O “OLHO SIMPLES”
Dárcio
Parte 1
Toda imperfeição não passa de aparência, simples imagem na mente, impossível de estar exteriorizada. Suponha que estejamos tentando focalizar uma paisagem com o auxílio de um binóculo. A princípio, por estarem as lentes desreguladas, o cenário poderá se mostrar de modo distorcido, confuso e imperfeito. Pelo ajuste correto da posição das lentes, a “imperfeição” cederá lugar à imagem perfeita. Quem poderia dizer que o cenário foi corrigido? Ele apenas passou a ser visto como realmente ele é! Observe algo mais: nossos olhos também não foram ajustados; apenas as lentes do binóculo (algo que não faz parte de nosso ser) se ajustaram.
Vejamos outra analogia: Considere que um pianista execute a obra “Noturno”, de Chopin, porém errando várias notas durante a exibição. Ao ouvirmos tal “melodia”, estaríamos ouvindo “Noturno” errado? Não. Estaríamos ouvindo “outra” música, inexistente! E sem autor algum! Além disso, intimamente, estaríamos comparando os sons apresentados, da música inexistente, com a que realmente existe, criada por Chopin. Em suma, a música correta e verdadeira é a que esteve sempre existindo, inclusive para a mente do pianista que aparentemente a tocava erroneamente. Também ele tinha consciência de que a música real é diferente daquela ouvida pela sua execução. Apesar de audível, a música tocada era inexistente; por outro lado, a música existente deixou de ser reconhecida audivelmente durante toda a má execução. O mesmo se dá com o Universo. Apesar de estar sempre perfeito, aqui e agora, ele nos é apresentado como imperfeito pela tradução mal feita apresentada pela mente humana. Tão logo o pianista se volte para a sequência de notas que já são a melodia verdadeira de “Noturno”, esta, que jamais se alterou, será reconhecida audivelmente também nesta aparência de mundo. Do mesmo modo, este Universo, ao ser observado tal como real e espiritualmente já é, contemplado pelo “Olho Simples”, poderá ser visto como harmônico pelas pessoas do mundo.
Continua…>
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