Portanto, não temos necessidade de pôr em funcionamento a inteligência humana e preocuparmo-nos acerca das coisas com uma pequenina sabedoria. À medida que deixamos de agir pelo raciocínio humano, a limitação individual de nossa inteligência se desfaz, e, à proporção que ela se desfaz, manifesta-se a Sabedoria universal – isto é, a Sabedoria de Deus – sabedoria sem arbítrio – sabedoria de grandeza imensurável; e se nós podemos obtê-la, por que motivo precisamos tentar obter a orientação para a nossa vida somente dentro do pequeno âmbito do próprio eu?
Imensa quantidade de ar puro enche o espaço todo; se esse ar está ao nosso alcance, por que teríamos de respirar apenas o ar do interior do estreito quarto? Se existe o oxigênio natural em abundância, por que teríamos de respirar o oxigênio artificial? Nós precisamos confiar na Nartureza. Se não saímos para respirar o ar de fora, é porque não acreditamos no seu valor; se acreditássemos, não poderíamos deixar de escancarar as portas e as janelas e respirar o ar de fora. Então, se não buscamos a fonte da sabedoria na Grande Sabedoria de Deus que preenche o Universo, deve ser, em última análise, porque não confiamos nessa Grande Sabedoria. Se confiássemos nela, não poderíamos deixar de escancarar as portas e as janelas do coração para respirar a Grande Sabedoria de Deus.
Pois bem, quando assim escancaramos totalmente as portas e as janelas do coração e buscamos na Grande Sabedoria de Deus a orientação direta, em nós próprios, já estará manifestado o Aspecto Real do Filho de Deus, e já não mais seremos escravos da “pequena inteligência”, da ciência, do poder, tornando-nos o próprio Filho de Deus, que encerra em si a Sabedoria infinita e que é por ela orientado.
O grande poeta inglês Browning, sendo profundo conhecedor da Verdade, escreve em seus versos:
das coisas externas não nasce a Sabedoria.
Nós temos nosso Centro no âmago de nós mesmos.
Nesse Centro aloja-se a Verdade infinita.
Escavar essa Verdade –
a isso chamamos extrair a sabedoria.