"Não te esqueças de Mim"

“Não te esqueças de Mim”

Gustavo

Parte 1

Deus é tudo! Mas como a humanidade caiu em pecado? Se tudo o que existe é autoexpressão de Deus, como pôde a humanidade cair dentro de uma percepção de ‘separatividade de Deus’? Como pôde a humanidade iludir-se e cair em “pecado”?

Deus é UM; essa Unidade aparece como sendo muitos, ou seja: o Deus Universal aparece como a vida individual de cada um dos seres existentes. No entanto, “no momento” em que Deus Universal individualiza-se, Ele sussurra suavemente à cada uma de Suas consciências individuais:

“Eu sou UM, mas estou me individualizando. Apesar disso, não acredite na infinidade e na diversidade de coisas que aparecerão”daqui pra frente”. Aqui tudo sou EU. Eu apenas escolhi me desconcentrar, apenas escolhi me descentralizar, mas não vá perder de vista a visão de “Quem sou eu”, nem perca de vista a visão de “quem você é”. Não acredite na diversidade de aparências que irão surgir a partir de agora, pois ‘em si mesmas’ elas nada são. Se acreditares nisso, tu te esquecerás de Mim. Apesar de eu estar me descentralizando, não há nada para se conhecer verdadeiramente, pois Eu continuo sendo tudo aqui – inclusive você. Não coma do “fruto da árvore do conhecimento”.

Essa é a advertência que Deus dá a cada uma de Suas consciências individuais, quando são manifestadas e passam a existir. Deus é o Oceano. Toda consciência individual existente nasce do Grande Oceano — são ondas ondulando na superfície do Grande Oceano. No exato momento e no exato ponto em que o oceano começa a assumir a forma de onda, ele sussurra aos ouvidos de cada uma delas: “Não se esqueça do lugar em que você se encontra; você está em Mim. Eu estou aqui. E isto é tudo o que há para se conhecer, não comam da fruta da árvore do conhecimento, ou você me esquecerá”. Mas, por curiosidade e até mesmo por inocência, muitas ondas experimentam comer da fruta da árvore do conhecimento, só para ver o  que acontece — apenas para saber o que ela é, o que ela faz. Nisso, essas ondas esquecem-se da sua ligação com o Grande Oceano e começam a enxergarem a si como se possuíssem uma existência em si mesmas, independente do Grande Oceano no qual elas se encontram. Essa é a história do homem. Foi assim que “surgiu” este mundo ilusório com o qual muitas das ondas individualizadas estão sonhando.

Quando a alma individual nasce, ela nada sabe — ela acabou de nascer. Deus se dividiu em muitos e, numa dessas divisões, assumiu a forma de alma individual. O Universo é todo feito/constituído de Deus — e Deus sabe disso. Mas a alma, por ter acabado de nascer, por ter ela nascido sem nada saber, tem o potencial de acreditar no universo desdobrado de Deus, vendo tudo de forma separada, e também tem o potencial de permanecer na mesma visão que Deus conserva de seu Universo: a de que, embora no Universo desdobrado tudo pareça estar separado, ele é, em verdade, Deus. Por isso, no exato momento quando a alma nasce, Deus a adverte: “não coma do fruto da árvore do conhecimento”. Mas ela é livre para acreditar nas infinidades de aparências que se formaram, se ela quiser. A alma nasceu num momento em que o Universo de Deus já estava desdobrado. Antes disso, ela não existia para ver que “somente o Grande Oceano estava lá”. E é por isso que, ao nascer, há a possibilidade de ela acreditar no universo desdobrado como algo separado de Deus, sem relacionar esse universo desdobrado a Deus. Ao nascer, a alma precisa de uma advertência, precisa ser avisada de que o Universo que ela está vendo não é aquilo que aparenta ser. Mas Deus, o Grande Oceano, concede à alma individual essa advertência, dizendo: “cuidado! não coma do fruto da árvore do conhecimento”. De qualquer forma, qualquer que seja a escolha que a alma faça, isso faz parte do plano de Deus. Deus já havia colocado isso em seus planos no momento em que decidiu se desdobrar. Ele soube desde o início que as almas nascidas poderiam confundí-Lo com as diversas formas que Ele passaria a assumir.

