MARTA E MARIA

Dárcio
E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou em uma aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa. E tinha esta uma irmã, chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Marta, porém, andava distraída em muitos serviços e, aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe, pois, que me ajude. E, respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.
Lucas 10; 38-42
Olhando uma cidade do alto de um edifício, vemos o retrato do que é a humanidade em seu dia-a-dia de atividades. Um cenário de correria, agitação e preocupações várias! Todos têm pressa! Todos acham que o que têm a fazer é muito importante! E atribuem àquela correria desmedida o sentido da vida! Mas não é bem assim!
A vida, de fato, é mesmo atividade. Porém, uma atividade global, e harmoniosa, que se desdobra incessantemente como a atividade natural de cada um. Jamais pode ser confundida com essa atividade tumultuada e estressante a que, infelizmente, se submete a maioria. Por que a confusão e a correria tomam conta de todo mundo? Porque a maioria está “distraída em muitos serviços”, vivendo na ilusória “mentalidade de Marta”. E, quem assim vive, faz questão de arrastar os demais para a mesma forma de pensar, a exemplo de Marta, que pediu a Jesus que intercedesse junto a Maria para que ela a ajudasse.
O mundo está lotado de “Martas”, que aparecem como patrões, exigindo serviços não imprescindíveis de seus subalternos; como funcionários, que vivem insatisfeitos por não poderem realizar suas vaidades supérfluas com os ganhos atuais, como familiares, que inventam viagens desnecessárias somente por olharem um feriado se aproximando; como anunciantes na mídia, que despertam interesse geral pela compra de coisas inúteis; como novelas, futebol, e centenas de outras distrações, que escravizam a mente de seu público, etc. Onde está o erro? Na falta de “Marias”. Na falta de interesse e dedicação, por parte da maioria, para se pôr “aos pés do Mestre”!
A vida verdadeira é a Vida de Deus sendo tudo e sendo todos! “Ficar aos pés do Mestre” é meditar e ouvir a Voz do Cristo de nosso próprio ser! Esta Voz não nos deixará inativos! Apenas nos deixará sintônicos com a Ação de Deus! Não mais agiremos movidos pelo “hipnotismo coletivo”, mas sim, em unidade com Deus. Esta ação, que é espiritual, também se estenderá à vida cotidiana; e, por ser um reflexo visível da ação verdadeira invisível, esta se traduzirá adequadamente como atividades realmente necessárias, proveitosas e úteis a todos.
“Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.” Esta “boa parte”, escolhida por Maria, e que “não lhe será tirada”, é o conhecimento da Verdade!
Você não é “deste mundo”. Não é um ser humano em atividades mil das aparências! Acalme-se! Despreocupe-se! Sua atividade real, atual e única é espiritual e de natureza divina! “Ser Maria” significa “ficar aos pés do Mestre”, sua própria Consciência iluminada, para discernir sua unidade com Deus e a Ação do Pai aparecendo como a sua ação harmoniosa individual! É dentro dessa visão que tudo em sua vida se amolda à Verdade, e ela se desdobra como vida abundante e plena de bem-aventuranças “por acréscimo”.

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