E ao sentarmo-nos ao lado de uma pessoa doente, conscientizando: “Eu não dou poder a essa doença, a esse pecado ou falso desejo. Isto é poder temporal, ou seja, não é poder, e eu não acreditarei nele”, iremos notar a sua melhora, e saberemos ter comprovado, mesmo em pequena escala, que o poder temporal não é poder sob qualquer forma.
A vida espiritual não nos leva a vencer o mal, mas ao reconhecimento da natureza do mal: o mal não tem nenhuma direção de Deus; o mal não tem nenhuma lei de Deus para mantê-lo; o mal não tem nenhuma Deus-existência, Deus-objetivo, Deus-vida, Deus-substância ou Deus-lei: ele é temporal, o “braço se carne”, ou o nada.
Enquanto orarmos para que um poder divino vença o mal, estaremos resistindo a ele, mas se estivermos ancorados na verdade, repousamos na realização de que essa coisa que nos encara é uma miragem, não um poder, e que não precisamos temer o que o homem mortal nos possa fazer ou o que ele possa pensar ou ser. Todo o temor do poder mortal é dissolvido – poder temporal, poder material, leis de infecção ou contágio, calendários ou idade – porque sabemos que nada do reino dos efeitos é poder. Todo poder é invisível, e o que está aparecendo a nós como poder é uma imagem mental no pensamento, um quadro, um conceito errado de poder.
O conhecimento dessa verdade nos torna livres; mas, enquanto a estivermos conhecendo, nossos pensamentos e ações devem estar de acordo com a verdade que estamos conhecendo. Não podemos negar o poder do efeito e logo no minuto seguinte cedermos a ele, ou falando claramente, não podemos negar o poder do efeito e depois odiar ou temer alguém, já que ele é parte daquele efeito.
Se formos incapazes de fazer isso em cem por cento, ou se ocasionalmente falharmos, não devemos ficar desencorajados. É quase impossível alguém mudar da noite para o dia de um estado de consciência material para um estado de consciência espiritual, ou tornar-se integralmente ou totalmente espiritual após somente um ou dois anos de meditação.
Sejamos agradecidos ao fato de que, após termos posto os pés no caminho espiritual, passamos a viver dessa maneira, atingindo em alguma medida aquela “mente que estava também em Cristo Jesus”, e, nessa mesma medida, embora pequena, demonstrando externamente seus frutos. Não estamos na expectativa de atingir a Cristicidade de um único salto, mas de ir atingindo aquela Mente Crística pela dedicação diária a esse tipo de prece e meditação. Ao visualizarmos o universo temporal, deveremos conscientizar:
odiado ou amado: isto é a ilusão; e, exatamente onde está a ilusão,
é o reino de Deus, o Meu reino.
Meu reino é a realidade. Isto que meus olhos veem
e meus ouvidos ouvem é uma contrafação superposta, não existente como um mundo, mas como um conceito,
um conceito de poder temporal.
O Meu reino está intacto;
o Meu reino é o reino de Deus;
o Meu reino é o reino dos filhos de Deus;
e o Meu reino está
aqui e agora.
Tudo que existe
como um universo temporal é sem poder.
Não preciso odiá-lo, temê-lo ou
condená-lo; preciso somente
compreendê-lo.