A CIÊNCIA CRISTÃ:
Sua Revelação e Aplicação Humana
JULES CERN
PARTE 2
A descoberta da Ciência Cristã
A esta altura, poderia alguém perguntar: “Mas não será o físico tão real e verdadeiro e não fará parte da criação tanto quanto o espiritual?” Vejamos.
Há muitos anos esta mesma pergunta se deparou a Mary Baker Eddy, antes de haver esta descoberto a Ciência Cristã. A Sra. Eddy fora criada por pais que amavam a Deus, e em seu lar a leitura da Bíblia constituía atividade diária. Contudo, como cada um dos demais, com sua fé convencional em Deus, acreditava também ela, àquele tempo, que a criação fosse uma mistura de bem e mal, de vida e morte, de espiritual e material. Embora tal ponto de vista indefinido não enfraquecesse sua fé em Deus, turvava, como em tantas outras pessoas, a sua compreensão acerca de Deus.
Durante muitos anos de adversidade e moléstias crônicas, a Sra. Eddy experimentou vários tratamentos médicos, sob os cuidados dos melhores facultativos de que se dispunha na época. Além disso, ela orava a Deus diariamente, muitas vezes. Nada, porém, parecia poder livrá-la de seu ordálio. Certo dia, ficou tão gravemente ferida, em conseqüência de uma queda, que os médicos declararam que ela não se salvaria. Após suportar quase três dias de sofrimento cruciante, a Sra. Eddy abriu sua Bíblia no nono capítulo do Evangelho segundo Mateus. Esse capítulo contém o relato da cura de um paralítico, efetuada por Jesus. Ela estava muito bem familiarizada com os pormenores dessa cura. Mas, dessa vez se voltou para o assunto com muita humildade, buscando antes a compreensão da causa divina que a do efeito humano. Já não estava tão interessada no que Jesus fizera, mas na maneira como o fizera.
As algemas mentais das teorias médicas e da teologia estéril foram postas de lado. Seu espírito achava-se bem aberto a tudo o que Deus queria que ela conhecesse. De súbito se lhe iluminou o pensamento com a percepção de Deus como Espírito infinito, onipresente, como a única Vida, incorpórea, imortal—Vida eternamente perfeita. Essa integralidade da Vida, completamente espiritual, foi vista como realmente é: livre de confusão, livre de obstáculos e isenta de antagonismo da matéria ou aparência física. Essa verdade espiritual do ser, simples e ilimitada, inundou-lhe o espírito. Essa iluminação, esta luz divina, significava a eliminação das trevas humanas. A Sra. Eddy foi curada instantaneamente. Quando a harmonia que provém da compreensão de que Deus é Tudo predominou em seu pensamento, prevaleceu também em sua vida.
Essa ocorrência sagrada estabeleceu o curso de sua grande missão. Depois de sua cura, a Sra Eddy retirou-se de todas as atividades sociais, e durante três anos dedicou todo o seu tempo ao estudo da Bíblia, em contemplação e oração diárias. Em Retrospecção e Introspecção, (p. 25) ela o relata dizendo: “A Bíblia foi meu livro de estudo. Respondeu às minhas perguntas acerca do modo como fora curada; porém, as Escrituras tiveram de mim um novo significado, falaram-me uma nova língua. Sua significação espiritual apareceu; e pela primeira vez apanhei em seu sentido espiritual os ensinamentos e as demonstrações de Jesus, bem como o Princípio e a regra da Ciência espiritual e da cura metafísica—numa expressão, a Ciência Cristã. Chamei-a Cristã porque nos move à compaixão, é benéfica e espiritual. A Deus denominei Mente imortal. (…) Ao Espírito chamei de realidade, e à matéria, de irrealidade.”
Portanto, através de sua cura, a Sra Eddy descobriu que a realidade, ou verdade do ser,é inteiramente espiritual e inclui o homem espiritual e o universo espiritual. Essa criação de Deus, absolutamente espiritual, foi vista como a única criação que existe, a qual não inclui matéria nem implica existência de condições físicas—foi vista como sendo Tudo, agora mesmo, aqui mesmo e em toda parte, em lugar de matéria e de corporalidade. De acordo com isso, foi a sra Eddy inspirada a escrever em seu livro Ciência e Saúde (p. 167): “Não é prudente assumir uma atitude vacilante e parar a meio do caminho, ou esperar agir igualmente com o Espírito e a matéria, com a Verdade e com o erro. Há um só caminho—a saber, Deus e Sua ideia—que conduz ao ser espiritual”.Certamente, esta advertência é bem precisa, não deixando lugar para uma posição neutra.
