O CORAÇÃO NÃO TEM AONDE IR


O CORAÇÃO NÃO TEM AONDE IR
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Sue Sikking
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Seu coração é a moradia de Deus em você. Tudo que você é ou pode vir a ser, emana de seu coração à sua mente e daí à expressão externa, através de sua mente consciente. Seu arquétipo divino, suas instruções lacradas, são a imagem e semelhança de Deus que estão em você à espera de dinamização. Eles só podem manifestar o ser espiritual e verdadeiro que você é, e não aquilo que Deus não é nem criou. Essa manifestação de seu potencial interno é tão natural e real como os filhotinhos que uma leoa ou uma gata parem, ao devido tempo, ou como a pequena águia que emerge de um ovo.

No mais profundo de cada ser vive o ser espiritual, o “homem divino”, real, chamado Cristo, que significa “o Ungido”, o Deus em nós. Cristo vive. . . como perfeição em potencial. . . e “é o Princípio vitalizante que modela o homem”, “Cristo é tudo e em tudo mora”. “Este mistério, que é Deus em você, é a esperança de glória”. “Deixe que a perseverança traga seus frutos para que nada lhe falte, para que você seja perfeito e completo”!

Tudo o que você já criou satisfatoriamente, veio-lhe do coração. A alma só se satisfaz quando a mente e o coração estão de acordo: quando forem um. Se sua mente está cheia de preocupações, de propósitos egoístas, intentos de vingança; se você se deixa povoar de imagens negativas acerca de pessoas e coisas, em tumulto mental; se o seu íntimo está em batalha constante entre julgamento e ódio—então o seu coração não tem aonde ir. Então, sua herança divina está impedida de manifestar-se por sua mente, porque o medo, as ideias preconcebidas, as críticas e julgamentos fecham as portas da mente. E o coração, ante a porta fechada, fica insatisfeito e triste, incapaz de se exprimir como bênçãos em sua vida: “a alegria de nossos corações cessou; nossas danças se transformaram em luto”.

Agora mesmo você pode ser o próprio retrato de seu coração: pleno, livre, vivo—a expressão do amor. Ou então se pode tornar um ser vazio, miserável, frustrado e infeliz—se o seu coração estiver trancado. O coração é cheio de amor porque “Deus é Amor”. O amor é o poder que nos atrai toda sorte de bem: amigos, boas oportunidades, abastança, o lugar certo para dinamizar nossos dons e tudo o mais de que necessitamos. O amor é poder harmonizador e equilibrante de tudo. É divina ordem. É o poder que pacifica e une todas as coisas. É força de gravidade que tudo atrai e liga à Terra. É, também, coesão das partículas de nosso corpo num todo e, semelhantemente, a união dos membros da família que põe cada pessoa em sua missão e anseio.

É o amor que mantém a pessoa na senda do êxito exterior e plenitude interna. É ele que jorra as ideias de Deus e as materializa como . . . felicidade! É o amor que faz o homem pesquisar, buscar, inventar, criar. Ele é que mantém unidos o corpo e a alma, pois sem ele a alma abandonaria o corpo—sem atmosfera para respirar e viver.

Se você precisa de mais saúde física, de mais energia e vitalidade ou habilidade para viver bem, ame mais! Fomos feitos para amar: porque o amor é a nossa própria essência!—e não simplesmente gostar. Gostar é aprovar, é desejar copiar, ser igual, ao passo que o amor é a consciência de que somos um. Cada alma nos está unida por algo que transcende a forma. Amar é desejar o melhor a cada pessoa, como o queremos a nós mesmos. O amor é a Regra de Ouro em ação! O amor sana feridas, vitaliza e rejuvenesce o corpo. “Se nos amamos uns aos outros, Deus Se faz presente e em nós é perfeito o Seu amor. No amor não há medo; antes, o perfeito amor afasta o medo”.