Portanto, qualquer que seja a escolha da alma, não há problema algum. Se uma alma, por curiosidade, escolheu comer do fruto da árvore do conhecimento, isso já fazia parte dos planos que o Grande Oceano tinha quando resolveu se individualizar. Da mesma forma, as almas que optaram por seguir o conselho dado pelo suave sussurro do Grande Oceano, também tomaram parte no plano de Deus. Era plano de Deus que cada alma individual tivesse o livre arbítrio para seguir o caminho que escolhesse. Em Seu plano havia dois caminhos: optar por seguir o caminho Absoluto (não comer do fruto) ou acreditar na infinidade e diversidade de aparências que “surgiram” no momento em que Deus se individualizou/se relativizou (comer do fruto). Aqueles que escolheram não comer do fruto, hoje estão vivendo suas vidas em “algum lugar” em Deus (desconhecido por nós). Aqueles que preferiram comer, ainda estão em Deus, mas estão esquecidos dEle, porque passaram a acreditar nas inúmeras formas do Universo desdobrado de Deus, como se elas existissem em si mesmas (separadas de Deus). Quando o homem crê que o universo desdobrado/descentralizado é uma criação separada de Deus, como se possuísse existência em si mesmo, o homem se retira do referencial ABSOLUTO e se coloca num referencial que é imensamente, infinitamente, totalmente relativo. O ABSOLUTO e o relativo não podem coexistir simultaneamente. Um existe sozinho, conhece apenas a si mesmo, expressa apenas a si mesmo — está sempre em um estado de autocontemplação. O outro está imerso num mar de infinitas relatividades, onde tudo — qualquer coisa — pode parecer ser a verdade, dependendo do modo como é olhado/visto. O mundo relativo é um mundo de infinita perdição. Apenas o ABSOLUTO é a verdade, apenas o ABSOLUTO é a existência verdadeira. Quando se está em um, a alma precisa esquecer-se do outro, e vice-versa. A existência relativa não conhece a existência absoluta, e a existência absoluta não conhece a existência relativa — Deus se dividiu, se diversificou, se relativizou, mas NUNCA se iludiu com sua “criação”, nunca deixou de saber que tudo era Ele, nunca perdeu a noção de quem Ele era, — eis a diferença. E conhecer a Verdade liberta.

A liberdade em Deus é tão grande que, no momento em que Ele – o Grande Oceano – individualiza-se na forma de uma infinidade ondas (mas sem jamais deixar de ser o Grande Oceano), tudo é tornado possível: de forma que muitas optam por não comer do fruto da árvore do conhecimento, enquanto outras, por curiosidade, escolhem experimentá-la. Em Deus não há nada para ser conhecido. Eis porque se você comer do “fruto da árvore do conhecimento”, você é “expulso do paraíso”. A visão do referencial divino faz com que Deus seja o conhecedor, o objeto conhecido e o próprio processo de (auto)conhecimento — Deus é tudo! Nada resta para ser conhecido em Deus; nada há para se acontecer. Tudo já está feito! As obras de Deus são permanentes, eternas, imutáveis — o Reino de Deus já foi preparado e concluído desde o princípio de todos os tempos. Agora que você já conhece essa história, mude o seu referencial. Tome essa resolução. Tudo o que é relativo nunca é verdadeiro, apenas aparenta ser. A Verdade, por ser absoluta, conhece a verdadeira liberdade — Ela é livre e liberta os que A conhecem. Como poderia a Verdade ser Verdade, se não for, em si mesma, absoluta, livre, autônoma, independente? Não há como. A Verdade, por natureza, é absoluta, tem de ser! A verdadeira liberdade existe na realidade única do Absoluto. E o Absoluto é Essência, é Amor, é Alma, é Espírito, é Vida, é Deus, é Tudo o que existe. Um olhar atento revela que o Oceano, o Grande Oceano, é tudo o que realmente existe. Só existe Deus.

Continua…>

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