Marie S. Watts
PARTE UM
Percebamos o fato de que o único cumprimento de Objetivo deve ser, necessariamente, o Todo Universal Se manter como Perfeição absoluta, constantemente e por toda a eternidade. Percebamos, também, de que forma este Objetivo é cumprido em e como nossas atividades do dia-a-dia. Percebamos como esta Verdade é evidenciada, não apenas em nossos afazeres diários, mas também como o nosso Corpo. Percebamos como a Vida, a Mente, a Consciência, o Amor, são evidenciados exatamente aqui e agora em e como cada faceta de nossa experiência. Exatamente aqui, precisamos conscientizar a inseparabilidade do Amor inteligente, consciente e vivo, que é Deus; e esta conscientização deverá permanecer durante toda a nossa contemplação.
Principiemos com a Vida: vejamos de que maneira nós parecemos limitar a Vida em Si. Como sabemos, a Vida é Atividade. Assim, qualquer ilusão que aparente limitar a Vida parece manifestar-se como uma limitação de nossa atividade. Esta farsa se apresenta sob várias formas. O que predominantemente é considerado como manifestação da Vida é o Corpo. Portanto, consideremos, primeiramente, a Vida e seu objetivo do ponto de vista do Corpo.
Se a Vida aparenta estar crescentemente limitada, o Corpo também aparenta se tornar mais limitado em sua atividade. (Naturalmente, isso é inteiramente ilusório.) Todavia, este quadro falso aparece como um corpo que é mais limitado em sua força, liberdade e atividade que não requeira esforço.
Uma das mais trágicas de todas as ilusões é a conhecida como “velhice”. Oh, isto é uma farsa! Se não tivéssemos este discernimento, por certo nos entristeceríamos ante estes quadros completamente falsos de envelhecimento que aparentemente vemos. Sempre ouvimos alguém a dizer: “Ah, antes eu podia fazer essas coisas, mas já não posso mais realizá-las!” Exatamente aqui está o falso quadro da Vida. Ele representa equivocadamente a Vida ilimitada, mostrando-a limitada em sua livre atividade, imutável, eterna. Ele supõe que a Vida esteja em mutação, perdendo sua força, sua liberdade, seu propósito de existir.
Ás vezes ouvimos alguém afirmar: “Eu não consigo me lembrar de mais nada, agora que estou velho”. Ora, isto certamente é uma falsidade sobre a Mente imutável eterna. Poderíamos citar infinitos exemplos de relatos ilusórios desse tipo. Porém, sigamos além dessas declarações falsas e passemos a perceber o motivo pelo qual estas aparências — que não são genuínas — continuam aparentando ser tão reais ou tão predominantes
Toda fantasia chamada de “velhice” tem origem na ilusão de que a Vida, a Mente, a Consciência, o Amor, tiveram começo. Supostamente eles passaram a existir; e, supostamente, deixarão de existir. Neste intervalo, supostamente eles amadurecem, enfraquecem, se deterioram para, finalmente, desaparecerem. Este quadro, por certo, não é algo cuja consideração nos dê qualquer alegria. Se ele fosse verdadeiro, não haveria muito sentido em estarmos vivos; e, certamente, não existiria alegria alguma em vivermos. Se realmente acreditarmos que a Vida, a Mente, a Consciência, o Amor, nasceram — tiveram começo –, esse conceito equivocado e falso simplesmente terá de desaparecer na Presença do Amor inteligente, consciente, vivo e eterno. Contudo, até que seu completo “nada” seja percebido, este senso ilusório de vida continuará aparentando ser verdadeiro.
Se o Amor inteligente, consciente e vivo penetrasse num corpo, certamente iria amadurecer e envelhecer no corpo, e também um dia iria se extinguir fora do corpo. Mas o fato é que o Amor inteligente, consciente e vivo constitui eternamente Sua própria Substância, Sua própria Atividade, e Sua própria Corporificação. Como poderia , então, penetrar num Corpo, amadurecer, envelhecer no Corpo — ou como o Corpo –, e morrer fora do Corpo? ISTO É TOTALMENTE IMPOSSÍVEL. A Vida não pode morrer fora de Si mesma. A Consciência não pode se tornar inconsciente de Si mesma. A Mente não pode se separar de Si mesma. Nem pode o Amor desertar de Si mesmo.
Conseqüentemente, pode-se notar que tudo se deve a um errôneo conceito quanto ao que constitui o Corpo; e isso explica o motivo pelo qual ele aparenta envelhecer e morrer. Naturalmente, por trás desse conceito equivocado, há a ilusão de que existe uma pequenina vida pessoal, capaz de fazer, saber, possuir ou ser algo de si mesma. Ah, eis o ponto crucial de toda a ilusão! NÃO HÁ PESSOA ALGUMA SEPARADA, CAPAZ DE FAZER ALGO, SABER ALGO, POSSUIR ALGO, OU SER ALGO DE SI MESMA. Uma vez percebido esse fato clara e completamente, todas as demais falácias referentes a uma mente ou identidade inexistentes, são eliminadas completamente. Nada eram e nada permanecerão sendo.
Nesse ponto, é importante perceber o fato de que VOCÊ nunca é uma ilusão. Nem tampouco é uma mente iludida. Uma ilusão é simplesmente uma ilusão e nada mais. A única forma de uma invenção ilusória poder existir é no caso de ela ser aceita, acreditada ou imaginada como genuína. A ilusão realmente jamais ilude VOCÊ. É impossível que a Mente consciente perfeita, que você é, seja o tipo de mente que possa ser iludida. A Mente consciente perfeita, que você é, é a própria Mente que é Deus. E Deus nunca está iludido.
Uma ilusão — nulidade — ilude somente a si mesma. Em nada ela se relaciona com a Identidade que você é. VOCÊ SABE QUE UMA ILUSÃO É PURO NADA. VERDADEIRAMENTE, VOCÊ NÃO TEM CONSCIÊNCIA ALGUMA DE UMA ILUSÃO OU DE ALGUMA DE SUAS PRETENSÕES ILUSÓRIAS. Numa das preces do Ultimato, consta o seguinte: “Como poderia saber algo que Deus desconhece, quando Deus é tudo que sabe?” Sim, é impossível, para a Mente que você é, saber alguma coisa que seja desconhecida para, ou como, a Mente que é Deus. Portanto, você não tem sequer um conhecimento de uma ilusão, nem de qualquer de suas alegações ilusórias. No decorrer de toda a nossa discussão sobre uma ilusão, por favor, esteja ciente do fato de que a Mente que você é, é completamente desconhecedora de uma ilusão; e de que esta Mente nunca está iludida.
Você não está vivo como uma pequenina vida temporária ilusória. Você não é uma identidade separada, ou uma mente consciente viva separada. Jamais você entrou num corpo temporário; tampouco chegou a viver em, ou como, um corpo temporário. Não existe tal coisa como Alma e Corpo. Alma e Consciência são a mesma Essência. A Alma é o Corpo, e o Corpo é a Alma. Você não habita um corpo. Antes, a Mente consciente viva que você é, constitui o ÚNICO Corpo que você conhece, ou que sabe constituir o seu Ser. Se você pudesse ter entrado num corpo, poderia também ter vivido muitos anos num corpo — tê-lo habitado –, e, por fim, iria ter de abandonar um corpo. É exatamente aqui que se encontra a fantasia chamada “tempo” surgindo no quadro ilusório. Todos os enganosos quadros de idade, deterioração, nascimento, morte, estão basesados nesta mentira fundamental, ou seja, que existe a coisa denominada “tempo”.
Continua…>