“O MUNDO
NÃO TE CONHECEU”
Dárcio
Parte 1
A palavra “realidade”, quando integrante do vocabulário espiritual, tem um sentido completamente diferente daquele aceito pelo mundo. Um compositor, por exemplo, pode ser visto a declarar: “Antes que minhas composições sejam trazidas para a realidade, eu as ouço mentalmente, por intuição”. O mesmo se dá com um escultor, que considera sua obra de arte pronta somente após exibi-la aos olhos do mundo, com a mesma fisicamente acessível e à vista de todos. Assim, o mundo da “realidade” é encarado como este mundo visível, enquanto a origem invisível desta “realidade tangível” é praticamente desconsiderada, sendo citada apenas vagamente com palavras abstratas tais como: “intuição”, “inspiração”, “imaginação”, etc.
Esta visão que dá por real o que se torna perceptível à suposta mente humana inclui também as obras espirituais. A Bíblia relata enorme variedade de obras “reais”, aos olhos do mundo, que foram rotuladas de “milagres” justamente por não fazerem parte do normal ou esperado, segundo os padrões de sua lógica. Entretanto, mesmo reconhecendo a presença destes milagres, a maioria rapidamente deixava aquilo de lado, sem levar o assunto muito a sério. Isto é o que parece estar ocorrendo até os dias de hoje. Porém, em todas as épocas, sempre houve aqueles que não encararam os “milagres” meramente como “fatos inexplicáveis” ou como uma curiosidade a mais. A palavra “fé” passou a ser empregada para expressar o seu sentimento. As Escrituras sagradas sempre deram garantia ao homem de que os “milagres” ocorreriam com toda a certeza, na “realidade”, caso as pessoas tivessem fé. Para provar isso, as coisas mais valorizadas pelo mundo eram citadas como possíveis de serem obtidas através da “fé inabalável”: prosperidade, saúde, bons relacionamentos, etc. Não obstante isto de fato ocorresse, a intenção verdadeira dessas promessas não veio a se cumprir. Qual era esta intenção? Revelar à humanidade que esta “realidade”, perceptível aos sentidos humanos, não é a Realidade! Diante das promessas das Escrituras, o mundo se dividiu: parte permaneceu incrédula, parte acreditou e passou a perseguir ansiosamente os “benefícios visíveis”, alimentando esta fé e confiança no que foi prometido. Conclusão: ambas as facções permaneceram no âmbito ilusório deste mundo de “aparências”, sem discernimento algum da Realidade divina subjacente. As pessoas incrédulas são “cegas” para a Verdade; as pessoas do mundo, imbuídas da fé que somente objetiva benefícios temporais, são “cegas” do mesmo jeito! Seria então errado desejar as boas coisas da vida? Esta questão é logo levantada por elas, quando um princípio que visa a “abrir-lhes” a Visão espiritual é exposto! Este texto não se destina às pessoas “deste mundo”: nem às incrédulas nem às que buscam benefícios temporais através da fé. O texto é dirigido àqueles desejosos de despertar para a Verdade de que “o reino não é deste mundo”. Cristo disse “Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci; e estes conheceram que tu me enviaste a mim” (João 17: 25).