem demonstrado ser uma experiência bastante frustrante.
O amor humano é uma ilusão. É uma ilusão vivenciada por um suposto homem, que por si integra ou faz parte do fictício mundo ilusório. Ele faz brotar as imagens ilusórias para, em seguida, amar aquilo que ele mesmo inventou. Mantém-se aprisionado à sua natureza fictícia. Sendo ilusórias por própria natureza, suas imagens e emoções necessariamente são todas enganosas.