QUE É DEUS – (II)

QUE É DEUS?

(A VIDA E O ENSINAMENTO DOS

MESTRES DO ORIENTE)

Baird Spalding

( II )

“Quando eu disse, ‘Eu sou o Cristo, o único gerado por Deus’, não o declarei por mim mesmo apenas, pois, se o tivesse feito, não poderia tornar-me o Cristo. Digo claramente que, para produzir o Cristo, eu, assim como todos os outros, precisamos declará-lo; pois precisa­mos viver a vida, e o Cristo precisa aparecer. Vocês podem manifestar o Cristo quanto quiserem mas, se não viverem a Vida, o Cristo nunca aparecerá. Pensem muito, queridos amigos: se todos manifestassem o Cristo e depois vivessem a Vida durante um ou cinco anos, que despertar haveria? Não se podem imaginar as possibilidades. Esta foi a visão que eu vi. Queridos, vocês não podem, porventura, colocar-se onde eu estava e ver o que eu vi? Por que me cercam com as trevas e com o lodo da superstição? Por que não erguem a vista, a mente e os pensamentos para o alto e não veem com uma visão clara? Veriam, então, que não existem milagres, nem mistérios, nem dor, nem imperfeição, nem desarmonia, nem morte, exceto os que o homem fez. Quando eu disse, ‘Venci a morte’, eu sabia de que estava falando; mas foi preciso a crucificação para mostrá-lo a esses queridos.

“Existem muitos de nós reunidos para ajudar o mundo inteiro e esse é o trabalho da nossa vida. Houve momentos em que foram necessárias as nossas energias combinadas para repelir as ondas dos maus pensamentos, da dúvida, da descrença e da superstição, que quase engoliram a humanidade toda. Vocês podem chamar-lhes forças do mal, se quiserem. Sabemos que elas são más apenas na medida em que o homem as faz assim. Mas agora vemos a luz ficar cada vez mais brilhante, à medida que nossos amados se desfazem de seus grilhões. Pode ser que, ao desprender-se dessas cadeias, a humanidade se afunde por algum tempo, na materialidade; mesmo assim, porém, é um passo mais vizinho da meta, pois a materialidade não prende ninguém como prendem a superstição, o mito e o mistério. Quando andei sobre a água naquele dia, acham vocês que eu dirigi meus olhos para grandes profundezas, a substância material? Não, fitei meus olhos firmemente no Poder de Deus, que transcende todo poder do abismo. No momento em que fiz isso, a água tornou-se tão firme quanto uma rocha e pude caminhar sobre ela com perfeita segurança.”

Jesus parou de falar por um momento, e um membro do nosso grupo perguntou: ‘O fato de estarmos aqui conversando não o impede de prosseguir no seu trabalho?” Jesus respondeu: “Não se pode obstar a um dos nossos amigos que aqui estão, nem por um momento, e eu acredito estar incluído entre vocês.”Alguém sobreveio: “Você é nosso Irmão.” O rosto de Jesus iluminou-se com um sorriso ao dizer: “Obrigado. Eu sempre lhes chamei Irmãos.”

Nesse momento, um do grupo voltou-se e perguntou a Jesus: “Podem todos revelar o Cristo?” Ele respondeu: “Sim, toda realização só tem um fim. O homem veio de Deus e precisa voltar para Deus. Aquele que desceu dos céus precisa subir de novo para o céu. A história do Cristo não começou com o meu nascimento, nem terminou com a crucificação. O Cristo passou a existir quando Deus criou o primeiro homem à Sua própria imagem e semelhança. O Cristo e aquele homem eram um só; todos os homens e aquele homem são um só. Assim como Deus era o seu Pai, assim também Ele é o pai de todos os homens e todos são filhos de Deus. Assim como o filho tem a qualidade dos pais, assim o Cristo está em cada criança. Por muitos anos, a criança viveu e compreendeu sua Messianidade, sua identidade com Deus, através do Cristo em si mesma. Começou, então, a história do Cristo e vocês podem fazê-la remontar ao princípio do homem. Que o Cristo significa mais do que o homem Jesus, não há dúvida. Se eu não o tivesse percebido, não teria produzido o Cristo. Para mim, esta é a pérola sem preço, o vinho velho em odres novos, a verdade que muitos outros já apresentaram e, desse modo, realizaram os ideais que eu realizei e provei.

Continua…>

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