Uma vez um médico me afirmou: “A única coisa que pode rejuvenescer as pessoas idosas e fazê-las viver de novo é o amor”. As pessoas se enganam pensando que o amor foi feito para a juventude; que são muito velhas para amar. O amor não tem idade porque é expressão do eterno Deus. O amor jamais se aposenta! Vida sem amor é vida sem Deus, porque “Deus é Amor!” E quem ama, senão o coração? Aí é que residem a fé, a esperança e o amor: os três. “Mas o maior deles é o amor!”

Dê passe livre ao seu coração: essa é a coisa mais importante do mundo. O coração é a morada de Deus e Ele deve ter passe livre de lá para nossos amigos e circunstâncias. Sem isso, a vida passa por nós sem premiar-nos de ventura: envelhecemos em vazio de propósitos. É pelo centro amoroso do coração que o homem recebe toda substância, inspiração e poder realizador. Pelo livre fluxo do coração é que Deus Se faz em nós. Ao trancar em si e esquecer  a substância-Deus em seu coração, o homem se limita e se infelicita, porque Deus é Amor que tudo pode. O natural é que a mente aceite a substância do amor para o pleno cumprimento da vida. Basta que se deixe guiar pela orientação que lhe vem de lá. A mente deve ser a receptora e executante do poder do amor, que sabe o que, como e quando fazer. Podemos supor que a mente, por si só, seja a idéia e a causa, mas não é verdade: Deus é a idéia e a causa, como desejo do coração limpo. A mente fiel é a que se deixa guiar pelo amor, apenas contribuindo com as linhas da verdade, para delinear os padrões de bem que Deus exprime em nossa vida.

Como seres humanos, muitas vezes nos perdemos num mundo construído por nós mesmos. Envolvemo-nos tanto na manifestação de nossas ideias, que acabamos esquecendo a causa. Identificamo-nos de tal modo com os fatos e coisas que forjamos—cidades, casas, carros, aviões, rodovias, computadores, maquinaria, etc. —que nos esquecemos da fonte de onde provieram, como impulsos de realização: o coração. Ora, se nos distraímos com a água, olvidamos a fonte que a jorrou. Assim, o coração fica ancorado, sem continuar a expressar-se. Se o coração se contenta com o que foi feito, seremos como conchas vazias, não que as criações não sejam gratificantes, e sim porque o coração deve ser renovado pela alegria e continuação do criar, amar, viver e ser! Isto é que explica o fato de os verdadeiros artistas viverem muito.

Se não compreendemos e nem acreditamos que o coração é a placenta do homem e do mundo, então recusamos o bem de Deus. Se somos inconscientes do papel desempenhado pelo coração em nossa vida, estamos convidando a solidão, a frustração e o desencanto como companheiros.

S. Paulo ensina que quando estamos separados de Cristo, inconscientes de nossa origem, somos alienados: “estranhos à aliança prometida, desesperançados num mundo sem Deus”. Aliança é um elo entre duas partes. Deus fez aliança com Noé, Abraão, Moisés, Elias e outros, no mundo antigo. E também fez aliança conosco: de possibilitar-nos uma nova consciência em Deus. Esta aliança com o Poder que nos criou, está em nosso coração. Cada um de nós, como pactuante, tem um dever a cumprir perante Deus. Se sua mente o ignora, o coração bem o sabe e o cumpre, se você lhe permite agir.

A meditação do Novo testamento lhe dá a segurança do que lhe estamos dizendo, para que você não resista e liberte seu coração, para que Deus lhe cientifique os termos da Aliança: “Eu, Deus, tomarei conta de você, derramar-lhe-ei as bênçãos e riquezas dos céus, como paz, alegria e plenitude. Em troca, você deve saber, crer, e aceitar sempre estas riquezas, sob quaisquer circunstâncias, tomando consciência de Minha Presença e cumprindo a Minha Vontade, que é seu bem real”.

