Dárcio
Um dicionário assim define “inimigo”: adverso, contrário, hostil! O princípio das artes marciais é o da Unidade, ou seja, se “o inimigo” for compreendido como “extensão” do nosso próprio ser, ele não nos conseguirá atingir! Seria como se a mão direita se defendesse de um soco dado pela mão esquerda!
O mundo moderno vive escravizado pelo medo! Vê “inimigos” por toda parte! Porém, se for entendido espiritualmente o sentido de “amai, pois, a vossos inimigos”, a crença em “inimigos” será desfeita: e, sem “inimigos”, não teremos a quem temer!
“Mas a vós, que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos aborrecem, bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e, ao que te houver tirado a capa, nem a túnica recuses. E dá a qualquer que te pedir, e, ao tomar o que é teu, não lho tornes a pedir. E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira fazei-lhes vós também. E, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? Também os pecadores amam aos que os amam. E, se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que recompensa tereis? Também os pecadores fazem o mesmo. E, se emprestardes àqueles de quem esperais tornar a receber, que recompensa tereis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para tornarem a receber outro tanto. Amais, pois, a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e, sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus.”
LUCAS 6; 27,35.
Jesus está, aqui, abolindo o “julgamento pelas aparências”. Não nos incita a ser “bondosos seres humanos”, praticando “caridade”. Fala de algo bem maior: da abertura de nossa visão espiritual, a visão capaz de discernir a presença de Deus em todas as pessoas! Somente assim, todas elas serão verdadeiramente discernidas como “extensão” de nossa própria vida!
Precisamos nos acostumar com esta condição de “Filhos do Altíssimo”, pois somos co-herdeiros de todas as riquezas celestiais. Jesus, neste trecho, ensina-nos, também, a contar somente com a Fonte interna de suprimento. “Porque ele (Deus) é benigno até para com os ingratos e maus”. Por sermos Filhos do Altíssimo, “tudo que é do Pai nos pertence”, e isto deve ser reconhecido em oração.
As demais pessoas não “pertencem também ao Pai”?Então, todos nos pertencemos uns aos outros, em Unidade eterna. Esta compreensão gera o entendimento que é Amor! Com este Amor, o que Jesus recomenda que façamos, será naturalmente feito! E, será feito também com sabedoria! Amaremos a todos como “partes” de nosso próprio ser e como “partes” de Deus!
Isto deveremos praticar: sem nos apegarmos ao “dar, emprestar ou receber” do mundo visível, mas em constante comunhão com o Pai, reconheceremos estar desfrutando da plenitude da Graça espiritual onipresente; o mundo visível, como reflexo, se nos ajustará também em harmonia.