Joel S. Goldsmith
Reconheça a Presença interna
Concordando com a necessidade de transformação de consciência, para tornar o ANO NOVO melhor em todos os sentidos, cabe-nos determinar: “Qual deve ser esse novo estado de consciência?”.
Nossos estudantes sabem que uma consciência imbuída da Verdade sempre expressará condições harmoniosas em sua vida. Sabem que nossa vida é um reflexo do grau de Verdade imbuída em nossa consciência, isto é, a qualidade da Verdade com que nossa consciência está construída.
Se bem que seja verdade que Deus constitui a nossa consciência e, portanto já possuamos a plena, completa e perfeita consciência espiritual, devemos compreender que essa perfeição é potencial, disponível, demonstrável. Cabe a cada um de nós revelar aos poucos essa perfeição, por um trabalho individual na Verdade; pelo empenho em nossos deveres, até que a Presença seja realizada em plenitude, à nossa consciência.
Sem um contínuo reconhecimento desta Presença Interna, ficamos hipnotizados pela consciência de massa e sujeitos a ela. Ficamos sob a lei de acidente: se coincidir de ser um novo ano progressista, de boa saúde, talvez partilhemos disso. Mas se acontecer um ano economicamente depressivo, de epidemia, também disso partilharemos.
O modo de evitar fazer parte da consciência de massa — esse viver robotizado, movido pelas crenças mundanas — é começar e terminar nosso dia em estado de oração. É manter-nos vigilantes na consciência de nossa real identidade, como filhos de Deus, vivendo uma própria vida e não a vida dos outros, assim como não buscamos que os outros vivam nossa vida. Deus é que deve viver em ou como nós.
“Deus, no meio de mim, é poderoso”. Há uma Presença divina que vai diante de mim “para endireitar os caminhos tortuosos” (Is.45:2). Há um Poder e uma Presença espirituais dentro de mim, que é a lei de ressurreição sobre toda a experiência humana; sobre os meus negócios e meu corpo; sobre minha profissão e minha saúde. Há uma influência espiritual que restaura até mesmo “os anos perdidos do gafanhoto”.
Devemos aprender a conscientizar a Presença divina em nós, muitas vezes ao dia, até que se torne uma constante. É isto que nos sobreleva a consciência da massa e nos capacita a viver sob a orientação de Deus, pela Graça. A Lei, a substância, o poder de Deus nos suprem, quando O reconhecemos em todos os nossos caminhos e conservamos nossas mentes focadas nEle. Só isto nos separa da influência da massa e salva-nos da experiência coletiva, capacitando-nos a ser uma Lei em nós mesmos.
Portanto, Sede Vós Perfeitos
Vimos a ser uma Lei sobre nós mesmos a partir do momento em que conscientizamos Deus em nosso intimo e aceitamos que Ele nos dirija; do momento em que reconhecemos nosso relacionamento como Filhos e Herdeiros dEle, em usufruto de todas as riquezas celestiais. Só pela consciente e compreensiva aceitação desta Verdade é que nos colocamos sob a Lei de Deus. Estamos sob às leis da humanidade, sob a Lei do Karma, sob a Lei de Causa e Efeito. Todas as leis que operam sobre a consciência humana, produzem seus efeitos sobre nós, individualmente, enquanto não atingirmos a realização espiritual e não demonstrarmos a plenitude da harmonia pela Graça.
O mandamento é: “Portanto, sede vós perfeitos como é perfeito a vosso Pai celestial”. Elevando-nos gradualmente à perfeição é que nos separamos das leis e crenças que governam o mundo. Não há meio de um ser humano chegar a ser perfeito enquanto não reconhecer a perfeição potencial de Deus em seu íntimo, como possibilidade de alçar-se de “gloria em glória”, sob a orientação divina, sob Seu Reino e Sua Lei. Só podemos ser perfeitos pela realização da perfeição divina que já está em nós. Este reconhecimento é importante para estímulo e esforço consciente de superação da influencia de massa.
Como dissemos, esta perfeição não se ganha num instante. Devemos começar no ponto em que nós estamos, sem reclamar essa perfeição a nós mesmos, mas “esquecendo-nos das coisas que ficam para trás” e conscientizando que “Eu e o meu Pai somos Um”. Esta unidade governa nossa vida com harmonia. É uma benção, mesmo na pequena medida inicial de nossa capacidade. Ninguém, neste momento, está exprimindo a plenitude de Deus. Mas podemos regozijar-nos se, em alguma medida, já podemos demonstrar a capacidade de separar-no da consciência de massa; se, em alguma proporção podemos apartar-nos dos erros, doenças e limitações a que estaríamos sujeitos num viver comum.
Não caiamos no mesmo erro de alguns estudantes metafísicos que desanimaram e desistiram do esforço, por não haverem demonstrado harmonia e liberdade interior completas. Ao contrário, alegremo-nos a cada pequeno avanço neste sentido, em nossa experiência, pois é prova de que estamos nos aproximando da mais alta realização, que será seguramente alcançada, se persistirmos neste caminho.
De nada nos vale saber, ler, pensar, que a sintonia com o Divino interno é benéfico. É preciso praticar! É indispensável buscar essa sintonia, para conquistá-la aos poucos. Se não a buscamos, quando a realizaremos?
Nossa vida, neste ano, pode ficar sob a orientação e governo amorosos de Deus, na medida em que aceitarmos e praticarmos esta verdade e nela persistirmos. Não há meio de a Lei ou a Verdade espiritual tocar-nos com a Graça, se não as aceitamos e não as buscamos conscientemente. Depende só de nós: é algo intransferível; ninguém pode fazer por nós, por mais que nos ame e por mais estreitos que sejam os laços que nos unam.
Lembremos: mesmo depois de três anos de intimo convívio com o Mestre, Judas O traiu; os demais discípulos (com exceção de João) O abandonaram, quando Ele mais precisava deles. Isso mostra do quão convictos devemos estar da Verdade, para abraçá-la e demonstrá-la em todas as circunstâncias.