A cura, conseqüência da compreensão
de que Deus é Tudo
Compreensivelmente poderia alguém dizer: “Bem, se a Ciência Cristã revela não existir matéria e corpos físicos na integralidade de Deus, não compreendo como entra na prática da Ciência Cristã a cura da matéria ou de corpos físicos.”A resposta a essa objeção é muito simples.
Lembremo-nos de que tudo o que parece mortal ou físico é apenas uma falsa crença de que Deus, o Espírito, não é infinito, não é TUDO. Tal crença errada não faz parte da realidade espiritual, é uma ilusão mental. Logo, o que parece ser a cura de um mortal ou de um corpo físico, efetuada mediante a revelação divina de que tudo é Espírito e espiritual, é simplesmente a prova de que uma falsa crença cedeu à realidade divina. A Sra Eddy o afirma nitidamente nestas palavras, em Ciência e Saúde (p. 370). “O corpo melhora sob o mesmo regime que espiritualiza o pensamento.”Isso é muito natural. O que parece um corpo físico é apenas um pensamento físico, o pensamento de que existe alguma coisa física, o falso pensamento de que a identidade do homem não é semelhante a Deus, ao Espírito. Conseqüentemente, quando o pensamento está espiritualizado, isto é, imbuído da compreensão real acerca da integralidade e perfeição do Espírito e da identidade espiritual e perfeição do homem, então o pensamento se harmoniza. Porque quando nosso pensamento não corresponde à crença de que exista matéria, também não se deixa perturbar por essa crença. Portanto, quando o pensamento se acha espiritualmente harmonizado, então o que se julgava ser físico está humanamente harmonizado. A isso talvez chamemos de cura do corpo físico, mas, na realidade, é a cura do pensamento que acreditava na existência física.
Assim vemos que a cura e a harmonia acompanham a prática da Ciência Cristã com a mesma naturalidade com que borbulhões e ondas seguem na esteira do navio que avança. Contudo, talvez seja bom compreender-se que para manter o barco em sua rota ou determinar-lhe o curso, o comandante não volta sua atenção para a esteira deixada pelo barco. Se tiver muito combustível apropriado, evitar vazamento e aderir à ciência da navegação,seguirá firmemente sua rota, e seu avanço será certo. A esteira deixada, de ondas e borbulhões, é conseqüência natural do avanço do barco. Não obstante, os borbulhões e ondas não são a meta do barco em movimento. São apenas repercussões ou efeitos inseparáveis de sua marcha. Só não deixa esteira o navio que fica parado.
De igual modo o Cientista Cristão vigilante, para manter seu pensamento na direção errada ou determinar-lhe o progresso, não presta atenção às condições da matéria e do corpo físico. Quando seu pensamento está abastecido de conceitos certos acerca de Deus e do homem, ele evita todo vazamento que os pensamentos de natureza não-divina põem produzir. Adere aos preceitos de navegação divina, e então sua marcha é segura e seu progresso é certo. Quando o pensamento progride, seguindo a compreensão acerca da inteireza e perfeição do espírito infinito, e acerca da perfeita identidade espiritual do homem, a conseqüência natural é deixar atrás de si uma esteira de curas e de harmonia. Mas o pensamento que anda sempre em busca de cura, em vez de buscar a compreensão espiritual que efetua a cura, poderá verificar que é como o navio que se encontra parado. O pensamento que se acha parado, que permanece indiferente em relação à integralidade do Espírito e a crença na matéria, retarda o surgimento da esteira de curas e de harmonia. Com efeito, a cura e harmonização do que parece matéria e corpo físico não constituem a meta da Ciência Cristã. São apenas efeitos inseparáveis dessa ciência. Não obstante, sua aplicação é mui normal.
Continua…