DÁRCIO
PARTE 5 – FINAL
Segundo a visão dualista, temos “parte humana” e “parte espiritual”. Este ponto de vista incorreto faz com que as pessoas se prendam às imperfeições humanas, vistas pela mente humana, e deixem de CONTEMPLAR A REALIDADE tal como DEUS a vê. Como vimos, o que a mente humana vê é mero conceito insubstancial. A chamada “parte humana”, de cada um de nós, é mero componente desse conceito ilusório: não faz parte de quem SOMOS REALMENTE! Em outras palavras, o suposto “ego humano” é ILUSÃO! Se a mente humana deixasse de formular conceitos limitados sobre nós, se ela conseguisse nos ver como realmente JÁ SOMOS, o nosso EU PERFEITO seria imediatamente revelado. Portanto, este é o objetivo de nosso estudo: reconhecer a presença da Mente divina, que sabe de nossa PERFEIÇÃO, exatamente onde parece existir a “mente humana”, que nos vê com “parte humana” destinada a evoluir, se aperfeiçoar, etc.
Façamos uma comparação: ao contemplarmos um eclipse do Sol, podemos empregar um vidro fosco capaz de filtrar o excesso de luminosidade presente. Visto assim, o Sol nos dará a impressão de estar sem brilho. Contudo, ele continua se mostrando com a luminosidade e brilho de sempre, apesar de sua claridade se mostrar quase imperceptível aos nossos olhos. O Sol em nada se relaciona com este conceito de sua natureza, visto através do vidro fosco. Analogamente, a nossa real identidade, que é divina, nada tem a ver com o suposto ser humano “nascido” neste mundo, que não passa de um conceito criado pela mente humana.
“Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte do Pai: por qual delas me apedrejais? Responderam-lhe os judeus: Não é por obra boa que te apedrejamos, e, sim, por causa da blasfêmia, pois sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo. Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: “Eu disse: Sois deuses? Pois, se a lei chamoudeuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode
ser anulada), àquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis:
Blasfemas; porque disse: Sou Filho de Deus?”
(João 10: 32-36).
A Luz divina, o Cristo, vista pela “mente fosca” dos judeus, se mostrava como ser humano. Assim, esta cegueira acabou por fazer com que eles apedrejassem Jesus. O mundo das aparências, ainda hoje, continua o mesmo: e as pedras continuam sendo atiradas. Somente A LUZ DO DESPERTAR eliminará a ILUSÃO, fazendo com que a Verdade, “Eu disse! SOIS DEUSES”, Se revele universalmente.
Repetindo, a chamada “parte humana” não existe! Este princípio revela a Verdade absoluta e deve ser aceito sem restrições, caso alguém queira “conhecer a Verdade”. Ele é fundamental, por anular radicalmente as crenças errôneas sobre o homem e sobre o Universo em que vivemos.
Tiremos, da ilustração do eclipse do Sol, mais uma importante conclusão: se o Sol estiver sendo visto “sem o brilho”, por causa do vidro fosco, esta “condição vista” jamais irá se projetar “lá fora”, no céu, de modo a afetar-lhe o “brilho verdadeiro”. O mesmo se dá com todas as imperfeições “vistas” pela mente humana: elas não existem “lá fora”, mas tão somente como miragens na mente. Jamais se exteriorizam para distorcer a REALIDADE DIVINA PERMANENTE. Em I Coríntios 13:12, encontramos a citação equivalente ao que acabamos de expor:
“Porque agora vemos como em espelho, obscuramente; então veremos face a face; agora conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido”.Os seres humanos, com qualidades ou defeitos, não passam de conceitos retidos na suposta mente humana. Ao nos desviarmos deste testemunho ilusório, constatamos a LUZ do mundo, o FILHO DE DEUS, sendo exatamente AGORA cada um de nós. Assim, o DESPERTAR ESPIRITUAL jamais cura, melhora ou regenera alguém: ele nos permite reconhecer e contemplar o Universo e o Homem espirituais, perfeitos, AQUI E AGORA.