A CARIDADE COMO ARMA DO ANTICRISTO

A CARIDADE
COMO ARMA DO ANTICRISTO
Dárcio

Até hoje, a maioria entende a “caridade” como a manifestação direta da Vontade de Deus. Tentar explicar à pessoa que “humano agindo é ilusão”, sejam suas ações boas ou más, é quase impossível! Como dizer a ela que “ela não é ela”, e que Deus, que realmente é o ser de todos, não divide espaço de Sua Onipresença com seres humanos bons ou maus? “Segue-me tu”, disse Jesus. Unicamente por revelação alguém entenderá que DEUS É TUDO!

Entretanto, aqueles no Caminho Espiritual, e desejosos realmente de experienciar a Verdade, devem ser alertados quanto a esta “arma anticrística”, que é a chamada “caridade humana”. A ação visível de “ser bom” somente tem respaldo espiritual se for uma manifestação-efeito e não objetivo-causa. Por “manifestação-efeito” eu chamo a aparência fenomênica em que nos vemos fazendo o bem ao próximo sem que tal ação tenha se originado na mente humana; por “objetivo-causa” eu chamo a mesma aparência,  mas com o  bem sendo feito tendo sua origem na mente humana. É quando a pessoa se programa para “fazer caridade”, e acaba ficando escrava dessa programação.Muita gente já me disse que “ter o Reino de Deus” é viver se dedicando à caridade! Esta crença é o perigo!

O que realmente pode ser chamado de “fazer o bem humanamente” é quando esta ação flui espontaneamente em cada circunstância, e sem nenhuma programação mental. Jesus deixou a parábola do “bom samaritano”, em que ele se sentiu movido para prestar socorro ao próximo necessitado. Mas o samaritano não foi  humanamente “procurar alguém para ajudar”; a situação surgiu naturalmente e sua ação amorosa se deu da mesma maneira.

Em Mateus 6: 33, vemos Jesus deixando a prioridade a ser mantida: “Buscar o Reino de Deus em primeiro lugar”. Não disse que “fôssemos caridosos” em primeiro lugar! Por isso eu disse haver diferença entre “manifestação-efeito” e “objetivo-causa”. Aquele que “busca o Reino em primeiro”, ou seja, a Verdade Absoluta, não terá cabeça para se achar alguém humanamente bom ou humanamente mau! Estará contemplando Deus sendo a Substância do seu ser. Como a mente humana apenas gera uma finita imagem-sombra da Realidade divina infinita, aos olhos do mundo, poderemos até passar como sendo alguém fazendo o bem ao próximo. Porém, nós mesmos estaremos na visão correta: a Oniação é Deus em ação onipresente perfeita, o “Pai em MIM faz as obras”, que nunca são as obras temporais vistas pela suposta mente humana. As obras de Deus incluem as nossas e se dão no plano absoluto. Enquanto esta visão não for discernida, teremos, na caridade meramente humana, uma “arma anticrística”, com seres fenomênicos se achando cumpridores da Verdade, agindo tão-somente por impulsos mentais humanos, vivendo sem transcender a farsa que se chama “este mundo”. Desse modo, o ego fica enaltecido, a pessoa se sente realizada e bem consigo mesma, mas, nesta satisfação ilusória, deixa de conhecer a Verdade, a sua Identidade real e o Reino de Deus. Aquele que “busca o Reino em primeiro lugar” sabe que a chamada “caridade” é   simplesmente  parte dos “bens vindos acrescentados”, um efeito e não motivo ou causa.

Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada. Pois, se nós, que procuramos ser justificados em Cristo, nós mesmos também somos achados pecadores, é, porventura, Cristo ministro do pecado? De maneira nenhuma. Porque se torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim. Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde.”

(Gálatas 2; 16-21)

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