A TOTALIDADE DE DEUS

A TOTALIDADE DE DEUS:

ponto de partida importante para a cura

David Creighton

Há séculos, pessoas de todo o mundo têm tido o desejo de conhecer e entender a Verdade. Essa busca pela realidade fundamental das coisas tomou muitas formas e produziu uma vasta gama de religiões, filosofias e teorias de vida. A despeito da diversidade de crenças, há vários elementos que são comuns a muitas religiões atuais.

Um desses elementos comuns é o ensinamento da existência de um único Ser supremo, perfeito e autoexistente. Porém, um problema que os pensadores religiosos enfrentam, desde tempos imemoráveis, é como conciliar o conceito de uma Deidade totalmente boa e Todo-poderosa com os aparentes sofrimentos e desastres observados na vida diária. Alguns afirmam que, sendo Deus Tudo, Ele deve ser o responsável por todo o mal, tanto quanto é responsável por todo o bem, e que isso explica a existência do ódio, do sofrimento, e da morte. Infelizmente, essa crença não preserva o conceito de Deus como sendo totalmente bom. Outros acreditam que há um poder separado de Deus, chamado Satanás, diabo, ou mal, que se opõe ativamente ao bem. Nesse caso, entretanto, sacrifica-se a idéia de que Deus é Todo-poderoso. Outro ponto de vista é que Deus, mesmo sendo totalmente bom e Todo-poderoso, não se intromete em Sua criação, a ponto de deixar que ela se deteriore e, por fim, se destrua.

O denominador comum a todos esses pontos de vista é a admissão de que as experiências dolorosas da existência humana sejam reais e substanciais. Se forem reais devem, de algum modo, estar conciliadas com a natureza de Deus, ainda que fazer isso comprometa a grandiosidade, a totalidade e a perfeição de Deus.

A Sra. Eddy enfrentou as mesmas dúvidas. Mas, através da revelação e do raciocínio espiritual, foi conduzida a uma conclusão notavelmente diferente. Em vez de partir das aparências, ela raciocinou partindo dos fundamentos dados na Bíblia. Essa declara ser Deus o único Criador. Afirma que Ele é Espírito, Todo-poderoso, eterno, bom, e que Ele criou o homem à Sua própria imagem. Raciocinando a partir dessas premissas, a Sra. Eddy foi levada a concluir que o homem e o universo devem ser espirituais, eternamente bons, expressando a natureza de Seu Criador. Ela compreendeu que, na totalidade de Deus, não há lugar para outro poder, outro criador, outra criação, nem para o estabelecimento da imperfeição, pecado ou mortalidade.

Como, então, se explicam os males que tão obviamente atormentam a humanidade? Em vez de atribuí-los a Deus, a Sra. Eddy, corajosamente, afirmou que esses males não precisam ser aceitos, mas podem e devem ser destruídos pela negação de sua suposta legitimidade e pela compreensão da totalidade e bondade de Deus. Em vez de ceder à tentação de acreditar que o mal tenha uma origem verdadeira, sancionada por Deus, ela se apoiou, fervorosamente, em seu conceito puro de Deus como revela a Bíblia e negou a validade de tudo o que é diferente dEle. Em uma obra intitulada Não e Sim, ela escreveu: “Baseada na teoria que as formações de Deus são espirituais, harmoniosas e eternas, e que Deus é o único criador, a Ciência Cristã refuta a validade do testemunho dos sentidos, os quais tomam conhecimento de seus próprios fenômenos –doença, moléstia e morte”. Que rompimento radical com o modo de pensar tradicional!

Mas, uma ideia nova que não possa ser comprovada é somente uma curiosidade de cunho intelectual, não importa quão atraente ela possa ser. Seguindo o exemplo de Cristo Jesus, a Sra. Eddy demonstrou, através da aplicação no trabalho de cura, a validade das verdades que ela expôs. Se a doença fizesse parte da criação de Deus, se existisse com a permissão dEle ou fosse apoiada por poderes fora de Seu controle, ela não seria passível de tratamento pela oração. Assim, a descoberta da Sra. Eddy, de que a perfeição de Deus exclui toda possibilidade de mal, foi essencial para que ela restabelecesse a cura cristã na era moderna.

Pode ser difícil resistir à tentação de “explicar” o mal, quando ele aparece na experiência de alguém. É raro o estudante de Ciência Cristã que não tenha lutado com o impulso de tentar descobrir a causa de uma doença ou a origem de algum problema na vida pessoal ou nas ocorrências mundiais. Uma vez, Jesus foi interrogado quanto à causa de um problema congênito. Tendo encontrado um cego de nascença, os discípulos perguntaram a opinião do Mestre acerca da origem dessa calamidade. Fora o pecado do homem ou de seus pais, a causa da cegueira? Em vez de levar em consideração essas sugestões, Jesus pôs fim à especulação, declarando: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus”. (João 9:3). E curou o homem.

Precisamos cultivar a mesma vigilância que Jesus expressava. Você nunca se ouviu dizendo: “Sei que Deus é o bem Todo-poderoso, mas…”? Por certo, nenhuma declaração racional pode se seguir, nessa frase, a menos que descartemos primeiro o começo da sentença. Isso é justamente o que não devemos fazer. Nossa única alternativa, então, é descartar a segunda parte. Deus é o Criador único, perfeito, todo-amoroso, sempre-presente. A totalidade de Deus não permite nenhuma legitimidade –nenhuma existência –para o que for diferente dEle. Esse ponto de partida é fundamental para nossa compreensão de Deus e para o êxito de nosso trabalho de cura.

Certamente, as aparentes obras do mal não podem simplesmente ser ignoradas, tanto para o nosso bem-estar quanto para o de qualquer outra pessoa. Precisamos estar alerta para a natureza do pecado e para a forma pela qual o mal parece agir. Quando, porém, começamos nossas orações de um ponto de vista humano, considerando a doença ou a injustiça como algo tangível e real, que precisa ser vencido de algum modo, apelando a uma divindade que o permitiu, invalidamos nossos esforços desde o início. O conceito limitado de onipotência do bem, evidente nesse ponto de vista, não é apoio adequado para a cura espiritual.

Ao contrário, começar com um firme reconhecimento da onipotência e onipresença de Deus, todo-amoroso, e da impossibilidade de que algo diferente dEle possa estar presente ou ter poder, o sanador se arma para vencer o mal. Esse ponto de partida mental não está de acordo com o testemunho dos sentidos, mas é justamente por essa razão que é tão vital para a cura.

O costume geral de raciocinar a partir dos males que aparecem e recorrer a Deus, deixou à humanidade um conceito limitado da Deidade. Muita gente tem, em conseqüência disso, um conceito de Deus que reflete as imperfeições do mundo visível. Por outro lado, raciocinar a partir de Deus, conforme a Ciência Cristã ensina, é a diferença crucial em relação à maneira geral de pensar, na atualidade. Os cristãos precisam, hoje, afastar-se do modo de pensar convencional, se pretendem continuar a obra cristã de vencer o mal através da oração consagrada.

(De O Arauto da Ciência Cristã—agosto 1997)

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