“QUEM ÉS TU?…”
Dárcio
Parte 2 – Final
Se de um lado a Mente divina é ilimitada, por outro, a suposta mente humana habitualmente se identifica com qualquer tipo de limitação. Diante de um linguajar dualista, que ora nos enaltece e ora nos menospreza, a tendência desta mente falsa é a de se identificar com o lado inferior e negativo. Para exemplificar, consideremos a seguinte passagem da Bíblia:
“E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz e não há nele treva alguma. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (I João 1: 5-10).
Este é um exemplo do que denominamos exposição relativa da Verdade. O dualismo “pessoa pura” e “pessoa pecadora” é apresentado ao leitor, que recebe o Fermento puro misturado com a impureza, como se Deus não fosse TUDO! Como dissemos, pela tendência que a suposta mente humana tem para se identificar com o pior, inferior ou limitado, apesar da boa intenção com que o apóstolo João apresentou a mensagem, é bastante provável que ela não tenha surtido o seu melhor e desejável efeito. E a razão é muito simples: como dizer à pessoa que ela é pecadora, e querer que ela se sinta em comunhão com Deus? Impossível! Além disso, esse tipo de colocação leva a crer que a comunhão com Deus é algo que depende do comportamento da pessoa. O enfoque absoluto considera a existência única de Deus. Este é o Fermento puro. Não existem seres humanos! Nem iluminados nem pecadores! DEUS É TUDO! Este fato garante nossa comunhão inquebrantável com Ele. A chamada “culpa” é uma farsa! A percepção de que DEUS É TUDO desfaz a crença ilusória de que existe um mundo material habitado por seres separados de Deus. Talvez as mensagens dualistas consigam incentivar o homem a se aperfeiçoar, e se tornar humanamente melhor. Contudo, isso tudo pertence ao ilusório “mundo de aparências”. Esse mecanismo todo está fora da Realidade de Deus; e, estando fora de Deus, é NADA!
Nosso único nome é: “Eu Sou”. “Vós sois de baixo, EU, de cima; vós sois deste mundo, EU não sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não crerdes que “Eu Sou”, morrereis em vossos pecados” (João 8: 23-24).
Ao perceber a UNIDADE DA EXISTÊNCIA, automaticamente você também dirá: “EU SOU DE CIMA, EU NÃO SOU DESTE MUNDO!”
“Disseram-lhe pois: QUEM ÉS TU? Jesus lhes disse: Isso mesmo que já desde o princípio vos disse. (…) Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis QUEM EU SOU (…) (João 8: 25-28).
Como TUDO É UM, obviamente, nós somos este UM. Esta é a percepção da Unidade espiritual que corresponde a “levantar o Filho do homem”. Jamais, em tempo algum, esta UNIDADE que formamos deixou de existir para se tornar separatividade. O tempo não existe! Assim, sempre e eternamente estamos sendo a Unidade indissolúvel e indivisível que Deus é, e que, portanto, “Eu Sou”. Reconheça isso para VOCÊ PRÓPRIO, e terá “levantado o Filho do homem, e então conhecido QUEM VOCÊ É”.
A “miragem” do deserto poderá mostrar a presença de água e de areia. A percepção de que “tudo é areia”, sendo a água sempre inexistente, corresponde à percepção de que TUDO É DEUS, enquanto o suposto “ser humano” jamais existiu.
A ideia de querer aperfeiçoar o ser humano, torná-lo mais espiritualizado ou evoluído, equivale a se pretender secar o lago da miragem ou transformá-la gradativamente em areia. Como se trata de uma “miragem”, aquilo seria um absurdo. Desse modo, admitir que existe um “ser humano” ao lado da ONIPRESENÇA DIVINA, e ainda pretender que ele “atinja a Consciência de Cristo”, seria absurdo ainda maior. “Vós sois de baixo (água, ser humano), EU, de cima (areia, Deus); vós sois deste mundo, EU não sou deste mundo”.
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