O
PARALELO DIDÁTICO
Dárcio
Em geral, o estudo da Verdade traz até nós uma variedade imensa de obras, escritas por vários autores, cada qual empregando uma terminologia própria ou específica, mas sempre com o intuito de nos transmitir os princípios espirituais da melhor maneira possível. Com muita frequencia, encontramos o que estamos aqui denominando “paralelo didático”, que consiste em se contrapor a Realidade Espiritual, invisível à suposta mente humana, ao “conceito” que as pessoas retém a respeito de si mesmas e do mundo, por estarem sugestionadas por esta mente ilusória.
As expressões, “Universo real e universo aparente”, “Eu verdadeiro e eu falso”, “Realidade e ilusão”, são alguns exemplos de “paralelo didático”. Logicamente, os autores que se utilizam desse linguajar sabem ser ele meramente um artifício literário que busca, por fim, colocar um ponto final tanto ao materialismo como ao dualismo, que aceitam a existência de matéria e espírito. Nos exemplos dados, é claro que o autor acredita SOMENTE no Universo real, no EU verdadeiro e na Realidade espiritual. As palavras “aparente”, “falso”, e “ilusão” não retratam existências, mas justamente o contrário, ou seja, retratam “vazios”, inexistências. A princípio, este “paralelo didático” é válido, muito útil, e cumpre uma finalidade, pois o leitor passa a entrar em contato com algo além da suposta mente humana antes ainda de transcendê-la conscientemente. Assim, os princípios espirituais inicialmente vão sendo lidos, conhecidos, analisados, enquanto o leitor com as leituras e primeiras meditações, dá início à abertura de sua mente para poder captar a Realidade, que é puramente espiritual.
Como dissemos, por terem sua utilidade, não somos contrários à utilização desses métodos. Se alguém estiver passando por uma suposta “crise financeira”, por exemplo, e lhe dissermos que a totalidade do suprimento universal já está à sua mão, totalmente à sua disposição, será natural que a sua mente, presa ao problema que crê existir, ache aquilo absurdo e ridículo, uma “teoria” impraticável, e não a Verdade Absoluta! Quando o caso é desse tipo, o “paralelo didático” se mostra bastante útil, pois dá à pessoa as condições momentâneas para que aceite o suprimento universal como já sendo dela, apesar da aparente situação de carência por que ela julga estar passando. Daí vêm as frases com o “paralelo didático”: “Você já é próspero; a carência é ilusão. O seu Eu verdadeiro é “um com Deus”, e desconhece a aparência de limitação que o seu “falso eu” admite existir . ”Raramente encontramos alguém neste estudo que não tenha empregado esse tipo de ensinamento em alguma fase de sua vida. Entretanto, não devemos permanecer aí. O hábito ou a permanência nesse tipo de enfoque acaba por anular o seu propósito inicial, que é de nos dar o discernimento pleno de que DEUS É TUDO. É quando a pessoa acaba fazendo uso do falso dualismo implícito no “paralelo didático”, atribuindo-lhe o caráter de existente. Como exemplo, alguém poderá dizer: “Eu não estou bem de saúde, mas sei que isso não passa de ilusão”, ou, “Eu sei que sou herdeiro de Deus, mas na aparência eu ainda estou com dificuldades financeiras”, etc.
Saiba que enquanto acobertar esse tipo de argumentação, você estará somente sendo condescendente com “inexistências indesejáveis”, não havendo, no caso, Verdade alguma sendo conhecida. A Verdade é a PERFEIÇÃO ABSOLUTA, e não há, além da Verdade, mais nada! Portanto, em dado momento, é preciso que deixe de lado o “paralelo didático”, sob quaisquer de suas formas, para que o discernimento espiritual não fique comprometido justamente por conta deste palavreado dualista ilusório. O “paralelo didático”, com relação a alguém paralítico, poderia ser: “O você verdadeiro está perfeito; somente o seu “falso eu” é que está paralítico”. E diante do mesmo quadro, a Verdade Absoluta irá dizer: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa”. Este último enfoque dispensa e exclui a dualidade; exclui até mesmo a “dualidade aparente” contida nos termos, “Você verdadeiro e você falso”. O enfoque absoluto aborda a Verdade unicamente a partir da própria Verdade, desconsiderando por completo aquilo que é NADA, aquilo que JAMAIS EXISTIU. A Verdade flui sem oponentes. Seria lamentável que alguém lesse um artigo sobre a Verdade e continuasse na crença de limitações apenas impostas por palavras do vocabulário humano. Mesmo enquanto você possa estar fazendo uso do “paralelo didático” em suas leituras e mentalizações, durante as “contemplações silenciosas” livre-se dele! A VERDADE É VOCÊ! VOCÊ flui como o próprio Universo, sem limitações. RECONHEÇA QUE VOCÊ JÁ TEM A PERCEPÇÃO DESTA REALIDADE, EXATAMENTE AQUI E AGORA. CONTEMPLE ESTE FATO!