Relaxemo-nos, aceitemos essa Vontade e deixemos o coração expressá-la. Coragem significa ação do coração, pois o divino impulso que brota do coração é força realizadora para atravessar, incólume, as experiências da vida, até cumprir nossos bons objetivos. O velho ditado: “Ele não põe o coração no que faz” é verdadeiro. Tudo se faz, e bem, quando deixamos o coração fazer. A ação mecânica, fria, é desumana. É ausência de Deus. É abandonar o coração, que já não sabe aonde ir. A realidade e prosperidade não são a posse das coisas, mas o amoroso usufruto delas, pela consciência do Deus vivo em nosso coração.

Nosso tempo é agora. Estejamos prontos para a aventura divina. É hora de o amor de Deus transitar livremente por nosso ser, iluminando o mundo à nossa volta. Despertemos nosso potencial espiritual. Embora não conheçamos em pormenor a riqueza que possuímos, deixemo-la brotar para que ela mesma se nos revele em crescimento. Tudo nos é possível quando cumprimos a Aliança. Não receie as crises e obstáculos: são oportunidades de desabrochamento para quem não se deixa perigar. Não pense que a vida em Deus é ausência de desafios. Isso não existe numa existência normal. Os acontecimentos, corretamente encarados, são meios de crescimento, muito bem programados. Em tudo que nos sucede em cada etapa da vida, há um bem à espera de ser desfrutado.

Busquemos, pois, o bem, em cada experiência e o amargor se destilará em bênção, quando encaramos e reagimos corretamente aos fatos, pelo coração e a mente unidos. Importante não é o fato, mas o modo como a ele você reage. Não esqueça isto.

A semente reclama crescimento. O homem também, como idéia divina, reclama acabamento. Uma pessoa descrente e apressada tem o coração preso e não pode alcançar a paz de Deus e nem pode vislumbrá-la nas adversidades. Teme e se protege demais e não alcança a finalidade da vida. Só o coração dá a coragem e a persistência, unindo-a com o discernimento mental, para assegurar nosso crescimento e expansão, em meio às conjunturas do viver.

Um bebê não nasce para continuar bebê, nem o menino se detém na meninice, nem o homem deve contentar-se em ser adulto apenas fisicamente. Há uma meta mais alta: a do Ser espiritual! Deixemos o Espírito de Deus exprimir-Se, na terra, cada dia, cumprindo livremente seu programa, entre as circunstâncias individualmente traçadas. Não tema o desafio e nem pare num viver suave e comodista. Tome ânimo, mova-se. Deixe o coração falar pela coragem na luta e pela ação útil, quando o conforto procura anestesiá-lo. Abra a mente ao coração e deixe que este transite livremente. Ele sabe. Só ele pode liberar o divino amor neste mundo confuso. Você não é completo sem amor. Ele é a esperança do mundo, a saúde do corpo, a serenidade da alma e a plenitude do viver. O amor é poder!

Agora passo a mostrar-lhes um caminho sobremodo excelente (I Cor. 13:1 a 8 –versão Moffatt):

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos Anjos, mas não tivesse amor, seria como o sino que tine ou um metal que soa. Ainda que eu pudesse profetizar e sondar todos os mistérios da erudição oculta e ter fé absoluta de poder mover montanhas, mas não tivesse amor, de nada me valeria. Ainda que distribuísse tudo o que possuo em caridade ou deixasse que me queimassem o corpo, mas não tivesse amor, de que me adiantaria? O amor é paciente, amável. Não compete, não tem ciúme, não se presume, nunca é rude e nem interesseiro, não se irrita, não se ressente, não trata rudemente os demais, não fica feliz com os erros dos outros senão que se regozija com o bem. O amor reluta em se expor, crê no melhor, sempre espera e sempre alcança. O amor jamais se extingue! Assim a fé, a esperança e o amor perduram, mas o maior dos três é o amor!”

Centralize, pois, o seu coração no amor, assegure a cooperação da mente e faça disso o seu objetivo, para a realização de seus dons espirituais!

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