JOEL S. GOLDSMITH
Se formos induzidos a dar “tratamento” a pessoas – tratá-las dos nervos, de alguma causa mental de doença física, de ressentimento, ódio, ciúme ou raiva, ou se formos tratá-las de câncer ou tuberculose – não estaremos sendo praticistas de cura espiritual: estaremos praticando medicina, por tratarmos de efeitos, sejam eles pecado, doença ou pobreza; e, mesmo que eliminemos um deles, dois outros efeitos surgirão em seu lugar.
Enquanto não dermos com o machado à raiz da árvore, que é o hipnotismo, não seremos libertos da consciência material ou mortal. Ao nos capacitarmos a ver através do hipnotismo, alheios a nomes de pecados, doenças ou carências, nosso paciente ou estudante irá experienciar harmonia, saúde, integridade e suficiência. Se o problema dele for com os nervos, ele se verá livre; se for de desemprego, ele se verá empregado; se for de doença, ele se sentirá saudável. Por quê? Pela habilidade do praticista em “ver através do hipnotismo” e perceber a Deus sendo o Princípio de tudo aquilo que é.
Muitas vezes, porém, mesmo tendo compreendido o hipnotismo atuando como sugestão ou aparência, o estudante ainda crê na existência de uma condição real a ser destruída. Nessas situações, ouvimos frases como: “Veja o que o hipnotismo está fazendo comigo!” Entretanto, o hipnotismo não é uma condição real. O hipnotismo não pode produzir água no deserto, nem cobras num vaso de flores. O hipnotismo é, em si, sem substância: sem forma, sem causa e sem efeito. Reconhecer alguma forma ou aparência de ilusão como hipnotismo, soltando-a sem lhe dar maior importância, eis a maneira correta de lidarmos com toda ilusão. Reflita sobre esta ideia de o hipnotismo ser a substância de cada forma do universo material e mortal que lhe está aparecendo. Ao ver pecado, doença, falta e limitação, lembre-se: aquilo é hipnotismo sendo-lhe apresentado sob aquele formato de mal. Mas, também ao ver as maravilhas ao seu redor, montanhas, oceanos, o sol radiante, lembre-se: estas, igualmente, são formas de hipnotismo, mas aparecendo, dessa vez, no formato de bem.
Isto não significa que deixaremos de desfrutar os bens da vida humana; antes, nós os desfrutaremos pelo que eles são – não como algo real em si ou de si mesmos, isto é, por detrás de todo bem está o Algo espiritual que deve, portanto, ser espiritualmente discernido. Nós desfrutamos as formas do bem reconhecendo-as como temporárias, não como algo a ser estocado, algo a ser enterrado em cofres, mas como algo a ser usufruído; e então, dia a dia iremos prosseguindo, deixando que o “maná” nos caia novamente.
Frente aos aspectos negativos do hipnotismo, isto é, as formas de pecado, doença, falta e limitação, o ponto mais importante a ser lembrado é o seguinte: não devemos ser iludidos no sentido de tentar reformar o mal ou as pessoas pecaminosas. Pelo contrário, devemos reconhecer imediatamente: “Oh, não! Isto é o hipnotismo, aparecendo em mais uma forma, hipnotismo que, em si e de si mesmo, não possui substância, lei, causa ou efeito de qualquer forma de realidade”. Esta prática é que o torna um praticista de cura espiritual.