DÁRCIO
O enfoque radical, que descarta ou desconsidera por completo a chamada mente humana e seus “poderes”, para admitir unicamente a “mente de Cristo”, corresponde a se abandonar os odres velhos para nos novos se entornar o Vinho (Revelação). O discernimento espiritual revela a UNIDADE, isto é, o Vinho (Revelação) e Odre (Consciência crística) já são UM, e assim, “juntos se conservarão”.
A sua Consciência é a Verdade; a Verdade é a sua Consciência. Portanto, o abandono natural da “mente humana”, e seus conceitos de bem e de mal, permite que haja a percepção do que realmente É, ou seja, a PERCEPÇÃO da Perfeição Absoluta Onipresente.
“E ninguém, tendo bebido o velho, quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho”. (Lucas 5; 39) Quando afirmamos que a mente humana não existe, que é uma ilusão, as pessoas dizem: “Então não existe nada? Você acha que não devemos usar a inteligência que Deus nos deu?” Para elas, a mente humana corresponde ao seu próprio ser, e chegam a acreditar que, sem ela, sequer teriam noção de existir. Desse modo, tentam preservar o conceito de existência que julgam possuir, repelindo o “vinho novo”. Aqui está sendo revelada, primeiramente, a inexistência do “odre velho” O “Odre” existe, e Se constitui do próprio Vinho. Se a pessoa admitir a ausência de “mente humana”, perceberá a Revelação da Consciência iluminada como já sendo a Sua Consciência atual e única.
Todos os acontecimentos registrados pela “mente humana” são fictícios. Esta é a Verdade Absoluta! Naturalmente, se a “mente humana” é inexistente, como poderiam ser reais os “acontecimentos” supostamente mostrados por ela? A “contemplação” desta Verdade mostra a nulidade de todos os chamados problemas desta aparência de mundo. As cenas contendo nascimento de pessoas, o seu desenvolvimento mediante boas e más experiências, e que culminam em morte, são todas INEXISTÊNCIAS. Em outras palavras, este suposto “mundo material” é NADA! A Consciência divina é a Liberdade em Si. Ao percebermos a inexistência da mente humana e seus conceitos mutáveis, teremos discernido a nossa legítima Consciência, iluminada ou crística, que é sempre livre e isenta de problemas.
A Consciência é Harmonia constante e eterna; a “mente humana”, por inexistir, não pode emitir conceituação legítima a respeito do que possa ser harmonia ou ordem.Os padrões de ética e moral são válidos para os que crêem na existência da mente humana. Eles nada mais são do que uma ilusão, que regulamenta e organiza o sonho da inexistência. Quando alguém percebe que sua Consciência já é iluminada, a Harmonia que já é, aparece aos olhos do mundo naturalmente, e nunca ocorrerá de ser algo meramente aparente ou de fachada, no sentido de camuflar os verdadeiros sentimentos íntimos das pessoas. Exemplificando, o mundo aparente pode mostrar uma sociedade, ou um casamento, que aos olhos do mundo se revele como harmônico ou bem-sucedido. No entanto, se tal harmonia for apenas uma farsa, a percepção da Consciência divina como sendo a Harmonia legítima que rege o TODO fará com que as coisas visivelmente mudem de rumo, indo em direção à representação que de fato corresponda à Realidade. O visível continuará sendo uma “aparência”, só que livre de pressões e artimanhas da “mente humana”. Assim, quem estuda a Verdade não deve se prender às mudanças visíveis, após ter reconhecido a Presença única de Deus como a sua Consciência. A antiga “harmonia humana” é o “vinho velho”, e, se aquele que o tiver bebido disser: “Melhor é o velho”, como poderá provar e desfrutar do novo?
A Consciência única revela a Harmonia geral, e esta inclui necessariamente a individual. Sejam quais forem as alterações visíveis, todas elas são inexistências, sonhos ou aparências; e, que rumo elas parecerão tomar ? Para a visão do mundo, “o que é tortuoso se endireitará e os caminhos escabrosos se aplanarão” (Lucas 3; 5).