LIBERTO DA CULPA -1

LIBERTO DA CULPA

Nathan A. Talbot
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PARTE 1


O homem é nascido de Deus. Pertence a Deus. É preservado por Deus. Em virtude desses fatos irreversíveis, o homem real é isento de pecado. E em virtude de ter discernido esse fato, S. João pôde escrever: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado, pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus”.Quando percebemos o relacionamento inalterável entre o homem e Deus, isto é, a verdade de que nosso ser é puro e inocente, somos alçados para fora da crença de que o homem é um pecador – ou seja, abandonamos atos pecaminosos, somos purificados dos traços de caráter que os produzem, e ficamos libertos da culpa e da punição que acarretam. É o Cristo que revela a perfeição do homem espiritual. E é o Cristo que inicia a regeneração espiritual que nos dá a capacidade de superar esse falso conceito de que o homem seja um ente mau, um malfeitor.

Num nível muito prático, porém, como lidamos com os efeitos do pecado – a culpa, por exemplo – depois de abandonarmos as ações más e nos empenharmos na demonstração da impecabilidade do homem?

Se uma pessoa peca, o sentimento de culpa vem finalmente à superfície. Ou será que isso de dá na ordem inversa? Será que um indivíduo peca porque sentimentos de culpa estão vindo à superfície?

Há algo que pode ser abonado no rumo de qualquer dessas alternativas. Se somos sensíveis às qualidades espirituais de pureza, integridade, fidelidade, sentimo-nos desassossegados quando violamos esses preceitos. Se, por exemplo, praticamos sonegação no nosso imposto de renda, não devemos ficar surpresos  se sobrevierem incertezas ou pesados encargos financeiros. Enquanto os sentimentos de culpa servem como uma espécie de alarme mental, dizendo-nos que já é chegado o momento de despertar para ações motivadas mais pelo Princípio, a melhor solução é, antes de tudo, não incorrer em nada que nos cause remorso.

Há ocasiões em que pessoas fazem esforços sinceros para mudar sua maneira de ser, e, não obstante, não conseguem libertar-se de uma sensação de culpa pelo que, em certa ocasião, fizeram, ou, mesmo, pensaram. A libertação de tais sentimentos só sobrevirá ao nos aprofundarmos na questão de saber se há vergonha por ter-se agido erradamente porque ainda não aprendemos a aniquilar os sentimentos latentes de culpa.

Adão e Eva são considerados pela teologia popular autores do pecado original. E, a partir desse ponto, surge a suposição de que a humanidade sofre por causa dos atos deles. Raciocinando de acordo com esse argumento, o ponto de vista religioso define o homem como pecador: nascido em pecado, sujeito ao pecado por toda a vida. Sob tal condenação, quem é que não sentiria certa tendência para culpar-se? Quando esse conceito errôneo não é desafiado, as pessoas supõem-se mortais culpáveis; se lhes torna virtualmente natural pecar! Assim sendo, aquilo com que temos de lidar é a culpa mais elementar, a presunção original da falsa teologia, de que o homem seja um pecador. É só parcialmente que se leva a efeito a regeneração se apenas lidamos com um ato particular mau; como as origens da ação má não foram de todo extirpadas – talvez nos encontremos a pecar outra vez.

A Ciência Cristã vai direto ao cerne da cura do pecado ao definir o homem tal como Deus o criou e o sustenta. Jó captou um vislumbre da verdadeira natureza do homem, quando disse: “Estou limpo sem transgressão; puro sou, e não tenho iniqüidade” (Jó: 33.9).

Se começarmos pela premissa de que o homem decaiu da perfeição, nunca eliminaremos a incriminação que pesa sobre ele. Porém se começarmos com a compreensão de que Deus é infinitamente bom e preserva intacto o Seu universo, temos uma base para destruir toda culpa – e os atos que a culpa anima. O bem infinito significa exatamente isso. Significa que não há espaço para o mal. Significa que a identidade do homem não evoluiu do mal nem se submete, em algum ponto, ao mal.

Continua…>

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